A greve dos motoristas de combustíveis está marcada para daqui a uma semana. Para hoje estão marcadas reuniões com o sindicato dos motoristas e os patrões com o Governo, mas em separado.
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) anunciou na quinta-feira, 1 de agosto, que tinha pedido uma nova reunião ao ministério das Infraestruturas e da Habitação, tutelada pelo ministro Pedro Nuno Santos, para tentar evitar a greve marcada para dia 12 de agosto.
Esta greve ameaça voltar a parar o país depois da primeira greve a 15 de abril ter colocado Portugal à beira do colapso, foi marcada em conjunto com o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM).
Pedro Pardal Henriques disse a 1 de agosto que a reunião já tinha sido “informalmente aceite pelo ministério das Infraestruturas” e que deveria ter lugar hoje. “Há sempre a hipótese de a greve ser desconvocada, estamos sempre dispostos a negociar”, disse o vice-presidente do SNMMP em entrevista à RTP3.
Mas passados dois dias, a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) veio a público garantir que a “reunião simplesmente não existe”.
“A ANTRAM não foi convocada, não recebeu nenhum aviso de nenhuma convocatória de nenhuma reunião”, disse o advogado da ANTRAM, André Matias de Almeida à Lusa no sábado, 3 de agosto. Os patrões garantem estar disponíveis para negociar “desde que não seja sob chantagem e sob pressão e isso implica o levantamento do pré-aviso de greve”.
“Essa reunião é uma farsa que se destina, mais uma vez, a ludibriar a comunicação social e o povo português sobre uma alegada disponibilidade deste sindicato [de Mercadorias de Matérias Perigosas] para negociar”, afirmou o advogado que representa os patrões.
A ANTRAM tem uma reunião marcada para hoje no ministério das Infraestruturas, mas com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS). O encontro entre os patrões e a estrutura sindical afeta à CGTP vai ter lugar às 15:00 no ministério das Infraestruturas e da Habitação.
Sobre o facto de a reunião entre o SNMMP e o Governo não contar com a presença da ANTRAM, o vice-presidente do sindicato reconheceu que a “reunião não poderá produzir grandes resultados, pouco se adiantará”, disse, citado pela Lusa.
Neste momento, resta saber quais os serviços mínimos que o Governo vai fixar para a greve, depois de os sindicatos e de a ANTRAM divergirem nos valores entre os 25% e os 70%.
O que separa motoristas e patrões?
O vice-presidente do SNMMP criticou a ANTRAM por ter alterado as condições que já tinham sido negociadas e aceites pelas duas partes.
“Os motoristas foram enganados. Houve uma primeira proposta nossa de 1.200 euros de salário-base. Baixámos para os 900 euros e desconvocámos a greve de maio. A ANTRAM vem agora dizer que não aceitam os 900 euros e que só pagam 700 euros”, disse Pedro Pardal Henriques em entrevista ao Expresso.
Por seu turno, a ANTRAM criticou a nova proposta do SNMMP por implicar um aumento do salário face à proposta inicial.
“Não só esta nova proposta do sindicato de matérias perigosas é uma farsa na justa medida em que não implica nenhuma redução, pelo contrário, implica um aumento de 150 euros face à proposta inicial, como por outro lado não levanta o pré-aviso de greve sabendo que isso é uma chantagem total à negociação”, afirmou André Matias de Almeida à Lusa.
Já o vice-presidente do sindicato propôs algumas soluções que poderiam ajudar a quebrar o impasse: “Por exemplo, em vez de fazermos um contrato coletivo de trabalho só de dois anos, faça-se um de seis em que sejam estipulados à priori aumentos de 50 euros de ano para ano a partir de 2021. Não seria nada por aí além. Assim, passaríamos dos 700 euros de salário-base em 2020 para os 1.000 euros em 2025. Pelo meio, em vez dos 900 euros já propostos por nós para 2022, seria um valor mais baixo: 850 euros. Ficavam todos a ganhar: os motoristas iriam ganhar mais em 2025 e a ANTRAM não ia ficar refém dos pedidos de aumentos de motoristas em cada final de contrato de curta duração”.
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