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S&P mantém ratings do Santander e do BCP com perspetiva estável

A Standard & Poor’s reafirmou o rating do Banco Comercial Português, do Santander Totta e do Haitong Bank. No caso do BCP e do Santander manteve também a perspetiva estável, ao passo que no Haitong a perspetiva melhorou de negativa para estável.
28 Outubro 2021, 13h06

A S&P Global Ratings reafirmou hoje os ratings ‘BBB’ de longo prazo e ‘A-2’ de curto prazo no Banco Santander Totta e de ‘BB’ de longo prazo e rating de curto prazo ‘B’ no Banco Comercial Português (BCP). As perspectivas para ambos os bancos são estáveis.

“Ao mesmo tempo, revimos de negativa para estável a perspectiva do Haitong Bank  e reafirmamos os ratings ‘BB’ de longo prazo e ‘B’ de curto prazo do banco de investimento”, diz a agência de rating.

A Standard & Poor’s reafirmou o rating do BCP que ontem apresentou resultados a caírem 59% para 59,5 milhões devido às elevadas provisões no banco da Polónia.

“Reafirmamos os nossos ratings do BCP e mantivemos a perspectiva estável”, diz a S&P que acrescenta que ao longo dos próximos 12 meses, o BCP permanecerá sujeito a ventos contrários por parte da sua subsidiária polaca detida a 50,1%, o Millennium Bank, uma vez que os riscos de litígio relacionados com os empréstimos hipotecários antigos denominados em moeda estrangeira terão um impacto significativo nos resultados do banco. “Nas nossas previsões, assumimos que o Millennium Bank continuará a reforçar as suas provisões para os riscos [de litigância] ao longo do próximo ano, mas acreditamos que o impacto para o BCP se revelará globalmente gerível. Ao mesmo tempo, prevemos que o BCP continuará a apresentar fortes resultados antes de provisões na atividade doméstica e melhores rácios de eficiência do que os seus pares”, diz a S&P.

“A reestruturação recentemente anunciada que o BCP vai levar a cabo em Portugal – implicando uma redução do efectivo de cerca de 12% da sua mão-de-obra nacional – deverá contribuir para aumentar ainda mais a sua eficiência”, constata a agência.

Hoje também, o CaixaBank BPI assinalou analisou os resultados do terceiro trimestre do Millennium BCP, dizendo que os resultados saíram “ligeiramente acima do esperado”, e que excluindo o Bank Millennium o banco registou um “forte desempenho” com Portugal a superar as previsões em 28%. O BPI assinala que há espaço para pequenas revisões na estimativa de lucros por ação do BCP.

Santander Totta

No caso do Santander Totta a S&P diz que não melhora o rating do banco, o que seria expectável dado o suportado dado pela casa-mãe, porque a classificação do banco liderado por Pedro Castro e Almeida “continuará a ser limitado pelo rating soberano ‘BBB’ de Portugal, dada a elevada concentração do banco no seu mercado doméstico”.

“Consideramos a Totta uma subsidiária estrategicamente importante do Banco Santander”, defende a agência que argumenta que o banco poderia potencialmente ser classificado como ‘A-‘, até três graus acima de seu perfil de crédito independente.

“Embora esperemos alguma deterioração ao longo de 2021-2022, acreditamos que o banco continuará a demonstrar melhor qualidade de ativos do que os seus pares, o que suporta a nossa visão de um perfil de risco mais forte”, refere a S&P.
Após fortes esforços de provisões no ano passado, “esperamos que as perdas de crédito do Totta diminuam gradualmente nos próximos 12-18 meses. Além disso, embora o banco tenha incorrido em custos significativos relacionados com o seu plano de transformação ao longo do 1º trimestre de 2021, nós consideramos que são pontuais e ainda projetamos uma recuperação dos lucros nos próximos 12-18 meses. Em nosso cenário base, nós, portanto, acreditamos que o nível adequado de capital do Santander Totta é sustentado”.

O Santander Totta apresentou esta quarta-feira os resultados até setembro do ano, tendo caído 32,3% para 172,2 milhões de euros.

Haitong

“Revimos a perspectiva de negativa para estável do Haitong Bank e reafirmamos nossos ratings de crédito de emissor ‘BB / B’ de longo e curto prazo por reconhecermos a resiliência do banco durante pandemia e a redução dos riscos operacionais no sistema bancário português”, refere a agência de rating.

O Haitong Bank registou resultados positivos (embora mais fracos)  durante a pandemia, preservando a sua capitalização sólida e o seu perfil de risco. A S&P prevê que o banco de investimento continue a trajectória de rentabilidade.

Também “o apoio contínuo da sua empresa mãe (Haitong Securities) continuará a sustentar o perfil de crédito do Haitong Bank nos próximos anos, enquanto permanecer focado na reestruturação em curso de seu modelo operacional”.

Ao mesmo tempo, os ratings do Haitong Bank continuam a refletir a sua falta de escala no setor de banca de investimento e sua eficiência e rentabilidade comparativamente mais baixas face aos seus pares nacionais e internacionais, o que o deixa com uma capacidade reduzida de absorção de perdas, ressalva a agência. “Embora reconheçamos que a recuperação económica impulsionada pelo investimento em Portugal poderia parcialmente apoiar os esforços do Haitong Bank para melhorar a sua atividade empresarial, também acreditamos que a sua exposição a empresas de baixo rating continuará a pesar no seu perfil de risco”, refere a S&P.

Setor bancário

A deterioração da qualidade dos ativos tornar-se-á mais evidente após o vencimento das moratórias, diz ainda a S&P que analisa o sector bancário. “Contrariamente às nossas expectativas iniciais, vimos sinais limitados de deterioração da qualidade dos ativos até agora. No entanto, acreditamos que é apenas uma questão de tempo até que comecem os empréstimos problemáticos”, alerta a S&P.

A rentabilidade continua a ser o principal desafio para os bancos portugueses, refere a agência de rating que lembra que “as taxas de juros ultrabaixas, que são uma parcela significativa da carteira de hipotecas dos bancos e o stock ainda elevado de ativos improdutivos continuaram a pesar sobre a capacidade de geração de lucros dos bancos”.

Adicionalmente, as redes de balcões relativamente densas dos bancos portugueses pesam nos seus custos operacionais, com um rácio cost-to-income médio de cerca de 58% no final de 2020, “o que consideramos elevado, embora melhor do que a média da zona euro”. Por isso “antecipamos iniciativas adicionais de redução de custos, uma vez que os bancos portugueses tentam compensar as perspectivas de receitas limitadas, com o rácio de cost-to-income das operações domésticas”, realça a agência.

No que toca à rentabilidade a S&P considera no seu cenário de base, uma previsão de o ROE (return on equity) da atividade doméstica dos bancos portugueses se situe em torno de 2% a 3% este ano e no próximo, com uma heterogeneidade ainda considerável entre os maiores players.

Pela positiva a S&P consideras que os perfis de financiamento dos bancos portugueses estão a tornar-se menos arriscados, após a significativa desalavancagem ocorrida na última década e devido às limitadas perspetivas de crescimento do crédito no futuro. “Acreditamos que os bancos portugueses não deverão enfrentar riscos de financiamento mais elevados no futuro previsível, dada a sua posição de financiamento reequilibrada, necessidades de financiamento limitadas e ampla disponibilidade de financiamento do banco central. Além disso, acreditamos que os bancos portugueses manterão o acesso ao mercado de capitais nos próximos 12 meses, ainda que a um custo um pouco superior ao dos seus pares europeus”, diz a agência.

A S&P justifica que a economia portuguesa foi duramente atingida pela pandemia em 2020, mas acredita que há motivos para otimismo dadas as generosas subvenções e transferências da UE (referindo-se ao Plano de Recuperação e Resiliência).

Por ser uma economia pequena e aberta, com uma dependência significativa do turismo (cerca de 16,5% do PIB e empregando pouco menos de 19% da força de trabalho), Portugal foi duramente atingido pela pandemia, com o PIB real a diminuir 8,4% em 2020, diz a S&P. “No entanto, as nossas expectativas de crescimento para o país continuam positivas, dadas as generosas transferências da UE – mais de 30% do PIB em 2021-2026 através do Plano de Relançamento para a Europa e do orçamento da UE – e a percentagem mais elevada da população totalmente vacinada (atualmente acima de 86 %)”, diz a agência de rating.

“Esses fatores apoiarão uma recuperação impulsionada pelos investimentos, com o PIB provavelmente a crescer 5,1% neste ano e 5,7% no próximo, de acordo com nossas projeções”, adianta a S&P.

 

 

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