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Schroders: Geopolítica e receio da recessão global conduzem investidores para os ativos privados

O apetite por mercados emergentes caiu entre os investidores internacionais, com as alocações a descerem de 15% em 2017 para 10% este ano. Apenas um terço dos investidores (29%) mantém os investimentos durante 3-5 anos, sendo que apenas 10% mantém os investimentos até ao fim do ciclo.
7 Outubro 2019, 18h26

As preocupações geopolíticas e o receio de uma desaceleração da economia global aumentam à medida que os investidores institucionais ampliam as suas alocações em ativos privados, segundo o Schroders Institutional Investor Study de 2019, refere a empresa em comunicado divulgado esta segunda-feira.

Em termos de classes de ativos, o apetite por mercados emergentes caiu entre os investidores internacionais, com as alocações a descerem de 15% em 2017 para 10% este ano. O estudo revela que as alocações esperadas para os próximos 12 meses também caíram para 9%.

Apenas um terço dos investidores (29%) mantém os investimentos durante 3-5 anos, sendo que apenas 10% mantém os investimentos até ao fim do ciclo. “Isto porque mais de metade dos investidores (53%) assumiu a necessidade de maior personalização, porque os fundos disponíveis não estão a conseguir alcançar os objetivos financeiros das organizações”, revela o comunicado.

A Schroders  explica que ao investirem em ativos privados, “os investidores procuram alcançar as suas expectativas de retorno”. O estudo conclui que mais de metade (52%) espera aumentar as suas alocações em ativos privados nos próximos três anos. Os investidores da América do Norte (58%) e os da Ásia (50%) são os que mostram mais vontade de o fazer.

“Globalmente, os investidores apontaram a necessidade de gerar mais retorno e diversificação do portfólio, como dois fatores que os encorajaria a investir em ativos privados”, refere o estudo.

No espectro dos ativos privados, o investimento em empresas é visto como a fonte de maior potencial de retorno, com 69% dos investidores a antecipar retornos superiores a 5%, conclui a análise. “Para suportar esta perspetiva, 37% dos investidores globais tenciona aumentar as suas alocações em ativos privados, claramente mais do que em dívida privada, ativos de infraestrutura ou imobiliário”, salienta o estudo.

Mas os investidores referiram o custo e a complexidade das taxas como o maior obstáculo ao investimento em ativos privados e também sinalizaram as elevadas cotações como a principal fonte de preocupação na hora de investir nesta classe de ativos, refere a empresa.

Apesar das pressões macroeconómicas, as expectativas de retorno dos investidores mantiveram-se estáveis nos últimos 12 meses, diz a análise.

A maioria dos investidores globais (57%) está a conseguir retornos de 5%-9% ao ano, no prazo de cinco anos. Isto compara com 60% dos investidores há um ano, constata o estudo da Schroders Institutional Investor Study.  Em termos geográficos, a diferença entre os investidores otimistas da América do Norte e os mais cautelosos investidores europeus aumentou significativamente.

“Mais de três quartos (77%) dos investidores Norte-Americanos estimam retornos de 5%-9%, uma grande diferença se comparada com os 42% dos investidores europeus”, lê-se no comunicado.

O estudo da Schroders Institutional Investor Study contou com a participação de 650 investidores institucionais. Os participantes deste estudo representam várias instituições, nomeadamente, fundos de pensões, seguradoras, fundos soberanos e fundações, que gerem aproximadamente 25,4 milhões de biliões de dólares em ativos.

Segundo Schroders “há uma crescente apreensão dos investidores relativamente ao atual cenário de incerteza macroeconómica”.

Mais de metade dos investidores (52%) disse que a política e acontecimentos internacionais como o Brexit e as Guerras Comerciais podem afetar o desempenho dos seus portfólios nos próximos 12 meses. Isto representa um crescimento em relação aos 32% de 2017 e aos 44% em 2018. Segundo o estudo, quase um terço dos investidores (37%) referiu igualmente a desaceleração da economia global como a maior preocupação, o que representa um aumento em relação aos 27% do ano anterior.

“Estes indicadores são talvez um reflexo da Guerra Comercial entre a China e os EUA, assim como da crescente incerteza provocada pela proximidade da data do Brexit”, lê-se no comunicado.

Segundo o estudo, as elevadas taxas de juro foram referidas como a variável com maior influência no desempenho do portfólio, ainda que com menor enfase do que há um ano.

Paradoxalmente, “fatores anteriormente tidos como muito importantes – tais como a política monetária, a regulação e o risco de ciberataques – perderam importância nos últimos 12 meses”.

Este estudo global foi encomendado pela Schroders, pelo terceiro ano consecutivo, para analisar o comportamento dos investidores institucionais face aos objetivos de investimento, risco, ativos privados e investimentos sustentáveis.

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