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Sucessão do fundador e dívida à banca são os problemas das empresas familiares

Sete em dez PMEs são empresas familiares e representam, no seu conjunto, 5,5 mil milhões crédito malparado. A atividade de private equity em Portugal quer afirmar-se como uma solução para reestruturar estas empresas.
17 Novembro 2018, 10h57

Martim Avillez, sócio da CoRe Capital Partners, uma empresa que investe capital  em pequenas e médias empresas (PMEs) em risco, falou sobre o contributo da atividade de private equity em dar “uma segunda oportunidade” às empresas familiares porque têm dificuldades de tesouraria e um défice de competências técnicas ao nível da gestão.

Num painel onde se discutiu o investimento em empresas familiares, promovido pela Mergermarket, na passada quinta-feira, 15 de novembro, o fundador do jornal “i”,  falou da expressão das empresas familiares no universo das PMEs portuguesas. “Cerca de 70% das PMEs são empresas familiares”, disse.

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O sócio da CoRe Capital Partners falou ainda da falta de competências técnicas das PMEs familiares. “Estão muito concentradas no fundador que, na maioria dos casos, têm menos de nove anos de educação formal, mas que têm o mérito de serem empreendedores e de terem adotado uma atitude comercialmente agressiva para entrarem no mercado”.

As empresas familiares enfrentam outro problema, que tem que ver com a sucessão. “Na Core Capital, descrevemos os fundadores destas empresas de ‘brain shareholders’, que conseguiram criar um produto único, com arte e engenho, que até consegue atrair a atenção dos mercados internacionais”, explicou. Mas, “quando o fundador chega a uma idade avançada, muitas vezes os seus descendentes não partilham do espírito empreendedor”.

A atividade da  CoRe Capital Partners centra-se na reestruturação da dívida destas empresas, com especial enfoque nas PME exportadoras que atuam no setor industrial . Dada a sua dimensão no mercado português, “representam uma boa oportunidade de negócio”, explicou Avillez.

“O nosso foco é encontrar empresas com dívidas e que precisam de uma segunda oportunidade. São principalmente empresas familiares com problemas de sucessão e o capital que investimos é importante para relançar as empresas e a economia”, disse.

Avillez descreveu a exposição da dívida das PMEs familiares que, em média, chega a ser entre “20 a 25 vezes superior ao respetivo EBITDA” (da sigla inglesa, lucro antes dos impostos, juros, depreciação e amortizações). Em relação ao setor bancário, a dívida total das PMEs familiares portuguesas constitui “5,5 mil milhões de euros em malparado”, explicou. “Tendo em conta a dimensão do mercado português, 5,5 mil milhões euros em malparado é muito”.

O crescimento da atividade de private equity representa, por isso, “a solução ideal para revitalizar estas empresas e, por reflexo, a economia portuguesa”, disse Avillez.

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