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Seis cenários para acabar com a paralisação do governo nos Estados Unidos

Chris Cillizza, editor da CNN e analista político, traça os cenários que podem contribuir para pôr fim ao ‘shutdown’. Entre traições e birras o pior deles tem a ver com a quebra de segurança.
23 Janeiro 2019, 15h32

O desentendimento entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o Senado sobre o financiamento da construção do muro que deve separar a totalidade da fronteira entre os Estados Unidos e o México arrisca ser a mais longa paralisação do governo na história do país. Mesmo os membros mais otimistas do Congresso admitem não vislumbrar uma forma de ultrapassar o braço de ferro entre as duas forças, que está a afetar cerca de 800 mil trabalhadores federais.

Chris Cillizza, editor da CNN, traçou seis cenários que podem resolver o impasse criado por Donald Trump:

1) Revolta dos republicanos do Senado

Até ao momento, os republicanos moderados no Senado, como Lisa Murkowski (Alasca), e Susan Collins (Maine), não fizeram muito para pressionar Mitch McConnell (presidente daquele organismo) ou a Casa Branca a abandonarem as suas posições. Murkowski, em particular, condenou a paralisação e a incapacidade do Congresso em ultrapassar a crise, mas não ameaçou colocar-se ao lado dos democratas para mudar a soma dos votos.

2) Filas intermináveis nos principais aeroportos 

A imprensa internacional noticiou algumas filas escandalosas nos últimos 10 dias, bem como o encerramento esporádico de terminais em Miami e em Baltimore devido a um aumento das indisponibilidades para trabalhar da parte de quem já está sem receber. Se as filas nos aeroportos de Atlanta e Chicago começarem a aumentar ou houve problemas em aeroportos como Washington, LaGuardia ou no JFK, em Nova Iorque, isso poderia mudar a equação.

3) Falha de segurança

Este é o pior cenário possível para todos os envolvidos. Se o pessoal da TSA (United States Transportation Security Administration, a agência criada depois dos atentados do 11 de setembro para prevenir novos ataques terroristas no espaço aéreo) continuar afetado pela paralisação do governo, há a possibilidade de que o défice de controlo possa levar alguém a violar a segurança e a constituir-se com uma ameaça potencial. Tal situação catastrófica provavelmente levaria à reabertura imediata do governo.

4) Infidelidade dos caloiros democratas

Há 23 estreantes (ou caloiros) democratas na Câmara. Embora se tenham mantido em total sintonia desde o início da paralisação, quanto mais tempo demorar a resolução do problema, mais eles começarão a preocupar-se sobre como essa paralisação poderá afetar a sua reeleição. Um voto infiel àquilo que são as diretrizes do partido nesta questão particular é sempre possível.

5) Declaração Nacional de Emergência

Se Trump decidisse declarar a situação na fronteira como uma emergência nacional, o governo reabriria em questão de dias. Trump levaria os cinco mil milhões de dólares para a construção do muro do orçamento militar já alocado pelo Congresso – removendo assim o obstáculo que atualmente mantém o governo paralisado. No início deste mês, Trump parecia estar a prepar-se para fazer uma declaração de emergência, mas acabou por desisiti dessa opção. “A solução mais fácil é declarar uma emergência nacional… mas não vou fazê-lo assim tão rapidamente”, disse Trump, numa visita recente ao muro.

6) Desistência

O presidente parece interessado em desistir, apesar de isso querer dizer que não conseguiria o dinheiro para o muro. Mas esse é o Trump que temos: um homem que construiu uma vida inteira a ser muito, muito imprevisível. Não há dúvida de que Trump conhece as sondagens que sugerem que está a perder o país com a paralisação – e ele odeia perder. A questão é perceber-se até que ponto os números das sondagens teriam de cair antes de Trump decidir desistir.

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