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Seguradoras diretas versus redes de saúde na era da digitalização

Na contratação de um seguro de saúde, para além do valor do prémio anual (que não deve ser o único fator de comparação), é preciso atentar ainda no período de carência.
12 Maio 2018, 13h00

A penetração de seguros de saúde em Portugal tem vindo a intensificar-se, assim conclui o estudo “Basef Seguros 2017” da Marktest, no qual se evidencia o registo do valor mais elevado de beneficiários deste produto no nosso país nos últimos 12 anos, concretamente 2.346, o que equivale a 27,4% dos residentes no Continente com mais de 15 anos.

Para este crescimento, segundo os analistas, poderá ter contribuído a digitalização do setor segurador, na qual as seguradoras diretas foram “early adopters”.

Mas será que compensa mais contratar um seguro de saúde online numa seguradora direta ou ir diretamente às redes fornecedoras? A plataforma de comparação financeira ComparaJá.pt, em exclusivo para o Jornal Económico, fez as contas para responder a esta questão.

Atendendo aos grandes desafios que se colocam ao setor segurador, Sérgio Pereira, diretor-geral do ComparaJá.pt , salienta que “os setores que não conseguirem acompanhar esta mudança arriscam-se a perder a sua vantagem competitiva no mercado, uma vez que se tornam incapazes de responder às necessidades do consumidor digital de hoje em dia”. Assim, em seu entender, as seguradoras diretas, pelo facto de terem sido pioneiras na digitalização, “acabam por estar um passo à frente das tradicionais. Porém, é de desafios que se fazem as oportunidades de crescimento”.

Particularmente sobre a contratação de um seguro de saúde, o responsável adverte que, para além do valor do prémio anual (que não deve ser o único fator de comparação), “é preciso atentar ainda no período de carência, que faz com que determinadas coberturas só possam ser acionadas ao fim de algum tempo (no caso dos partos, por exemplo, só é possível usar esta proteção, usualmente, ao fim de 365 dias), e na franquia ou copagamento, que consiste no montante que fica a cargo do segurado em caso de sinistro. Estes valores podem ser fixos ou definidos de forma percentual, tanto dentro como fora da rede”.

Seguradoras diretas respondem à geração Millennial

Nesta análise, importa desde logo entender o que é um seguro de saúde. Um seguro de saúde integra-se na categoria dos seguros do ramo Não Vida e consiste numa proteção contratada para cobrir o risco de doença e cuidados de saúde, variando as suas coberturas consoante o que está incluído na apólice e, normalmente, conforme o que o consumidor está disposto a pagar. Através deste produto garante-se o acesso a cuidados de saúde privados e mais céleres, especialmente no que diz respeito a doenças graves.

Tipicamente, um seguro de saúde básico engloba as coberturas de hospitalização (internamento) e ambulatório (consultas em unidades hospitalares, urgências e intervenções cirúrgicas sem internamento). Para além destas, é possível incluir ainda a cobertura de parto, estomatologia (cuidados dentários) e ainda próteses e ortóteses (tais como lentes de contacto e óculos). Normalmente, os seguros mais caros incluem ainda uma proteção face a doenças graves, podendo mesmo abranger consultas e tratamentos no estrangeiro.

Porém, estas coberturas podem ser disponibilizadas num sistema de reembolso (em que é o segurado que paga as suas despesas e a companhia de seguros posteriormente reembolsá-lo-á) ou numa modalidade mista (que engloba o reembolso, mas também a comparticipação total de algumas coberturas).

Atualmente, a esta equação passou a ser relevante acrescentar ainda o peso dos Millennials (segmento geracional que abrange a população nascida após 1980 e até meados da década de 90) já que são quem mais contrata este tipo de produtos através da Internet, não se envolvendo, normalmente, numa deslocação a um espaço físico.

Esta evolução na contratação de produtos online, tais como seguros de saúde, coloca, assim, grandes desafios a setores como o dos seguros no sentido de passarem a disponibilizar as suas soluções por esta via.

E por último, ter em conta no que se traduzem as seguradoras diretas. Com a penetração inevitável do online na vida das pessoas, muitos setores e indústrias tiveram de se adaptar a esta nova realidade, desde a hotelaria à banca e, claro, os seguros. Porém, existe um conjunto de seguradoras que foram “early adopters” neste sentido: é o caso das chamadas seguradoras diretas. As seguradoras diretas recebem esta designação pelo facto de o seu modelo de negócio assentar em canais diretos, tais como o telefone e a Internet. Estas encontram-se ligadas, por sua vez, às chamadas redes de saúde, que disponibilizam uma rede de prestadores de cuidados de saúde com cobertura nacional e internacional.

O que oferece o mercado nacional?

Para se apurar a oferta do mercado, recorreu-se ao perfil de um casal – a Mariana e o Josué, ambos com 32 anos de idade -, que pretende contratar um seguro de saúde em conjunto (ou seja, uma apólice que abranja dois titulares). O seu objetivo seria contratar um seguro completo, que incluísse, para além das coberturas básicas, a de parto e a de estomatologia, optando assim pelas soluções intermédias do mercado, não incluindo doenças graves.

Como Millennials que são e com a vida atarefada que levam no seu quotidiano, a Mariana e o Josué pretendem tratar de tudo através da Internet. Porém, tentaram ainda perceber se porventura lhes compensaria mais contratar este tipo de seguro diretamente nas das redes de saúde. Através da tabela abaixo é possível visualizar as diferenças:

Dentro das seguradoras diretas em que foi possível aceder aos respetivos simuladores online – a N Seguros, a OK Teleseguros e a LOGO -, é possível constatar que, no que diz respeito, em primeiro lugar, ao preço do seguro (materializado no prémio), a oferta mais acessível é a da N Seguros pelo valor de 297 euros anuais. Todavia, o capital seguro em caso de hospitalização desta seguradora (2 mil euros) é muito inferior ao da OK Teleseguros e ao da LOGO, que cobrem, respetivamente, 100 mil euros e 75 mil euros.

É de salientar que estas três opções, no entanto, encontram-se ligadas às redes de saúde: tanto a N Seguros como a LOGO são fornecidas pela AdvanceCare, ao passo que a OK Teleseguros opera através da Multicare.

Ao observar a oferta das redes de saúde é possível concluir que à Mariana e ao Josué não compensaria contratar um seguro de saúde diretamente através destas empresas, isto porque o valor do prémio anual é consideravelmente mais elevado do que o praticado pelas seguradoras diretas.

Seguradoras diretas

Hospitalização Parto Ambulatório Medicina Preventiva (check up) Estomatologia Prémio (anual)

N Seguros (N TOP)

2.000€ SIM Máximo: 4 consultas a 15€ NÃO Acesso à rede AdvanceCare 297€

OK Teleseguros

(OK! Saúde 3)

100.000€ SIM 2.500 NÃO Acesso à rede Muilticare 901.09€
LOGO (SAÚDE) 75.000€ 2.000 Capital Ilimitado Não referido Copagamento: máximo 15€ 922.40€

Redes de saúde

ADVANCECARE (Saúde Individual MAIS) 75.000€ 2.000€ 2.500€ Não referido 250€ 1 354.44€
MULTICARE (Solução completa MULTICARE 3) 100.000€ SIM 5.000€ Sim 1.000€ 1 412.85€
MÉDIS (Plano de Saúde – Opção 2) 50.000€ 2.000€ 2.500€ NÃO 250€ 1 540.62€
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