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Sonae SGPS aumentou faturação em 7% no primeiro trimestre mas registou perdas de 59 milhões

No período em análise, o EBITDA subjacente fixou-se 5% acima do verificado no primeiro trimestre do ano passado numa base comparável, apesar do impacto das medidas de confinamento no final de março. A CEO da ‘holding’ do Grupo Sonae, Cláudia Azevedo, fala de uma “reação notável”.
20 Maio 2020, 23h47

A Sonae SGPS admite o impacto negativo do coronavírus na sua atividade no primeiro trimestre deste ano, mas, mesmo assim, conseguiu obter um aumento de 7,1% no seu volume de negócios consolidado, para 1.552 milhões de euros no período em análise.

No entanto, o grupo não escapou a 59 milhões de euros de prejuízos nos primeiros três meses deste ano, um indicador “altamente influenciado por um total de contingências ‘non cash’ de 76 milhões de euros relacionadas coma  Covid-19”, segundo o comunicado enviado há minutos para a CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

De acordo com esse documento, o desempenho financeiro da ‘holding’ do Grupo Sonae nos primeiros três meses deste ano “foi marcado por dois momentos distintos: os dois primeiros meses do trimestre com resultados muito positivos em todos os negócios e o início do surto do Covid-19 na Europa, que impactou o nosso portefólio a partir de meados de março”.

A Sonae SGPS registou um “crescimento sólido do grupo”, “impulsionado por um forte desempenho da Sonae MC”.

No período em análise, o EBITDA subjacente fixou-se 5% acima do verificado no período homólogo do ano passado numa base comparável, apesar do impacto das medidas de confinamento no final de março.

Por seu turno, o resultado líquido, foi “impactado por contingências contabilísticas diretamente relacionadas com o Covid-19 na NOS, SonaeSierra, Worten e Sonae Fashion – no valor total de 76 milhões de euros para a Sonae”.

Os responsáveis da Sonae MC destacam ainda a “sólida estrutura de capitais para enfrentar o contexto atual, com cerca de 500 milhões de euros, refinanciados desce o início de 2020”.

A dívida líquida da ‘holding’ do Grupo Sonae situou-se em 1.233 milhões de euros no final de março, 27,5% abaixo do ano passado, “com custo baixo e maturidade média de cerca de quatro anos”.

No que respeita à gestão do portefólio, o referido comunicado destaca que a participada Sonae Sierra “diluiu a sua participação em seis ativos core, através da criação do Sierra Prime, uma nova ‘joint-venture’ líder no setor imobiliário de retalho com a APG, a Allianz e a Elo”.

“Este foi um importante marco na estratégia de reciclagem de capital da empresa, permitindo um encaixe significativo para a Sonae e garantindo simultaneamente a manutenção da gestão destes ativos pela Sonae Sierra”, assinala o referido comunicado.

Neste documento, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae SGPS, salienta que “o início do ano foi muito positivo para a Sonae, com todos os nossos negócios a apresentarem fortes níveis de crescimento e a melhorarem os seus níveis de rentabilidade até fevereiro, demonstrando uma vez mais a solidez das nossas estratégias e propostas de valor”.

“No final de fevereiro, a Sonae Sierra concluiu a transação Prime, um marco muito importante na sua estratégia de reciclagem de capital, que fortaleceu ainda mais a estrutura de capitais da Sonae”, defende a empresária.

Cláudia Azevedo assinala que, “em março, a pandemia da Covid-19 atingiu as nossas principais geografias e começámos a viver um desafio sem precedentes”.

“Embora todos os nossos negócios tenham sido fortemente impactados por esta situação, tenho orgulho em afirmar que nossa reação tem sido notável. Nos últimos dois meses, testemunhei o modo como cada um dos nossos negócios e equipas se adaptou rapidamente a este novo contexto. Desde o primeiro dia, a nossa principal preocupação tem sido com a saúde e a segurança das nossas pessoas, enquanto continuamos a prestar serviços essenciais à sociedade e a apoiar as nossas comunidades”, sublinha a CEO da Sonae SGPS.

De acordo com a empresária, “implementámos desde logo soluções de proteção para as nossas pessoas que estão na linha da frente e trabalho remoto para todas as funções de escritório”.

“Mas, apesar de todas as medidas de segurança, algumas das nossas pessoas foram naturalmente atingidas por este vírus. Uma vez mais, seguimos rigorosamente todas as recomendações da Direção Geral de Saúde de forma a que todos tenham o melhor acompanhamento possível, ao mesmo tempo que minimizamos a possibilidade de contágio. Este é um acompanhamento diário, permanente, e assim continuará a ser até estarmos livres desta pandemia”, reconhece Cláudia Azevedo.

A CEO da ‘holding’ do Grupo Sonae admite que “esta situação coloca-nos a todos à prova e a nossa resposta coletiva demonstra a capacidade que temos de unir forças e agir em conjunto por um propósito comum”.

E destaca, “em particular, os esforços notáveis que fizemos para manter abertas todas as nossas lojas de retalho alimentar e eletrónica; adaptar todas as nossas operações de ‘e-commerce’ de forma a sustentar um forte aumento de três a cinco vezes nas vendas ‘online’; e manter as nossas redes de telecomunicações a operar sob níveis recorde de tráfego”.

“Este contexto demonstra também a qualidade e a resiliência do nosso portefólio de ativos. Em tempos difíceis para muitas empresas em todo o mundo, o portefólio diversificado de negócios líderes da Sonae oferece-nos a garantia de que iremos atravessar esta tempestade e sair dela mais fortes. Esta confiança é reforçada pela nossa abordagem conservadora em termos de alavancagem e financiamento, que nos permite enfrentar os próximos meses com os olhos postos no dia seguinte à crise”, assegura Cláudia Azevedo.

A empresária adverte que, “no entanto, os próximos meses serão duros e todos os nossos negócios serão, de uma forma ou outra, materialmente impactados”.

“Neste sentido, e por razões de prudência, registámos já no primeiro trimestre um conjunto significativo de
contingências ‘non cash’, no sentido de antecipar futuros impactos, nomeadamente na NOS, Sonae Fashion, Worten e Sonae Sierra. Além disso, nesta fase todos os nossos negócios estão a implementar iniciativas de preservação de recursos financeiros, não deixando de cumprir compromissos anteriormente assumidos e sem perder de vista oportunidades de investimento atrativas”, revela a CEO da Sonae SGPS.

Para Cláudia Azevedo, “dada a capacidade de adaptação que as nossas pessoas e os nossos negócios têm demonstrado, estou mais certa do que nunca de que superaremos esta adversidade e estaremos preparados para responder rapidamente às mudanças estruturais que, sem dúvida, moldarão o nosso futuro”.

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