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Soluções que melhoram a vida das pessoas e formação para voluntários

O Santander Universidades e a U.Porto anunciam, hoje, o lançamento da formação “Inspira-te”. Sessão assinala o Dia Internacional do Voluntariado, conta com a presença do ministro Manuel Heitor e vai ter projetos vencedores do UNI.COVID-19.
5 Dezembro 2020, 17h00

A ideia surgiu da necessidade de Rogério Dionísio seguir os passos da mãe, uma anciã que vive numa zona rural do interior. O professor da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Castelo Branco concebeu um dispositivo que, através de um sensor, deteta se a pessoa que o utiliza der uma queda. A informação é lançada em forma de alerta para um familiar ou alguém autorizado para o efeito.

É uma ideia que se transforma em produto. Um produto que poderá vir a ser útil a muita gente. “Só no distrito de Castelo Branco – revela Rogério Dionísio – existem cerca de duas mil pessoas nestas circunstâncias”. A aplicação poderá ser replicada noutras zonas do país.

Da ideia ao projeto foi um passo e deste ao seu reconhecimento, outro. O projeto “ZELAR@CB – Zelar pelos idosos isolados em espaços rurais”, assim se designa, candidatou-se e venceu uma das mãos do Prémio Santander UNI.COVID-19. A iniciativa lançada pelo Banco Santander, com o lema “Tira as tuas ideias de quarentena”, desenvolveu-se em três fases, mobilizou perto de 400 projetos e trouxe para conhecimento público não só ideias interessantes, mas também soluções com pernas para andar do ponto de vista da sua rentabilidade futura, como aquela, cujos primeiros testes foram realizados no laboratório do Politécnico de Castelo Branco. Na prática, o prémio do Santander está a funcionar como ‘essas pernas’. Na ZELAR@CB, explica Rogério Dionísio, destinou-se a custear “o desenvolvimento e integração dos sistemas IoT e a realização de testes piloto com idosos residentes nas zonas rurais de baixa densidade populacional do distrito de Castelo Branco”. Na fase seguinte do projeto vai permitir a aquisição de equipamentos comerciais com mais robustez e capacidade.

O projeto ZELAR@CB mostra-se, uma vez mais ao país, esta sexta-feira, 4 de dezembro, no âmbito do Dia Internacional do Voluntariado, assinalado pelo Santander Universidades e pela Universidade do Porto com uma iniciativa conjunta, que, além de promover os projetos desenvolvidos por universitários neste ano de pandemia, também inclui o lançamento da iniciativa U.Porto Santander “Inspira-te”, a apresentar por Filipe Castro, da U.Porto Inovação. Trata-se de uma formação concebida para “inspirar e apoiar o desenvolvimento de projetos universitários com impacto social”, através da partilha de conceitos, ferramentas, casos práticos e experiências de projetos no terreno. Inclui módulos como inovação social, as necessidades no terreno e o papel das universidades, e como iniciar e gerir um projeto com impacto social. Arranca em março e podem candidatar-se professores universitários, técnicos de ação social e gestores de voluntariado e estudantes, residentes em Portugal ou no estrangeiro.

A sessão desta sexta-feira é online, devido à pandemia, e conta com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e os mais altos representantes do Banco Santander Portugal: Pedro Castro e Almeida, Inês Oom de Sousa e Sofia Menezes Frère, respetivamente presidente executivo e administradora e responsável do Santander Universidades. A U.Porto está representada por António Sousa Pereira, reitor, e José Castro Lopes, pró-reitor. Segue-se um debate sobre os principais desafios sentidos no terreno pelos projetos universitários, moderado pela responsável de Mecenato do Santander Universidades Portugal, Cristina Dias Neves.

 

Das explicações aos sem-abrigo
Idosos, sem-abrigo, iletrados em finanças, jovens a precisar de ajuda para melhorarem o desempenho académico mobilizaram os estudantes do ensino superior, que a partir das suas instituições procuraram (e encontraram) soluções muito díspares. No Técnico, em Lisboa, nasceu “Com ânimo, sem pânico”. Alunos da maior escola de engenharia do país construíram e gerem uma plataforma que realizou o “matching” entre alunos de secundário que precisaram de ajuda durante a preparação para a primeira e segunda fases dos exames nacionais e universitários que se voluntariaram para os ajudar. Beneficiaram cerca de duas centenas de alunos e famílias.

Outra plataforma nasceu na Universidade do Minho, mas com objetivo diferente. Doação e distribuição de materiais de proteção em lares de idosos, centros de dia e bombeiros, entre outros. Até junho, foram entregues através dela cerca de 13.000 materiais a 48 instituições. Os relatórios da atividade podem ser consultados online, numa prova de total transparência. Depois de umas semanas mais calmas no verão, os jovens percepcionam novas necessidades. Juntaram-se, então, à associação “Virar a página” contribuindo no esforço atual de distribuição de 2.500 refeições por semana a sem-abrigo e famílias vulneráveis. A necessidade de ajudar a associação, sobrecarregada com pedidos, levou os promotores do projeto a envolver mais jovens em torno desta ação, rondando no total os 100 voluntários. Surgiu, assim, uma nova vertente do projeto inicial MinhoCovid19, que, segundo os jovens, está a “crescer bastante”.

O leitor que esta sexta-feira se junte à sessão do Santander Universidades e U.Porto ficará também a conhecer o projeto que começou em março de forma virtual (via FB das Janelas Convida) e que com a candidatura ao UNI.COVID-19 passou ao terreno, com intervenção mais direta na comunidade. Estudantes na área de gerontologia visitam regularmente idosos aos quais ajudam com a medicação ou compras na zona de Viana.

Na cidade dos estudantes, a Associação Académica de Coimbra preocupou-se com os sem-abrigo, cujas condições de sobrevivência já de si difíceis foram agravadas pela pandemia. O projeto Street Store consistiu na recolha e doação de vestuário, bens alimentares, kits de proteção da Covid-19 com sensibilização para as medidas de proteção, rastreios de saúde e outros apoios. O envolvimento de duas dezenas de estudantes da UC foi literalmente uma mão amiga que se estendeu a uma centena de sem-abrigo.

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