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Santander Totta com lucros de 894,6 milhões em 2023. CEO diz que banco pagou ao Estado 583 milhões

O Santander Totta registou lucros de 894,6 milhões em 2023 a subirem 57,3% face a 2022. O que traduz uma rentabilidade de 23,4%. A margem financeira disparou 90,5% para 1.491 milhões de euros, devido à conjuntura de rápida subida dos juros pelo BCE. 
2 Fevereiro 2024, 10h28

O Santander Totta registou lucros de 894,6 milhões em 2023 a subirem 57,3% face a 2022. O que traduz uma rentabilidade de 23,4%. A margem financeira disparou 90,5% para 1.491 milhões de euros, devido à conjuntura de rápida subida dos juros pelo BCE.

O produto bancário cresceu 51,5% e atingiu quase os 2.000 milhões de euros (1.956,2 milhões), graças à receita de juros, já que as outras componentes registaram uma diminuição, com destaque para as comissões líquidas que caíram 2,8% para 457,0 milhões.

Os resultados em operações financeiras ascenderam a 23,9 milhões de euros, um decréscimo de 27,4% face a 2022.

Os custos operacionais cresceram 7,0% relativamente ao mesmo período de 2022, refletindo o contexto inflacionista que caraterizou a maior parte do ano. Mas a subida dos custos deve muito ao crescimento da massa salarial que subiu 8%.

Em consequência, o resultado de exploração, no montante de 1.436,4 milhões de euros, registou um acréscimo homólogo de 78,3%.

O rácio de eficiência situou-se em 26,6% (uma redução de 11,0 pp face ao final de 2022).

O  rácio de sinistralidade do crédito (o rácio de NPL) fixou-se em 1,7%. Em comunicado o banco destaca que “o rácio de Non-Performing Exposure (NPE), calculado de acordo com o critério EBA (em relação a exposições de balanço), situou-se em 1,7% em dezembro de 2023, uma redução de 0,3pp face ao período homólogo, sendo que a respetiva cobertura se fixou em 89,2% (+2,2pp)”.

A administração do banco, na apresentação de contas, esta sexta-feira em Lisboa, disse que dos 700 milhões de euros de imóveis obtidos por recuperação de crédito, que herdaram do Banco Popular, já só restam 20 milhões de euros que se referem a imóveis que ainda não foram vendidos por falta de licenciamento.

Em termos de capital o rácio de capital CET 1 fixou-se em 16,9%. A almofada extra contra a crise imobiliária, de 4%, criada pelo Banco de Portugal, pesou 80 pontos base no rácio de solvabilidade, disse Manuel Preto, administrador financeiro, O rácio de capital total fixou-se em 21,3%.

O rácio LCR (Liquidity Coverage Ratio), calculado segundo as normas da CRD IV, situou-se em 149,7%, “cumprindo as exigências regulamentares em base fully implemented”, diz o Santander Totta.

O ano de 2023 foi histórico no número de novos clientes ativos. São mais 70 mil clientes ativos, o que é três ou quatro vezes o que foi atingido nos últimos anos. O banco tem 63 mil clientes digitais. Os números foram dados pelo CEO do banco.

Pedro Castro e Almeida, CEO do banco, elogiou a importância da rentabilidade da banca para a economia do país.

Os resultados dos bancos devem-se à subida rápida das taxas de juros, depois de uma década de taxas negativas. “Tivemos uma rápida subida das taxas de juro do ativo (crédito) e um aumento gradual da taxas de passivo (depósitos)”, disse.

As taxas subiram muito rapidamente e o malparado não subiu por causa do pleno emprego, e não foi só por causa da poupança Covid, disse o CEO que sublinhou que as provisões são subiram significativamente porque o malparado não subiu expressivamente.

No balanço, o crédito a clientes cresceu 3,0% em termos homólogos, para 44,6 mil milhões de euros. O crédito a particulares registou um decréscimo de 4,7% face ao final de 2022, com as famílias a reagirem ao contexto de taxas de juro mais elevadas com um maior volume de amortização antecipada de créditos, em particular hipotecário. O crédito à habitação caiu 4,7% para 22 mil milhões. Já o crédito a empresas e a institucionais subiu 13,7% para 20,5 mil milhões de euros.

No que se refere aos recursos de clientes, no montante de 43,3 mil milhões de euros, caíram 5,4% em termos homólogos e o banco diz que refletiram os efeitos combinados de duas dinâmicas. Por um lado, a desalavancagem por parte dos particulares e, por outro, a diversificação das poupanças para recursos fora de balanço, os quais cresceram 11,1% face ao final de 2022.

Manuel Preto, CFO do banco, explicou que os depósitos caíram 8,5% para 35,3 mil milhões de euros, porque houve uma transferência de recursos de clientes para fora do balanço, que por sua vez subiram 11%.

“Apesar de todos os diplomas que o Governo foi publicando, as soluções que os bancos vieram pondo cá fora ajudaram a travar a subida do malparado, que seria expectável pela redução do rendimento disponível”, disse o CEO do Banco Santander Totta. Foram renegociados ao todo 55 mil contratos de crédito  à habitação dos quais apenas, 7.500 foram ao abrigo do Decreto-Lei do Governo, e o resto foram negociações bilaterais em termos  de preço e de prazo.

Na bonificação foram 17 mil os contratos abrangidos.

Já sobre os créditos que conseguiram ser elegíveis para a fixação dos juros, atingiram os 3.000 contratos.

Pedro Castro disse que os bancos conseguiram em 2023 ter a rentabilidade acima do custo de capital em 15 anos. “A base capital é alta, são 36 mil milhões euros que é metade do capital das grandes empresas em Portugal, logo a banca tem mais resultados”, disse o CEO citando Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos.

O custo de capital ronda os 12% a 13%.

“Se formos ver a rentabilidade deste sector é a quarta pior em 20 sectores desde 2015”, sublinhou Pedro Castro e Almeida.

Sobre o futuro, o CEO revelou que a taxa Euribor a 3 meses, no final do ano estará em 2,5% e em 2025 descerá para 2,12%. Por isso, disse, “no primeiro trimestre vamos ter boa rentabilidade, no semestre teremos uma rentabilidade razoável, mas vamos ter um desafio a partir do segundo semestre em termos de rentabilidade dos bancos”.

Pedro Castro e Almeida fez questão de destacar que o banco em Portugal pagou no ano passado 431 milhões de IRC, o que é cerca de 5% da receita de IRC do país.

“Somos a empresa privada que paga mais IRC em Portugal”, disse o CEO que acrescentou que a somar a este valor temos a contribuição extraordinária e o adicional de solidariedade,  elevando o esforço para 469 milhões de euros.

“A banca não deduz IVA, ao contrário dos outros sectores, e por isso o banco pagou mais 56 milhões que deu ao OE em 2023”, acrescentou.

“Se incluirmos IMI, IMT, IRS, imposto de selo, e segurança social, mais os encargos para o Fundo de Resolução nacional, acrescem 23 milhões” disse concluindo que “pagamos ao Estado 583 milhões, o que corresponde a uma taxa efetiva de 45%, ou seja, por cada um um euro que geramos quase 45 cêntimos entregamos ao Estado português”.

O CEO disse ainda que os impostos entregues por conta de terceiros (incluindo clientes) elevam a factura a 900 milhões.

Também “devemos estar entre as três fundações que mais investe”, acrescentou.

Sobre 2024, disse que “tivemos um ano fora de comum e nos próximos 3 amos será mais desafiante”. Pedro Castro e Almeida referiu que a economia não cresce há um ano e meio, e por isso os volumes de crédito serão mais reduzidos, sendo que há pressão nos depósitos, o que leva a uma compressão de margem financeira.

“Vamos ter uma rentabilidade na Europa próximo do custo de capital”, acrescenta.

Sobre o grupo Santander, “a Europa pesa 25% dos resultados do grupo e vai a caminho de pesar 50%”, disse.

O CEO revelou que o banco em Portugal contratou 400 pessoas com media 31 anos. A massa salarial cresceu 8% em 2023, revelou o presidente do banco.

“Perdemos 200 mil jovens no país o que teve um custo de 1,9 mil milhões custo estimado tendo em conta o que investimos”, revelou.

O salário mínimo no Santander é de 1.400  euros a que se acrescenta o subsídio de almoço somando 1.600 euros. Mas isto tem um custo superior a 2.000 euros para o banco, dos quais mais de 700 euros é para o Estado, o que dá a medida da elevada fiscalidade”, acrescentou.

O banqueiro voltou a dizer que espera que Portugal cresça nos próximos três anos.

Elogiou a evolução das contas públicas, nomeadamente a sustentabilidade da dívida pública, mas agora é preciso crescer e um crescimento de 1,5%, quando a Europa cresce 1%, “é pouco ambicioso”, disse o CEO do Santander Totta.

Destaque ainda para a informação que em matéria de financiamento sustentável, o banco continua a apoiar a transição climática dos seus clientes particulares e empresas, com um volume de financiamento de cerca de mil milhões de euros.

Na fase das perguntas e respostas na conferência de imprensa, o CEO do Santander Totta explicou que “ o Novobanco não está no nosso horizonte“ porque o banco está a fazer um crescimento orgânico.

(Atualizada dia 3 de fevereiro)

 


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