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Síria garante que interceptou 71 dos 103 mísseis enviados por EUA, França e Reino Unido

O regime de Damasco divulgou um vídeo em que Bashar al-Assad é visto a trabalhar normalmente, numa altura em que os sírios se manifestam nas ruas da capital do país depois do bombardeamento levado a cabo esta madrugada pelos EUA, Reino Unido e França.
  • Khalil Ashawi/Reuters
14 Abril 2018, 10h39

A maioria dos mísseis disparados na Síria pelo Reino Unido, Estados Unidos e França terão sido interceptados por sistemas de defesa aérea sírios, de acordo com a Síria e a Rússia. Após o bombardeamento desta madruga, o regime de Damasco divulgou um vídeo em que Bashar al-Assad é visto a trabalhar normalmente, enquanto os sírios se manifestam na capital do país contra os ataques.

Os aviões de guerra e navios dos EUA e aliados lançaram 103 mísseis de cruzeiro e mísseis de superfície aérea sobre alegadas instalações de armas químicas utilizadas pelo regime de Bashar al-Assad. O ataque foi uma retaliação contra o “ataque químico” da semana passada em Damasco, atribuído ao regime de Assad, que causou 40 vítimas mortais.

Os ataques foram levados a cabo por dois navios norte-americanos estacionados no Mar Vermelho, com apoio aéreo tático do Mediterrâneo e bombardeiros Rockwell B-1 Lancer da base aérea da coalizão Al-Tanf na província de Homs, na Síria, segundo um comunicado do governo russo, citado pela agência RT.

Damasco terá conseguido interceptar 71 mísseis, usando sistemas de mísseis terra-ar de fabrico soviético, sendo que o Kremlin afirmou não ter tido acionado os seus sistemas de defesa aérea localizados na Síria para interceptar os mísseis americanos, britânicos e franceses.

 

May defende que bombardeamentos são “legais e justificados”

Theresa May defendeu que a operação militar conjunta na Síria, realizada pelo Reino Unido, EUA e França esta madrugada, são legais e justificadas. A primeira-ministra britânica explicou que o Reino Unido concluiu que a ação era “correta e legal”, sublinhando que “o uso de armas químicas não se pode tornar normal”.

“Não está em causa a intervenção numa guerra civil ou uma mudança de regime”, acrescentou May, numa declaração a partir de Downing Street. Referiu ainda que o país irá continuar à procura de uma solução diplomática.

Os três países bombardearam na madrugada deste sábado alvos que estarão associados a instalações de armas químicas utilizadas pelo regime de Bashar al-Assad. Donald Trump, que anunciou o ataque a partir de Washington, também já tinha dito que o objetivo era impedir “a produção, disseminação e utilização de armas químicas”.

Trump falava em Washington e começavam explosões em Damasco

“Ordenei às forças armadas dos Estados que lancem ataques de precisão contra alvos associados com as capacidades de armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad”, declarou o presidente dos EUA esta noite, na Casa Branca.

Ao mesmo tempo que Trump anunciava a operação militar reportaram-se várias explosões em Damasco, segundo noticia a Al-Jazeera. A mesma estação televisiva informa que as baterias anti-aéreas do regime “responderam ao ataque desta noite”.

Por seu lado, uma testemunha citada pela Reuters diz que Barzeh, uma zona na região norte de Damasco onde está instalado um laboratório científico, foi atingida pelo bombardeamento dos EUA e respetivos aliados europeus. O jornal “The Guardian” revela que quatro caças Tornado da Força Aérea Real (“RAF – Royal Air Force”) levantaram voo a partir do Chipre e lançaram mísseis contra uma antiga base militar na Síria, perto da cidade de Homs, “onde o regime sírio terá mantido precursores de armas químicas”.

Em conferência de imprensa no Pentágono, EUA, o general Joseph Dunford afirma que os EUA “identificaram especificamente” alvos para “mitigar o risco de forças russas serem envolvidas”.

O mesmo general, líder do Estado-Maior Conjunto dos EUA, assegura que “esta vaga de ataques aéreos terminou e por isso é que estamos a falar agora”. Ou seja, a conferência no Pentágono realizou-se após a conclusão da primeira operação de bombardeamentos na Síria. Quase ao mesmo tempo, a televisão estatal da Síria noticia que os mísseis que alvejaram Homs foram interceptados e não causaram danos.

Moscovo pediu reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU

A Rússia já reagiu aos eventos e anunciou que vai pedir uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que classificou de “ações agressivas” dos aliados dos EUA. “A Rússia denuncia com a maior firmeza o ataque à Síria, onde militares russos ajudam o governo legítimo a lutar contra o terrorismo”, disse o Kremlin num comunicado, citado pelas agências.

Através da rede social Twitter, o embaixador da Rússia nos EUA, Anatoly Antonov, criticou o ataque, dizendo que “está a ser implementado um cenário pré-desenhado”. Avisou ainda que “insultar o presidente da Rússia é inaceitável e inadmissível”.

“Nós avisámos que tais ações não serão deixadas sem consequências. Toda a responsabilidade por essas ações cabe a Washington, Londres e Paris”, sublinha a mensagem de Antonov. “Insultar o presidente da Rússia é inaceitável e inadmissível. Os EUA – o detentor do maior arsenal de armas químicas – não tem direito moral de culpar outros países”, conclui o diplomata russo.

[Título atualizado às 10h45]

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