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Schroders: menos impostos e mais despesas são riscos para o crescimento em 2018

Os analistas da Schroders estão otimistas em relação ao crescimento económico global este ano, mas alertam para o risco de reflação. Reduções nos impostos e aumentos nas despesas estruturais para estimular as economias podem levar a aumentos inesperados da inflação e das taxas de juro.
5 Fevereiro 2018, 12h52

A economia global vive um momento positivo em 2018, mas o risco de reflação – iniciativas governamentais, a nível fiscal ou monetário, que visam estimular a economia – ensombra o crescimento, segundo a Schroders. Os analistas da gestora de ativos apontam para a possibilidade de aumentos inesperados da inflação e das taxas de juro, devido aos esforços dos governos para reduzirem impostos e aumentarem despesas estruturais como forma de estímulo económico.

“Revimos em alta as projeções [para o crescimento económico mundial] em novembro, mas se fossemos analisar agora, provavelmente faríamos um novo upgrade das expetativas”, explicou o economista-chefe da Schroders, Keith Wade, numa nota hoje divulgada.

“Na Europa, a atividade económica é particularmente forte e recordes estão a ser quebras: assistmos a índices de compras dos gestores mais elevados, melhores inquéritos aos negócios e aumentos da despesa de capital”, referiu Wade, acrescentando que nos EUA, “há sinais que a inflação começa a aumentar”.

O economista-chefe considera que 2018 será um ponto de viragem, caracterizado por uma tendência de utilização de estímulos governamentais para a economia, a nível fiscal ou monetário. O aumento dos preços das matérias-primas será outro fator que poderá contribuir para a reflação esperada pelo analista. Numa altura em que o valor do petróleo ronda os 70 dólares por barril, o petróleo de xisto norte-americano é visto como a maior incerteza.

“Da perspetiva de alocação de ativos, estamos por isso focados em áreas que beneficiam de um melhor crescimento global, como os mercados de ações da Ásia, Japão, mercados emergentes – mercados relacionados com commodities“, acrescentou Wade, sublinhando que os mercados emergentes e obrigações de empresas em setores das matérias-primas vão beneficiar da tendência de reflação, em 2018.

Por outro lado, os mercados emergentes poderão ser penalizados se o dólar começar novamente a valorizar, apesar de perspetivarem que a moeda norte-americana mantenha, este ano, a tendência de descida.

“O dólar apreciou-se demasiado agressivamente depois de a Reserva Federal começar a falar de normalizar a política monetária e está agora num período de relaxamento”, afirmou o gestor de fundos de fixed income da Schroders, Michael Scott. “Um dólar forte nunca é positivo para os mercados emergentes. Enquanto outros bancos centrais no mundo acompanham a Reserva Federal na normalização da política monetária, [o dólar] poderá continuar a cair”.

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