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Setor da energia antevê ano competitivo pressionado pelos preços

A leitura do cenário de evolução do setor da energia em Portugal, para este ano, não é consensual entre os principais ‘players’ a operar no mercado nacional. Contudo, as empresas, num registo confiante, mostram estar atentas às exigências do mercado, nacional e internacional, bem como dos consumidores, ao procurar oferecer as mais diversas soluções. Entre as principais preocupações para este novo ano, surge, à cabeça, a questão do preço ‘da’ matéria-prima por excelência: o crude. Mas as atenções estão igualmente viradas para outros dossiês, como as alterações legislativas em resposta às diretrizes de Bruxelas, a carga fiscal ou os crescentes desafios colocados na esfera das fontes renováveis.
19 Janeiro 2018, 04h45

1. Quais são as expetativas da empresa para o setor em que opera para 2018?

2. Quais são os principais desafios identificados e qual a estratégia da empresa para os enfrentar?

 

Nuno Ribeiro da Silva , Presidente da Endesa Portugal

Instabilidade e Imprevisibilidade vão marcar 2018

1. Se bem que os indicadores económicos apontem para um crescimento moderado da atividade económica e, previsivelmente, da procura de eletricidade e gás, o ambiente político e regulatório que se vive no setor introduz enorme instabilidade e imprevisibilidade no enquadramento em que as empresas atuam, nesta área, em Portugal.

2. Para além do acompanhamento de toda a vasta e profunda alteração legislativa decorrente das decisões e medidas provenientes de Bruxelas, no plano estritamente nacional e dos mercados ibéricos da eletricidade e do gás, estamos decisivamente condicionados pela atuação casuística e imprevisível das autoridades nacionais.
Resumindo, interessa-nos acompanhar a evolução do processo que deverá levar ao lançamento de concursos para a exploração das redes elétricas de baixa tensão; pretendemos consolidar a nossa posição no mercado da eletricidade e do gás, enquanto segundo operador e o que, em geral, oferece tarifas aos clientes mais vantajosas e competitivas; e pretendemos continuar a operar e rentabilizar as centrais térmicas que operamos em Portugal.
Se a preparação dos concursos para as redes de B.T. se vai arrastando, já as recentes medidas tomadas ou anunciadas pelo Governo, com impacto na produção e comercialização, são desincentivadoras de um maior empenho no que respeita ao investimento e aprofundamento da presença no mercado nacional.

 

Pedro Oliveira, Presidente da BP Portugal

Preço do crude permanece como o grande desafio

1. O setor da energia, e o seu perfil evolutivo, tem tradicionalmente uma correlação direta com a evolução da economia no seu todo. Posto isto, e considerando que as expectativas da evolução económica para 2018 são positivas, a BP Portugal está muito confiante no que diz respeito à evolução do setor em que opera numa perspetiva agregada.

2. Um dos principais desafios do setor prende-se com o preço de compra da principal matéria-prima que transaciona: o crude. Embora sem correlação com a economia local, trata-se de uma variável com uma enorme influência no desempenho deste sobre a qual não temos o menor controlo. A política fiscal é outro dos elementos com um enorme impacto no desempenho do setor embora, uma vez mais, não tenhamos sobre a mesma a menor influência. Posto isto, um aumento do preço do crude, somado a uma política fiscal voraz, com forte impacto nos preços são fatores que podem condicionar a procura e o desempenho do setor. Ainda assim, a BP tem uma agenda que assenta na entrega sistemática de uma proposta de valor global altamente compensadora para o cliente. Tal proposta materializa-se, nos combustíveis, em programas de fidelização com ofertas vantajosas para os clientes mais fiéis, em produtos de qualidade, que promovem poupanças em consumo e menores emissões, e numa rede com uma capilaridade crescente (mais de 420 postos) de modo a promover uma oferta conveniente e próxima. Nos segmentos da aviação, lubrificantes e marinha temos seguido uma estratégia análoga, naturalmente declinada pela especificidade de cada uma dessas áreas.

 

Nuno Afonso Moreira, CEO da Goldenergy

Futuro passa por aprofundar mercado livre

1. Tenho muitas expectativas para o próximo ano. O cliente estará no centro da nossa preocupação, quer ao nível do preço quer ao nível da qualidade de serviço. Estamos hoje cada vez mais seguros de que, se por um lado, o preço é uma das condições mais importantes para a mudança de comercializador, por outro, também sabemos que o serviço que prestamos é indubitavelmente o fenómeno que os motiva a permanecer na Goldenergy. Este será o aspeto que mais quero relevar para o ano de 2018. Conhecemos cada vez melhor o nosso cliente e queremos que seja um parceiro ativo no processo de crescimento da Goldenergy. Vamos ter muitas novidades. O preço da energia atingiu em 2017 máximos históricos que acabaram por criar uma constante pressão sobre os comercializadores. Muito embora esta realidade não seja percecionada pelos consumidores, a quem foi prometida uma redução de preços com o mercado liberalizado, mas que continua a não assistir a essa redução prometida. Compete pois à Goldenergy proporcionar essa esperada mais-valia no setor e em 2018 iremos, como no passado, manter os melhores preços do mercado energético.

2. Em Portugal temos assistido positivamente ao desenvolvimento do mercado liberalizado, com a constante entrada de novos operadores no setor, o que demonstra uma enorme vitalidade do mercado e uma confiança que importa enaltecer, de investidores nacionais e estrangeiros. Não tenho dúvidas que, para 2018, importa continuar o desafio de aprofundamento do mercado livre. Estou absolutamente convicto de que a experiência Portuguesa é um benchmarking a nível europeu e as recentes alterações legislativas e regulamentares, irão contribuir para manter a vitalidade no setor energético. Estas recentes alterações legislativas serão em 2018 um grande desafio para todas as empresas de energia. Foi o que fizemos no tema da Tarifa Equiparada ao Mercado Regulado, na primeira hora percebemos que era uma exigência do mercado, dos consumidores e dos nossos clientes, por isso agarramos a oportunidade e em boa hora o fizemos. Ainda que para já não tenhamos certezas, estou convicto de que o ano de 2018 será inevitavelmente melhor ao nível dos preços da energia e esta boa notícia será o reflexo de um trabalho conjunto que tem vindo a ser desenvolvido no sector energético nacional e que em última instancia, irá privilegiar todos com maior destaque para os consumidores. O ano de 2018 serão um ano de muita confiança e esperança.

 

Iberdrola

Prioridade às Fontes de energia renovável

1. A Iberdrola pretende continuar a disponibilizar ofertas competitivas, com um serviço de excelência, apostando em fontes de energia renovável.

2. A meta de atingir meio milhão de clientes até 2020 é, atualmente, o maior desafio para a Iberdrola. Crescer de forma sustentável e robusta, para que, em 2020, a empresa possa cumprir os seus objetivos e manter a sua posição entre os líderes, a nível industrial e administração pública, bem como ver reconhecida a sua competitividade em todos os segmentos de mercado.

 

Repsol

Novas soluções e tendências ditam adaptação

1. A dinâmica do setor da energia tem desencadeado uma adaptação das empresas às novas soluções e tendências. O mercado continuará a crescer e a Repsol quer responder com novas ofertas ao nível dos produtos e serviços, sempre com foco no cliente. Somos uma empresa de energia com visão de futuro. Assim, a empresa procura manter-se sempre atualizada e competitiva. Para 2018, a Repsol tenciona consolidar a sua posição de relevo no mercado global de energia no que diz respeito a vários temas em destaque do seu setor: alteração de hábitos e comportamentos dos consumidores, introdução de novas soluções de mobilidade, novos desafios ao nível da regulação e a procura de soluções para as exigências ambientais.
A Repsol ambiciona ter cada vez mais clientes a procurarem soluções ambiental e economicamente mais favoráveis, com um maior foco na relação qualidade/preço e com a conveniência e facilidade de utilização.

2. Em Portugal, a estratégia da Repsol tem como prioridade responder aos desafios das energias alternativas, como é a questão do autogás, onde a empresa já é uma das maiores fornecedoras no país e está a criar mais 18 postos de abastecimento; a exploração de recursos energéticos com o projeto Windfloat, o primeiro projeto offshore em Portugal para a exploração de recursos energéticos em águas profundas do mar; a mobilidade elétrica, na qual a Repsol investiu em carregamento de carros e scooters elétricas; e o Complexo petroquímico, onde enfrenta o desafio da competitividade.
Através da Fundação Repsol, ajudamos e queremos continuar a ajudar o desenvolvimento de startups com projetos e ideias na área da energia e da mobilidade, como são os casos da Inanoenergy e a C2C newcap que estão entre os vencedores da edição de 2017 do Fundo de Empreendedores.

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