Sensei recebe financiamento de 5,4 milhões de euros e vai abrir “lojas autónomas” como as da Amazon

A startup Sensei, que desenvolve tecnologia para lojas e supermercados, fechou uma ronda de investimento seed de 5,4 milhões de euros e prepara-se para, em conjunto com parceiros do retalho, abrir lojas autónomas – em que o cliente não tem de estar em filas (até porque não há caixas) e paga depois de sair com os sacos.

O financiamento foi liderado pela espanhola Seaya Ventures e pela gestora de investimentos portuguesa Iberis Capital, tendo contado ainda a participação do fundo 200M – gerido pelo Banco Português de Fomento – e o atual investidor LeadX Capital. O montante faz com que a Sensei some 6 milhões de euros em capital angariado e permite à empresa acelerar o crescimento da equipa e a expansão na Europa.

“A Sensei trabalha com retalhistas de grande dimensão, cuja identidade ainda não podemos revelar. A abertura das primeiras lojas autónomas está para breve”, disse ao Jornal Económico (JE) o cofundador e CEO da empresa, Vasco Portugal. O empreendedor referiu ainda ao JE que a duplicação de equipa – que hoje é de 30 pessoas -“visa essencialmente Portugal”, onde a startup nasceu e tem escritórios (na zona do Marquês de Pombal, em Lisboa, e em Castelo Branco), embora esteja “a desenvolver mercados como Reino Unido, Espanha, França, pelo que será natural alocar equipa a essas geografias”.

O que significa uma loja autónoma?

É um espaço físico de compras onde reina a tecnologia (câmaras, sensores, algoritmos de inteligência artificial…). Parte-se do princípio de que o cliente só precisa de tocar naquilo que vai adquirir, tornando-se desnecessário fazer o scanning dos produtos e, assim, de estar em longas filas. A ideia é que os estabelecimentos mantenham o mesmo aspeto, a que o consumidor já se habituou, mas os pagamentos e recibos sejam processados de forma 100% digital e automática, depois de a pessoa sair. Em termo de operação, os retalhistas passam a ter mais controlo sobre o inventário (em tempo real), rutura de stocks e melhor entendimento das preferências de quem os frequenta.

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, a Sensei lembra que, segundo a consultora McKinsey, as lojas do futuro irão melhorar a experiência do cliente e o envolvimento dos funcionários, através de uma gestão mais transparente e tecnológica, pois existe procura por formas de pagamento sem atritos e por cadeias de retalho que respondam às necessidades de conveniência, o que implica uma compra mais rápida e igualmente segura.

Ou seja, os consumidores pretendem tirar proveito da “era das lojas omnicanal”. “A Sensei permite uma enorme eficiência e redução de custos para a indústria do retalho, ao mesmo tempo que oferece uma experiência de check-out livre de fricção”, garante o investidor Luís Quaresma, sócio da Iberis Capital.

“Temos a ambição de mudar para melhor a forma como fazemos compras. A tecnologia da Sensei permite que os retalhistas tradicionais compitam ao mesmo nível com gigantes digitais como a Amazon. O nosso objetivo é melhorar fundamentalmente a experiência de compra em loja, convertendo-a numa experiência mais agradável e conveniente, erradicando os problemas crónicos do retalho, nomeadamente o tempo perdido em filas para pagar, e devolver aos clientes o controlo do seu tempo”, concluiu o CEO.

Fundada também por Joana Rafael, Nuno Moutinho e Paulo Carreira, em 2017, a tecnológica desenvolveu soluções de software, como perspetivas 360, que permitem detetar prateleiras vazias, ver o espaço que os clientes percorrem no local, perceber se os produtos expostos captam a sua atenção, contabilizar o fluxo de entrada e saída, bem como verificar se as interações dos indivíduos se traduzem em compras.

https://jornaleconomico.pt/noticias/sensei-aposta-no-retalho-de-luxo-353415