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Salzburgo: mais uma cimeira sem qualquer sucesso

Questão da imigração é cada vez mais fraturante nas cimeiras que juntam os chefes de Estado e governo da União Europeia. Mais uma vez, não foi possível qualquer acordo.
20 Setembro 2018, 15h17

Nem três dias passaram sobre a Cimeira de Bruxelas e a União Europeia já contabiliza mais um revés na questão da imigração: na cimeira informal de chefes de Estado e de governo de Salzburgo – que acabou há instantes, não tendo ainda decorrido a conferência de imprensa conjunta entre a Comissão Europeia, o Conselho Europeu e o país anfitrião – não foi possível chegar a qualquer acordo.

Mais: segundo as agências noticiosas no local, não só não se vislumbra qualquer acordo num horizonte temporal próximo, como as posições de cada um continuam completamente extremadas. Hungria e Polónia continuam a afirmar que não deixarão de impedir a entrada de qualquer imigrante ou refugiado nas suas fronteiras e no lado oposto está Luxemburgo, que considera degradante todo o processo – nomeadamente o pagamento, proposto na cimeira de Bruxelas, de determinada quantia por cada imigrante recebido.

No final dos trabalhos, o primeiro-ministro António Costa insistiu na necessidade de a União Europeia encontrar um sistema comum para resolver o problema, dado que, afirmou, “não há problemas que sejam de um só país”. As declarações são em tudo idênticas às proferidas há menos de três meses a propósito do impasse de Bruxelas.

Costa quis, mesmo assim, recordar que a questão da imigração está longe de ser uma novidade: quando há dez anos era ministro da Administração Interna, foi um dos poucos que, juntamente com os seus homólogos grego, espanhol e maltês, quis discutir o tema, “que nessa altura não chegava às cimeiras de chefes de Estado e de governo”. Dez anos depois, o problema está absolutamente sem controlo.

A falta de entendimento dá-se num dia em que a questão da imigração está a ser cada vez mais uma dor de cabeça para o chefe do governo espanhol Pedro Sánchez, acusado pela oposição do PP e do Ciudadanos de proferir um discurso “que incentivou” os imigrantes a procurarem o país como porto de abrigo. A Espanha é, com mais de 20 mil entrada desde o início do ano, o país que mais imigrantes tem recebido.

Brexit num impasse

A questão da saída do Reino Unido da União Europeia também não evoluiu. Os chefes de Estado e de governo presentes ouviram mais uma vez a Irlanda dizer que espera que os britânicos consigam uma saída limpa e com um acordo, mas declarações do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker à margem dos trabalhos apontavam para que nada de novo tinha sido conseguido em termos de solução.

O presidente francês, Emmanuel Macron chegou mesmo a dizer que os que previram um Brexit fácil mentiram aos britânicos – numa declaração que está a agitar os ‘media’ do Reino Unido. “O Brexit é a escolha do povo britânico… empurrada por aqueles que previam soluções fáceis. Essas pessoas são mentirosas”, terá dito, segundo o jornal ‘Independent’.

O impasse segue agora para uma cimeira extraordinária sobre o Brexit, que deverá ter lugar em outubro e que é uma espécie de última esperança para o acordo – mesmo que cada vez menos responsáveis acreditem que ele vai ser conseguido.

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