O ex-primeiro-ministro José Sócrates afirmou esta sexta-feira que várias acusações do Ministério Públicas sobre corrupção, acumulação de fortuna escondida e de ligação financeira com Ricardo Salgado “caíram” na decisão instrutória do juiz Ivo Rosa porque eram “mentiras, especulação e confabulação”.
O antigo governante era acusado de corrupção passiva e ativa, mas não irá a julgamento por esses crimes, depois do juíz ter dito que prescreveram e que não havia rigor nem provas suficientes na alegações do Ministério Público, cuja atuação criticou por várias vezes.
Sócrates afirmou, à saída do Campus da Justiça, que vai defender-se contra as três acusações de branqueamento de capitais e três falsificação de documentos que, juntamente com o seu amigo e alegado co-autor Carlos Santos Silva, irá ser julgado.
“Todas as grandes mentiras da acusação hoje caíram. A acusação da fortuna escondida é mentira. A acusação da corrupção é mentira, a acusação da ligação é completamente mentira”, sublinhou Socrates, que foi primeiro-ministro entre 2005 e 2011. “Tudo isso ruiu”.
“Todas as acusações monstruosas de proximidade a Ricardo Salgado, de corrupção na PT, na Lena, em Vale do Lobo, tudo isso ficou absolutamente demonstrado não apenas que não há provas, [mas] também não há indícios e não há factos”, salientou.
Sobre os três crimes de branqueamento e três de falsificação de documentos, Sócrates sublinhou que vai defender-se, não sabendo ainda se através de recurso da decisão do juíz ou se em tribunal.
“Tudo isto é uma gravíssima injustiça, o que fizeram com esta acusação. A acusação tem uma motivação política, sempre teve”, disse.
Adiantou que essa motivação “está bem clara numa decisão do juíz que os senhores [jornalistas] se encarregam de branquear”.
“No momento em que o processo Marquês chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal a sua distribuição foi manipulada, viciada, para que o juiz Carlos Alexandre ficasse com o processo”, vincou.
“O Ministério Público cometeu um erro gravíssimo, mas não foi um erro, foi uma intenção, eles queriam-me insultar e foi a única motivação que fizeram”, acrescentou. “Prenderam-me e difamaram durante sete anos um inocente”.
Para o ex-primeiro-ministro, a comunicação social também teve responsabilidades no processo. “Não acham que deviam fazer uma autoavaliação? Nada disto teria chegado a este ponto se o jornalismo tivesse cumprido o seu dever”, disse aos jornalistas.
Sobre um eventual regresso à atualidade política, Socrátes disse: “Não quer partilhar isso com ninguém. Farei esse debate comigo próprio, não é uma coisa que queira partilhar com ninguém”.
[Atualizada às 19h05]
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