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Sessão solene reduzida na Assembleia da República e desfile substituído por ‘Grândola’ à janela

Na Assembleia da República, a maioria dos partidos concordou em realizar a sessão solene no parlamento adaptada às restrições da pandemia – CDS e Chega foram contra e PAN e Iniciativa Liberal preferiam outro formato de comemorações -, numa cerimónia que só por quatro vezes não aconteceu ao longo das últimas quatro décadas.
25 Abril 2020, 09h18

Os 46 anos do 25 de Abril vão ser hoje celebrados de forma diferente, com uma sessão solene reduzida no parlamento, sem o tradicional desfile e com um apelo para que os portugueses cantem a ‘Grândola’ à janela.

Devido à pandemia de covid-19, a Associação 25 de Abril cancelou o habitual desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e fez um apelo para que os portugueses confinados em casa vão à janela pelas 15:00 e cantem a “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, repto a que já se associaram vários partidos, como BE, PCP e PAN.

Na Assembleia da República, a maioria dos partidos concordou em realizar a sessão solene no parlamento adaptada às restrições da pandemia – CDS e Chega foram contra e PAN e Iniciativa Liberal preferiam outro formato de comemorações -, numa cerimónia que só por quatro vezes não aconteceu ao longo das últimas quatro décadas.

A decisão de manter a sessão solene em pleno estado de emergência gerou polémica, dentro e fora do parlamento, com duas petições ‘online’, uma pelo cancelamento e outra a favor da sessão solene, a juntarem centenas de milhares de assinaturas.

A Assembleia da República, que já está a funcionar com restrições desde meados de março, – com um quinto dos deputados (46) em dia de debates e 116 parlamentares quando há votações – espera juntar hoje menos de cem pessoas entre deputados, convidados e funcionários na sessão solene, contra as cerca de 700 que estiveram nas comemorações do ano passado.

Nas bancadas, estarão, se todos os partidos cumprirem o combinado, 46 deputados, um por cada ano sobre a data da Revolução: 19 do PS, 13 do PSD, quatro do BE quatro do PCP, e um parlamentar por cada um dos restantes partidos – CDS, PAN, PEV, Chega e Iniciativa Liberal -, a que se soma a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.

O Governo apenas terá quatro elementos na sua bancada: o primeiro-ministro, António Costa, a ministra de Estado e da Presidência, o ministro da Defesa Nacional e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Os convidados, que deverão ser menos de duas dezenas, irão sentar-se nas galerias e não no espaço entre as bancadas dos partidos e do Governo.

A sessão arrancará pelas 10:00 com a intervenção do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e encerrará com a do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Pelo PS discursará a líder parlamentar, Ana Catarina Mendes, pelo PSD o presidente do partido e da bancada, Rui Rio, pelo BE o deputado Moisés Ferreira, pelo PCP o secretário-geral, Jerónimo de Sousa, enquanto o CDS-PP não revelou quem representará o partido na sessão solene.

As restantes forças políticas apenas terão um parlamentar cada, que farão as intervenções: pelo Partido Ecologista “os Verdes” o líder parlamentar José Luís Ferreira, pelo PAN a presidente da bancada Inês Sousa Real, pelo Chega o deputado único André Ventura e pela Iniciativa Liberal o também deputado único João Cotrim Figueiredo.

Depois da sessão solene na Assembleia da República, que não terá os habituais cortejos no exterior, também não haverá o programa de visitas, o ‘Parlamento de portas abertas’.

O primeiro-ministro, António Costa, vai deixar uma mensagem alusiva às comemorações do 46º aniversário do 25 de Abril, pelas 15:30 horas, e “abrirá” aos cidadãos, através da Internet, a residência oficial de São Bento.

Em vez de abrir os jardins à população como habitualmente, o primeiro-ministro pediu aos diretores dos teatros nacionais portugueses e da Companhia Nacional de Bailado que pensassem numa forma de celebrar o 25 de Abril, tendo resultado a obra de teatro documental “Agora Que Não Podemos Estar Juntos”, criada pela companhia portuguesa Hotel Europa, e que será transmitida pelas 15:30 nas plataformas online do Governo.

Em Belém, o Presidente da República também dedicará a tarde à Cultura, recebendo em audiências separadas, entre as 14:00 e as 19:00, seis associações da área dos livreiros, cinema, artes performativas, dança, museus, promotores de espetáculos e autores.

Em Portugal, a pandemia de covid-19 já causou a morte de 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas, e há 1.228 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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