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Startups aceleradas pela Semapa e Techstars tentam captar investidores online: “Importa focarem-se no que controlam, liquidez e cash-flow”

Empresas de Portugal, Estados Unidos, Austrália, Israel e França deram a conhecer os seus projetos a mais 200 investidores internacionais. Hugo Augusto, diretor geral da Techstars Lisbon, garante ao Jornal Económico que irão continuar a acompanhar os alumni já a partir de junho.
28 Maio 2020, 19h25

Mais de 200 investidores ficaram esta quinta-feira a conhecer melhor as dez startups que a Semapa e a norte-americana Techstars estiveram a acelerar desde o início do ano. O derradeiro dia – o dos pitchs – aconteceu esta tarde e reuniu empreendedores de Portugal, dos Estados Unidos, Austrália, Israel e França, que tiveram menos de 2 minutos para captar a atenção da audiência.

Cada uma destas empresas de base tecnológica, entre as quais estão as portuguesas Rnters, EmotAi e Secret City Trails, recebeu 120 mil dólares (cerca de 108 mil euros) da Semapa Next e formação específica. Do estrangeiro vieram as startups Apres, Labby, Left, VueBox, ParaSpace, QSEE TicTacTrip, ávidas de poder acesso à rede de parceiros destas multinacionais.

“Desenvolveu-se um trabalho intenso nestes últimos meses para o qual estamos orgulhosos de termos contribuído. Hoje é um dia de celebração e uma oportunidade para todas estas startups e seus fundadores mostrarem o trabalho extraordinário que realizaram perante uma plateia, ainda que virtual, de investidores nacionais e internacionais”, disse o CEO da Semapa Next, Ricardo Pires.

Em entrevista ao Jornal Económico, Hugo Augusto, diretor geral da Techstars Lisbon, conta que o facto de o programa ter decorrido online e em durante o confinamento deu oportunidade de criar conteúdos específicos para fase, como gestão de crise e reforço da estratégia ou da tesouraria.

O programa deste ano foi sobretudo online. Para os empreendedores, este é um “não-assunto”, na medida em que não influencia a aprendizagem/apresentação, ou faz diferença?

O online é diferente do presencial, sem dúvida. Reconhecemos que o online possa ser mais desafiante pelo menor contacto interpessoal, mas de uma forma geral conseguimos ultrapassar esse desafio com o mínimo de disrupção. A enorme experiência da Techstars em fazer programas virtuais foi crucial e ajudou inclusive a reforçar o programa com conteúdos adicionais, nomeadamente sobre gestão de crise, adaptação da estratégia e gestão de tesouraria durante crises económicas, algo que foi muito valorizado pelas startups.

Como fazem o acompanhamento dos alumni?

No imediato, já em junho, continuo a ter reuniões semanais ou duas vezes por mês nos próximos três meses. Depois, passamos a mensais e, em seguida, trimestrais. As reuniões são complementadas com ferramentas para mantermos a comunicação viva e em tempo real tanto quanto possível. Estou constantemente a identificar oportunidades para conectar os founders à network da Techstars e da Semapa Next para os ajudar com as barreiras que vão surgindo no desenvolvimento do seu negócio.  Adicionalmente, temos iniciativas globais que juntam os nossos alumni: Business Development Day e o Investors Day que acontecem durante a FounderCon – uma conferencia só com Techstars alumni que acontece duas vezes por ano (uma na Europa e outra nos EUA). Vamos ter de esperar para compreender a próxima data.

Há rondas de investimento que estão a ser fechadas, porque estavam num estado de avanço que nem a pandemia podia travar. Como antevê o cenário de venture capital (VC) daqui para a frente?

Julgo que existe um consenso que ainda existe muita incerteza para se ter previsões bem fundamentadas. No curto prazo, segundo e terceiro trimestres, a incerteza vai levar a redução do investimento de VC e a uma redução das avaliações das empresas, ou seja, as empresas com crescimento forte e métricas de negócio sustentáveis vão ter oportunidade de levantar dinheiro, mas por existir menos oferta podem ter avaliações inferiores ao que seria no início do ano. Na minha opinião, o importante é as startups focarem-se no que controlam: a sua liquidez e o seu cash-flow. No nosso programa, adaptámos imediatamente em março as previsões de liquidez das dez empresas para que o runway seja superior a 18 meses porque é um imperativo para sobreviver mas também uma vantagem face ‘a concorrência (estudos recentes apontam que 60% das startups só tem liquidez para os próximos seis meses). Isto também ajuda a melhorar as avaliações, porque aumenta as opções disponíveis para as startups que têm a oportunidade ou a intenção de levantar capital neste momento. Felizmente, as empresas no nosso programa falaram com dezenas de investidores durante o programa e hoje temos mais de 250 investidores registados para o Demo Day, o que é uma vantagem para as nossas empresas mas também é um indicador positivo da atividade de investimento de VC.

Entre os mais de 150 mentores nacionais e internacionais que a organização convidou para as sessões estiveram João Castello Branco (CEO da Semapa), João Ricardo Moreira (administrador da NOS), Abel Aguiar (administrador da Microsoft Portugal), Nuno Bernardo (CMO da SuperBock), Jorge Bravo (administrador da IT Sector), Martin Henk (cofundador da Pipedrive), Domingos Bruges (CEO da Habit Analytics), João Caxaria (cofundador e CTO da Codacy), Pedro Ribeiro Santos (sócio da Armilar Ventures), Cristina Fonseca (sócia da Indico Capital Partners), Miguel Santo Amaro (investidor da Shilling Capital Partners) ou Hugo Oliveira (fundador e CEO da Indie Campers).

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