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Sociedade de Oncologia alerta que “o cancro não espera em casa”

“A campanha pretende sensibilizar a população para estar atenta a sintomas que possam estar relacionados com o diagnóstico de cancro, para as pessoas não deixarem de procurar ajuda médica”, afirma a presidente da SPO, Ana Raimundo, sublinhando que, se for preciso fazer um diagnóstico, ele deve ser feito “o mais precocemente possível”, evitando fases mais avançadas da doença.
15 Janeiro 2021, 08h53

A Sociedade Portuguesa de Oncologia alerta os doentes para a importância de não ficarem em casa, por medo da pandemia, lembrando que os hospitais são seguros e que é importante manter o contacto para não atrasar diagnósticos.

A campanha “O Cancro não Espera em Casa”, da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), pretende lembrar a importância do diagnóstico atempado e do acompanhamento dos doentes oncológicos, insistindo que o doente não pode deixar de procurar ajuda médica, mesmo em tempo de pandemia e com um novo confinamento, que hoje começou.

“A campanha pretende sensibilizar a população para estar atenta a sintomas que possam estar relacionados com o diagnóstico de cancro, para as pessoas não deixarem de procurar ajuda médica”, afirma a presidente da SPO, Ana Raimundo, sublinhando que, se for preciso fazer um diagnóstico, ele deve ser feito “o mais precocemente possível”, evitando fases mais avançadas da doença.

Em declarações à agência Lusa no dia em que arrancou um novo confinamento imposto pelo Governo, Ana Raimundo afirma: “Parece um contrassenso [dizer para a pessoa não ficar em casa] mas na realidade não é. É nas fases mais difíceis que não nos podemos esquecer que existem outras doenças [além da covid-19]”.

A especialista lembra os efeitos que o primeiro confinamento, no ano passado, teve nestes e noutros doentes, com os rastreios a ficarem suspensos, a maioria das consultas nos centros de saúde a fechar e as consultas de especialidade nos hospitais a diminuírem, o que levou a “uma quebra muito acentuada nos novos diagnósticos”.

De acordo com a SPO, o impacto da pandemia causou uma quebra de 60 a 80% dos novos diagnósticos de cancro e, segundo estimativas da Liga Portuguesa Contra o Cancro, mais de mil cancros da mama, do colo do útero, colorretal e de outros tipos ficaram por diagnosticar em 2020, devido à redução dos rastreios por causa da covid-19.

Reconhecendo que a covid-19 representa um risco acrescido, uma vez que os doentes oncológicos são imunodeprimidos pela doença e pelo tratamento e que isso se reflete no acesso às consultas e aos tratamentos, Ana Raimundo sublinha: “o que tinha de ser feito para tornar o percurso dos doentes [no hospital] mais seguro foi feito e os serviços reorganizaram-se”.

“Depende do sistema de saúde, mas também das populações”, frisa a especialista, insistindo que os hospitais são locais seguros.

A presidente da SPO diz que se observou uma recuperação de diagnósticos no final do ano passado, a partir de setembro/outubro”, e explica: “Agora estamos numa terceira fase e vamos ter novamente limitações em termos de consultas e meios com diagnóstico. Esta campanha destina-se exatamente a lembrar que as outras doenças [além da covid-19] continuam e não podem ser esquecidas”.

“Tendo em atenção a capacidade de resposta e as prioridades, temos de fazer algo para diagnosticar o mais rápido possível”, afirmou a responsável, sublinhando que é preciso continuar a encontrar alternativas e mecanismos de resposta a estes doentes.

A especialista considera que, neste momento, as situações mais complicadas estão nos centros de saúde, porque muitos médicos de medicina geral e familiar estão com tarefas ligadas aos rastreios epidemiológicos da covid-19, e nas cirurgias, pois em muitos casos implicam o recurso a camas de cuidados intensivos e equipas e o sistema está sobrecarregado.

Um despacho da ministra da Saúde enviado na quarta-feira para os hospitais decretou a suspensão da atividade não urgente e o adiamento da atividade cirúrgica programada de prioridade normal ou prioritária, desde que não implique risco para o doente, mas o documento não se aplica a hospitais como o Instituto Português de Oncologia.

Na primeira semana de 2021 foi atingido o número máximo de internamentos por covid-19 nas instituições do Serviço Nacional de Saúde desde o início da pandemia.

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