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“Sem fundo de garantia de depósitos comum, união bancária é insuficiente”, afirma economista-chefe do FMI

Gita Ginopath, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, disse que o “próximo passo” para o reforço da união bancária passa pela construção do fundo de garantia de depósitos comum, elemento fundamental para o futuro da União Económica e Monetária. E, para a união dos mercados de capitais, defendeu a construção de “instituição central para instituições não financeiras”.
  • Gita Gopinath, Professor of Economics, Harvard University, USA at the India Economic Summit 2016 in New Delhi, India, Copyright by World Economic Forum / Benedikt von Loebell
19 Junho 2019, 15h47

Quem assistiu ao Fórum do Banco Central Europeu (BCE) que está a decorrer em Sintra já percebeu que o futuro da União Económica e Monetária (UEM) passa necessariamente pelo aprofundamento da união bancária, mas não só.

Depois de o presidente do BCE, Mario Draghi, e do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, terem indicado os ingredientes que faltam para a construção da união bancária, esta tarde foi a vez de Gita Gopinath, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), referir qual será o próximo passo: um fundo de garantia de depósitos comum. “Na ausência de um fundo de garantia de depósitos comum, não consigo antever um progresso suficiente na união bancária”, disse. “Por isso, o próximo passo será de estabelecer um fundo de garantia de depósitos comum”, frisou a economista-chefe do FMI.

Segundo Gita Ginopath, o fundo de garantia de depósitos comum terá de ser “credível”. Para tal, terá de reunir duas características. A exigência de capital para o seu funcionamento, capital esse que terá de ser “disponibilizado rapidamente”, explicou.

Mas o futuro da UEM extravasa a união bancária e abrange também a união dos mercados de capitais – algo que também já foi abordado durante o Fórum do BCE. “Aqui, fez-se menos [do que na união bancária]”, realçou a economista-chefe do FMI. “Mas é extremamente importante”.

Gita Ginopath identificou as três principais questões que, em conjunto, reforçarão a união dos mercados de capitais, com regras mais uniformes.

Uma instituição central para união do mercado de capitais

A economista-chefe do FMI sugeriu a criação de uma instituição que trouxesse mais estabilidade, ao promover “capital alternativo à banca” para as empresas da zona euro que necessitam de financiamento. Reconheceu, contudo, que esta “instituição central para instituições não financeiras” seria “difícil de construir”, mas de grande importância. “Tem de haver diversificação nas fontes de financiamento das empresas, que é altamente dependente no financiamento da banca”.

Outro objetivo desta instituição central seria “o de tornar os ativos da zona euro mais seguros”, adiantou.

Além disso, na opinião de Gita Ginopath, as questões de transparência e de reporte das empresas europeias, assim como os regimes de insolvência dos países que integram a zona euro carecem de uniformização para aprofundar a união dos mercados de capitais. “A transparência é insuficiente”, salientou, “e isso quer dizer que, quando se olha para os standards de reporte das empresas, não existe uniformidade”.

Sobre a necessidade de mais uniformidade dos regimes de insolvência na zona euro, a economista-chefe disse que “existe muita heterogeneidade nos regimes de insolvência e, repito, a zona euro devia ter standards mínimos para as insolvências”.

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