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Síria: Rússia e Turquia voltam a aproximar posições

Os dois países, que estão em campos opostos em relação a Bashar al-Assad, concordaram na criação de uma zona desmilitarizada em torno de Idlib, bastião da oposição ao regime de Damasco.
18 Setembro 2018, 09h30

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, concordaram em diminuir a tensão na província de Idlib, na Síria, o último grande reduto fundamentalista ligado ao Daesh, contra o qual o regime de Damasco quer lançar uma ofensiva geral. Os dois líderes concordaram em Sochi, no Mar Negro, o estabelecimento até 15 de Outubro de uma zona desmilitarizada em Idlib, a ser patrulhada por policiais militares de ambos os países. A zona tampão que separará as forças do governo sírio e da oposição terá entre 15 e 20 quilómetros de largura ao longo da frente.

O acordo para a zona desmilitarizada prevê ainda a retirada de armas pesadas do dia 10 de outubro, informa a agência Fance Presse. O pacto é acompanhado por um memorando assinado em Sochi pelos ministros da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu e Turquia, Hulusi Akar, para estabilizar a área de separação desmilitarizada de Idlib. A Turquia prometeu trabalhar com a Rússia para acabar com os grupos armados radicais em Idlib.

Na reunião em Sochi, onde não esteve o presidente iraniano, Hassan Rohani, Putin acolheu Erdogan para “encontrar soluções” para a questão síria. Erdogan disse, citado pelas agências internacionais, estar confiante em que da reunião “uma nova esperança surgiu para a região”. Recorde-se que a Turquia apoia movimentos de oposição e milícias rebeldes ao regime sírio – precisamente o contrário da Rússia, que continua a apoiar Bashar al-Assad, mas Ancara diz que não mantém qualquer relação com grupos jihadistas, considerados organizações terroristas pelas Nações Unidas, como o Daehs ou qualquer outro grupo ‘herdeiro’ da Al Qaeda.

Enquanto se preparava para negociar com Moscovo, Ancara reforçará a sua presença militar em torno da província de Idlib. “Estamos a fortaler a nossa presença militar em Idlib. Não podemos permitir qualquer fraqueza”, disse Erdogan no final da semana passada. A Turquia colocou várias centenas de soldados em 12 postos de observação em redor da província rebelde, em conformidade com o acordo de distensão assinado no ano passado com a Rússia e o Irão no âmbito do chamado processo de negociações de Astana – que não contempla a presença de qualquer país ocidental.

A Turquia argumenta que uma ofensiva em Idlib significaria uma catástrofe para a população civil e iria desencadear uma nova onda de até 800 mil novos refugiados – que por certo iriam encaminhar-se para aquele país, que já abriga cerca de três milhões de civis sírios. Erdogan também disse que espera que “decisões positivas” sejam acordadas na Assembleia Geral da ONU, no final do mês.

Entretanto, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, acusou a Rússia e o regime sírio de ”punir civis que tiveram a coragem de se levantar contra o regime. Quando a Rússia e o regime de Assad dizem que querem combater o terrorismo, eles realmente querem dizer que querem bombardear escolas, hospitais e casas”, disse a diplomata norte-americana.

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