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Salvador de Mello critica Serviço Nacional de Saúde “ao sabor dos ventos políticos e das mudanças de governo”

Presidente da José de Mello Saúde e do Health Cluster Portugal criticou medidas da nova Lei de Bases da Saúde e encerrou conferência em que “faltou” Marta Temido com apelo para que haja um Acordo Nacional de Saúde em Portugal.
12 Novembro 2019, 17h43

O presidente da José de Mello Saúde, Salvador de Mello, disse nesta terça-feira, na sessão de encerramento da conferência “Saúde: A Prioridade da Legislatura”, realizado na Universidade Nova de Lisboa, que “é prioritário termos um Serviço Nacional de Saúde com um propósito, uma estratégia definida a médio e longo prazo, que não resulte de decisões conjunturais, navegando sem bússola, ao sabor dos ventos políticos e das mudanças de governo”. Falando na qualidade de presidente do Health Cluster de Portugal, o gestor considerou “urgente” e “prioritário” um Acordo Nacional para a Saúde em Portugal “que tenha a capacidade de olhar para o sistema de saúde como um todo, com valor económico e social, e que consiga aproveitar e gerir com eficácia toda a capacidade instalada e todos os recursos disponíveis”, quer estejam no setor público, no setor privado ou no setor social.

Criticando a nova Lei de Bases da Saúde, nomeadamente medidas como a “morte anunciada das parcerias público-privadas” e a “redução do recurso à iniciativa provada e ao setor social na prestação de cuidados”, Salvador de Mello defendeu que Portugal está no momento certo para reforçar o investimento na saúde e para uma “aposta decisiva” na capacidade de gestão e de administração das unidades de saúde. “Todos somos poucos para assegurar uma saúde de qualidade aos portugueses. É por isso preocupante que se perca tanto tempo a discutir questões ideológicas quando está claro que ninguém deve ficar afastado deste esforço comum de colocar as pessoas no centro dos cuidados de saúde, sem preconceitos políticos ou ideológicos”, afirmou.

Uma aposta que vá para lá da presente legislatura na melhoria do acesso da população a cuidados de saúde implica, no entender do presidente da José de Mello Saúde, a “transição de uma saúde que está hoje focada no diagnóstico e no tratamento casuístico” para outra saúde virada para a prevenção e na co-responsabilização do cidadão, sendo tais “elementos indispensáveis numa sociedade envelhecida, cada vez mais sedentária e em que a doença crónica está presente”. Nesse sentido, defendeu que em vez de se avaliar os cuidados de saúde pelo número de cirurgias e consultas realizados é preciso seguir as “tendências internacionais de caminhar para modelos de financiamento e de pagamento baseados nos resultados obtidos e, sobretudo, na qualidade de vida do doente”.

Numa conferência em que não se confirmou a anunciada presença da ministra da Saúde, Marta Temido, Salvador de Mello garantiu que o Health Cluster Portugal continuará a “fazer o seu trabalho” para garantir que a saúde “seja cada vez mais um motor do desenvolvimento económico”. Neste momento, segundo o responsável, tem um volume de negócios 27 mil milhões de euros, um valor acrescentado bruto de 8,7 mil milhões de euros, reunindo 89 mil empresas e emprega mais de 279 mil trabalhadores.

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