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Negociação multilateral impulsionou liquidez das ações na última década

As conclusões da análise contrariam a visão tradicional que a fragmentação prejudica a qualidade de mercado. No entanto, fez também crescer a volatilidade, segundo um estudo publicado pela CMVM.
24 Maio 2018, 07h25

A inclusão de ativos em sistemas de negociação multilateral (SNM), no seguimento da diretiva europeia dos mercados financeiros a partir de 2007, aumentou a liquidez e atividade de trading nos mercados, especialmente de ações. No entanto, fez também crescer a volatilidade, segundo um estudo publicado esta quarta-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A nossa análise indica que a liquidez geral (medida através dos custos de transação e impacto no preço) e a atividade de trading aumentou com o início da transação em SNM”, refere o estudo ‘Fragmentação e qualidade de mercado: o caso dos mercados europeus’, realizado por Paulo Pereira da Silva.

“A fragmentação não causou redução da precisão de preços ou da informação, mas alguns testes sugerem que a fragmentação está positivamente correlacionada com a volatilidade”, explica, sublinhando que é especialmente o caso para ações de maior dimensão e liquidez antes da entrada em vigor da regulamentação.

Introduzida em 2007, a maior da novidade da Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros (DMIF) foi a harmonização das estruturas de mercado. Para regular a concorrência entre os mercados, criou duas novas infra-estruturas, incluindo os sistemas de negociação multilateral, que permitem o encontro, dentro do próprio sistema de acordo com regras não discricionárias, de ordens de compra e venda de terceiros.

“As conclusões da análise contrariam a visão tradicional que a fragmentação prejudica a qualidade de mercado”, refere o autor. Pereira da Silva sublinha que, pelo contrário, houve um crescimento modesto, mas estatisticamente significativo, no rácio de rotatividade das bolsas de valores, que se verificou no aumento da atividade de transação.

O impacto variou consoante as bolsas e concentrou-se especialmente no dois anos que se seguiram à implementação da diretiva. Títulos listados na Finlândia, Itália e Holanda colheram os maiores benefícios, enquanto Alemanha, Espanha e Portugal são os países onde menos impacto se sentiu.

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