Muitos fãs dos Cranberries conhecem a atuação da banda em Oslo, no dia 11 de dezembro de 1998. Foi a primeira vez que tocaram “Promises” ao vivo e tratava-se do concerto de homenagem aos laureados com o Prémio Nobel da Paz. John Hume e David Trimble foram distinguidos pelos seus reconhecidos esforços no bem-sucedido processo de pacificação das Irlandas. Esse sim, o verdadeiro prémio.

Cresci com as notícias de atentados do IRA e de nos contarem como o conflito se arrastava há décadas. Por isso fico verdadeiramente feliz ao saber que atravessar de uma Irlanda para a outra não é diferente do que acontece, por exemplo, quando se passa hoje de Portugal para Espanha pelas fronteiras raianas – não se nota.

A paz, que nos parece um dado adquirido quando nela vivemos, é sempre de uma enorme fragilidade. E regressamos então aos Cranberries, particularmente a Dolores O’Riordan, e de como um mau momento, uma má conjuntura, uma sequência de eventos e a fragilidade pode simplesmente deitar tudo a perder. Depois, fica só a ausência e a falta.

O Brexit pode colocar em risco a harmonia que existe entre os países da Irlanda e da Grã-Bretanha. Desejo que se tenha, sobretudo, cuidado.

* Síocháin significa “paz” em irlandês