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Sem transferências sociais, 90% das pessoas com 65 anos seriam pobres

A longevidade implica uma nova atitude perante a poupança, perante as políticas públicas e perante os comportamentos que levam a doenças.
30 Novembro 2019, 16h00

Os portugueses com rendimentos médios elevados têm um nível de poupança sobre o rendimento da ordem dos 15,3% e um nível elevado de confiança naquilo que pouparam, mas esperam retirar anualmente cerca de 10,7% das poupanças acumuladas.

Estes números são retirados de um estudo apresentado recentemente em Londres pela gestora Sangita Chawla, Head of Retirement Savings da Schroders. Isto significa que em menos de 10 anos as poupanças acumuladas ao longo da vida irão desaparecer. E aqui estamos a falar de um survey com um grupo de inquiridos que estão no segmento elevado do estrato social.

No entanto, do outro lado, existe uma outra realidade. Refere a professora da Nova de Lisboa, Maria João Valente Rosa que “a vulnerabilidade da faixa etária mais velha é enorme” e revela que 90% das pessoas com mais de 65 anos seriam pobres sem as transferências sociais, e aos 75 anos o impacto melhora para os 18%. “Estes são reformados que não se prepararam e é bom que se comece a discutir este futuro”.

O tema da longevidade e o modelo das contribuições para o período pós ativo que se pode prolongar por 20 a 30 anos em média é crítico para o setor segurador. Este está a oferecer novos produtos de longo prazo, embora as contingências de solvência II e o ambiente financeiro de taxas de juro negativas há vários anos, impeça o lançamento de novas soluções. Curioso que no estudo da Schroders sobre reformas exista uma tendência para poupar e investir mais e a iniciativa é liderada pela geração “millennial”, contrastando com a escassez de poupança da geração “baby boomer” que está agora nos 60 anos. No survey refere-se que os “millennials” são a geração que atinge um nível de 38% em termos de conforto com o volume de poupanças que estão a gerar para a reforma. Por outro lado, a Schroders conclui que esta geração é aquela que coloca de parte a percentagem mais elevada de rendimentos para poupança, cerca de 15,9% do rendimento anual. Aquilo a que estes analistas chamam a “geração silenciosa”, ou seja aqueles que irão trabalhar para além dos 71 anos, apenas conseguem poupar cerca de 13,1% do rendimento anual. No entanto, os “millennials” são também a geração mais preocupada com o futuro e a que demonstra maior impulsividade e ansiedade (que outras gerações).

 

Seguros
O papel dos seguros é dar respostas mas Ana Mota, da MDS, alerta que “a maioria dos jovens não tem consciência que tem de ser um dos principais financiadores da sua própria reforma”. E quando se fala de seguros de saúde, a diretora da broker MDS reforça que “há um caminho para percorrer, mas já se nota uma preocupação do mercado em se adaptar”. Dá o exemplo do facto de a grande maioria dos seguros de saúde não ter idade limite de permanência. Por outro lado, a prevenção passou a ser o focus. Diz Ana Mota que se passou “da visão do seguro de saúde como mero pagador de despesas a agente de prevenção, com a introdução de check-ups na sua oferta e privilegiando medidas ao nível de cuidados de bem-estar”. E é a literacia financeira o “cavalo de batalha” de todos os seguradores que estão no setor. O objetivo, tal como afirmam os intervenientes no fórum é levar as pessoas a adotarem comportamentos mais saudáveis quer para o controlo do aparecimento das doenças, quer para o controlo das doenças graves.

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