Este final do primeiro semestre foi marcado por um conjunto de factos que merecem ser seguidos, uma vez que são importantes para se perceber a evolução da economia internacional a médio prazo. O primeiro destes é a projeção feita por instituições americanas de um crescimento recorde da economia dos EUA, que no segundo trimestre terá sido superior a 4,5% em termos anuais, e poderá ter sido o mais alto em 15 anos.

Entre os fatores que o explicam estão um défice comercial em maio inferior ao esperado, uma taxa de desemprego de 3,8% (a mais baixa em 18 anos) e um aumento do investimento devido, em parte, à redução de impostos.

Mas são muitos os que acham que haverá uma desaceleração, fruto da situação de pleno emprego da economia, da dívida pública recorde – que já atinge os 78% do PIB, o nível mais alto desde 1950 – e da perspetiva de guerra comercial (até a Harley Davidson vai deslocalizar produção para evitar os custos das tarifas, que na União Europeia aumentarão o preço da mota em cerca de 2.000 euros; Trump tweetou que será “o princípio do fim” da Harley e ameaçou a empresa com impostos “like never before”).

Com a taxa de inflação em 2,8%, o valor mais alto dos últimos seis anos, está aberta a discussão sobre a política monetária americana, tanto quanto à subida das taxas de juro como à necessidade de reduzir significativamente o balanço da Reserva Federal, que, com a crise, aumentou de 1 para 4,5 milhões de milhões de dólares. Portanto, é para acompanhar nos próximos meses.

Entretanto, sabe-se agora também, pela análise de imagens de satélite, que a Coreia do Norte está a expandir as suas instalações de construção de mísseis balísticos e de enriquecimento de urânio, depois de ter prometido desnuclearizar no encontro de 12 de junho entre Kim e Trump. Está portanto em causa a grande vitória diplomática de Trump (“there is no longer a Nuclear Threat from North Korea”, pôs ele no Twitter) e o valor real dos seus novos amigos. E, já agora, o que tenciona fazer, se é que vai fazer algo. Estará na agenda da sua reunião deste mês com Putin?

No México, as eleições tiveram como resultado a eleição de um presidente à esquerda e uma derrota histórica do PRI, reduzido a 16% dos votos. Agora a grande questão é qual vai ser a agenda política e económica de Obrador, o primeiro presidente com uma maioria no Parlamento desde 1997, num país onde nestas eleições foram assassinadas 145 pessoas, entre candidatos, políticos e funcionários, e onde a corrupção tem alastrado. Para já, uma promessa sua foi: “com uma cegueira quase doida, vou acabar com a corrupção.”

Enquanto isto se passava, por cá houve uma cimeira europeia.