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Segurança Social junta adolescente “viciado em jogos” com toxicodependes

Tribunal tomou decisão com base nas informações dadas por uma técnica da Segurança Social.
25 Fevereiro 2017, 14h29

Um jovem de 16 anos, de Gaia, foi internado, em dezembro passado, por ordem do Tribunal de Família, sob indicação de uma técnica da Segurança Social (SS), numa instituição a cerca de 300 quilómetros de casa, vocacionada para o tratamento de toxicodependentes, avança a RTP.
Isto depois de a mãe ter pedido ajuda à Comissão Nacional de Jovens e Menores em Risco porque o filho não ia à escola e preferia ficar em casa a jogar computador.

“Nós confiámos no Estado, confiámos na Segurança Social. Agora, não sabiamos que eles iam indicar uma associação terapêutica para toxicodependentes”, refere a mãe, em entrevista ao canal público.

No final de setembro, o tribunal decretou que o jovem seria entregue ao pai, divorciado há 12 anos da mãe. A medida devia ter vigorado por três meses e quinze dias, mas dois meses depois a técnica da Segurança Social, responsável pelo caso, transmitiu ao tribunal que a medida não estava a ser cumprida e que os próprios pais admitiam ser incapazes de inverter a situação. A 28 de dezembro, foi executado um mandado judicial que levou o jovem até esta instituição.

Era o único internado por alegado vício em jogos de computador. Desde esse dia passou a ser alvo de um tratamento “para a esquizofrenia e a ansiedade”. O adolescente fugiu entretanto da instituição. E foi para casa do pai.

A RTP questionou o juíz do processo e o magistrado garante que foi a técnica da Segurança Social que indicou a necessidade de internar o jovem na comunidade terapêutica “Associação Pica-Pau” e acrescenta que o tribunal não tem qualquer poder na gestão de vagas para a execução das medidas de acolhimento.
Adianta ainda que neste processo não existe qualquer relatório médico que ateste que o adolescente sofre de uma adição ao jogo. O juíz considera que tal é desnecessário, face à natureza dos factos em causa. O magistrado responsabiliza a técnica da Segurança Social por este desfecho. E escreve por várias vezes que a responsável não respondeu aos pedidos de reavaliação do caso que lhe dirigiu com carácter muito urgente há já um mês.

Confrontada pela RTP, a técnica recusa-se a dar explicações. Os pais do jovem já requereram que este fique de imediato à guarda do pai.

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