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Seguro de viagem. Portugueses estão mais protegidos

O setor segurador mostra estar bem atento à evolução das necessidades. Um seguro de viagem é hoje muito mais do que o apoio em caso de acidente ou de bagagem perdida, é toda uma assistência personalizada.
4 Abril 2016, 08h30

Numa tendência de claro ajustamento à procura, apresentando soluções cada vez mais “taylor made”, as seguradoras a operar no nosso mercado testemunham a grande evolução que o seguro de viagem sofreu nos últimos anos.

Paulo Fortuna, accidents underwriting manager da Generali, lembra que “já vai longe o tempo em que este seguro garantia somente os riscos de acidente (morte, invalidez e despesas médicas), de furto ou roubo de bagagem e que o viajante acidentado tinha que assumir o pagamento das despesas médicas e, posteriormente, pedir o reembolso”. Hoje, ressalva, disponibiliza um leque alargado de coberturas de assistência com soluções facilitadoras na resolução de acidentes, doença súbita e outras ocorrências. “A seguradora assume diretamente o pagamento das despesas médicas realizadas no estrangeiro e o repatriamento do viajante”, vinca.

Para Nuno Noronha, manager de Acidentes Pessoais para South Europe da AIG, em Portugal, estes seguros têm vindo a registar uma evolução positiva ao longo da última década, “beneficiando da evolução da classe média que, aliado ao aumento do número de companhias de aviação e aos preços low-cost, veio provocar uma certa ‘democratização’ no acesso às viagens aéreas”. Diante de “uma evolução interessante”, sublinha ainda que a oferta em Portugal soube adaptar-se a nichos de mercado tão distintos como o turismo, viagens profissionais ou estudantes com mobilidade internacional.

Também na opinião de Rita Rosário, direção de design e gestão de produtos da Liberty Seguros, é evidente a evolução mas, sublinha que, “apesar desta evolução, muitas pessoas continuam a viajar sem qualquer proteção ou com uma proteção insuficiente face ao destino escolhido”. Considerando ser vital que, ao planear uma viagem, se consulte um mediador de seguros com vista a um correto aconselhamento, chama ainda a atenção para a necessidade de se conseguir um plano de proteção, garantias e capitais, corretamente ajustado às reais necessidades.

Viajantes mais conscientes
Na ótica da Allianz Global Assistance Portugal (entidade parceira do grupo Allianz mas com entidade jurídica independente da companhia de seguros Allianz Portugal), as vantagens na subscrição de um determinado seguro estão cada vez mais no “top of mind”. “Por vezes, confunde-se a compra de um seguro com uma possível duplicação de coberturas que eventualmente já temos através, por exemplo, de um cartão de crédito, seguro automóvel ou da própria companhia aérea. Contudo, ao subscrevermos um seguro de viagem este garantirá o acesso a uma assistência imediata e personalizada, independentemente do horário ou local da ocorrência do sinistro. A linha 24horas terá ao dispor um operador que garante ajuda no que for necessário”.

Para Artur Lucas, diretor de Marketing & Comunicação da Zurich em Portugal, o seguro de Acidentes Pessoais Viagem tem beneficiado de uma maior disposição dos portugueses para as viagens de lazer e de um incremento das viagens de caráter profissional. “Regista-se um alargamento da proteção cujo âmbito compreende não só as pessoas mas também documentos, bagagem, diversas coberturas de assistência e, ainda, a responsabilidade civil por danos causados a terceiros”. Outro fator que destaca regista-se ao nível do canal de distribuição, ou seja, as agências de viagem têm já na sua oferta pacotes com este tipo de seguros.

Por seu turno, Sérgio Carvalho, diretor de Marketing Produtos e Canais da Fidelidade, defende que, de uma forma geral, em lazer, as pessoas só se lembram de fazer um seguro de viagem quando “esta implica uma deslocação de avião ou sabem que vão estar expostos a determinados riscos adicionais à prática de desportos ou ida a países com maior índice de riscos sociais/políticos, ou ainda quando precisam de fazer prova de coberturas específicas durante a deslocação exigidas para emissão de visto”. Por outro lado, adianta, nos últimos anos verificou-se um aumento da mobilidade para além das viagens de lazer, nomeadamente com programas de intercâmbio no ensino; procura de trabalho no exterior; deslocalização e internacionalização das empresas; entre outros. “Sabemos que as seguradoras, se estiverem atentas a estas tendências, procuram responder com seguros menos generalistas, vocacionados para cada segmento e objetivo das viagens, para que o cliente possa ter a proteção que precisa sem pagar muito”, remata.

Mais garantias. maior exigência
Também Carlos Silva, diretor de oferta da Tranquilidade, sublinha a “evolução exponencial” vivida nos últimos anos, consubstanciada, entre outros aspetos, pelo aumento da frequência e duração das viagens na Europa; um crescimento também das viagens para países tropicais, onde é mais receada a qualidade/acessibilidade dos serviços médicos; e ainda o aumento dos programas de intercâmbio escolar, como o programa Erasmus, que criam uma necessidade de seguros de viagem para um período mínimo de seis meses.

“Num mundo cada vez mais global, o número de viajantes tem vindo a aumentar, pelo que as seguradoras necessitam de adaptar os produtos, incorporando na cobertura base garantias que antes eram exigidas apenas por um número reduzido de clientes”, defende Sofia Tomás, responsável da Oferta e Mass Market da Axa Portugal. “É a massificação do seguro de viagem”, frisa. Por outro lado, acresce que, cada vez mais, os clientes são conhecedores e procuram produtos para as suas necessidades. “Para além das tradicionais coberturas, procuram serviço e assistência. O meio de transporte utilizado, nomeadamente o avião, coloca a necessidade de proteção própria, relativamente à qual as seguradoras não podem ficar indiferentes. Para quem viaja frequentemente um produto com periodicidade anual poderá ser o mais indicado”, frisa.

Sobre esta evolução, Ana Gama, diretora de marketing e Inovação da Ok! teleseguros, dá nota de que estes seguros se foram adaptando e contemplando garantias diversas e “atualmente, podem ainda incluir a cobertura de responsabilidade civil extracontratual, salvaguardando, assim, a pessoa de incorrer em despesas resultantes de danos causados a terceiros, que podem passar por algo simples como a quebra de uma peça numa loja ou algo mais grave como danos corporais causados a outrem”. Mas para os particulares, não tem dúvidas de que as principais preocupações se prendem com o risco de cancelamento/atraso da viagem, perda ou danos causados à bagagem.

Empresas e particulares. O que realmente procuram?

Segundo detalha a Generali, os particulares têm preocupações diversas. Se nalguns casos pretendem garantir a prática de desportos de risco acrescido como ski e surf, noutros, preocupam-se em ver garantida a bagagem,  danos que eventualmente provoquem a terceiros ou reembolso das despesas de transporte e estada se tiverem que cancelar a viagem. Já as empresas, pelo facto de estarem cada vez mais globalizadas, obrigando a uma maior mobilidade dos colaboradores, visam essencialmente garantir o bem-estar do trabalhador. Procuram um capital elevado de despesas médicas para fazer face a todo o tipo de acidente ou doença, pois em alguns países (Angola ou EUA) o custo da assistência médica é muito superior ao praticado em Portugal. Existe também uma procura significativa por coberturas que reduzam ao mínimo dificuldades adicionais, assegurando adiantamento de dinheiro em caso de roubo ou aconselhamento médico.

A experiência das seguradoras Liberty Seguros, Axa, Zurich e OK! teleseguros, aponta para uma maior preocupação, tanto para empresas como para particulares, na contratação de um seguro que assegure garantias de gastos médicos no estrangeiro e repatriamento, perda, roubo, extravio ou deterioração de bagagem, cancelamento da viagem ou perda de ligações aéreas.
Atendendo à procura que regista, a Allianz Global Assistance Portugal sugere que a subscrição pelas empresas tenha particularmente em consideração coberturas associadas aos riscos profissionais, ou seja, que equipamentos, como o portátil e telemóvel, estejam devidamente garantidos, bem como as despesas médicas e repatriamento. Para os particulares, deverão ter em conta destino e período da viagem, e em países onde as despesas médicas são elevadas, deverá ser considerado um capital de 30 a 60 mil euros.

Já a Fidelidade frisa que às empresas interessa um seguro que seja facilmente adaptável à realidade, isto é, no qual não seja necessário identificar as pessoas seguras, duração das viagens ou destinos, permitindo que qualquer pessoa que se desloque para qualquer parte, em qualquer altura e por tempo indeterminado, esteja coberto. Por outro lado, o aumento da procura de viagens para destinos onde se praticam desportos de neve também marcou a necessidade de criar uma oferta específica que garanta não só as coberturas habituais. No segmento jovem tem aumentado a procura de seguros para deslocações em Erasmus sendo que para tal, é necessário que o período se estenda a 180 dias em vez dos habituais 90.

A Tranquilidade aponta também a procura de um seguro que seja “prático”, sobretudo para quem viaja com frequência e isto porque os seguros temporários têm que ser subscritos de cada vez que é feita uma nova viagem, sendo mais adequados para quem faz poucas viagens, bem como a procura por uma cobertura de material frágil por norma excluído, nomeadamente material fotográfico, musical, desportivo ou para bebés.

A AIG dá ainda conta de que tanto para os particularfes como para as empresas, o seguro de viagem é encarado como um investimento de elevada importância. E se por um lado, a preocupação maior é desfrutar de férias tranquilas, já as empresas, numa lógica de internacionalização, procuram assegurar a necessária “paz de espírito” no período em que os colaboradores estão a promover e desenvolver o negócio.

Por Sónia Bexiga/OJE

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