Questionada acerca das chamadas empresas ‘zombie’, que estão em atividade mas em situação débil, dependentes de apoios externos e com dificuldade de cumprir as suas obrigações, Susana Peralta deu dois exemplos distintos da abordagem do Governo: a TAP e a Dielmar.
Considerando que “há empresas que provavelmente têm mesmo de ir à falência”, a professora universitária deu como exemplo a Dielmar, afirmando: “ O Governo, e a meu ver – em todo o caso, com aquilo que pude observar […] – mas parece-me que bem, deixou cair a empresa”.
“O Governo, por exemplo, já não fez isso relativamente à TAP. Temos ali o maior ‘zombie’, que é uma espécie de ‘zombie’ buraco negro da nossa economia, e que o Governo, por alguma razão, quis deixar cair a Dielmar mas não quis deixar cair a TAP… enfim, eu pessoalmente não percebo muito bem porquê”, considerou.
A economista considera que uma empresa deve ser ajudada quando “está com um problema conjuntural” em que a ajuda que lhe pode ser dada “lhe permite rapidamente, num prazo curto – um ano, dois anos, seis meses, não faço ideia – voltar a andar pelo seu próprio pé”.
No caso da TAP, a economista considera que se adiciona o problema do custo afundado.
“‘Ah, agora que já gastei 1.200 milhões de euros na TAP, agora são só mais 800 milhões’. E, enfim, é um raciocínio errado do ponto de vista económico mas a maior parte de nós raciocina dessa forma. E sobretudo as pessoas, muitas vezes, a própria opinião pública tem muito esse raciocínio”, lamentou.
“Mesmo depois de gastarmos isto tudo, é sempre melhor deixar cair quando acharmos que aquilo não tem pernas para andar”, considera Susana Peralta.
Por outro lado, a docente na Universidade Nova de Lisboa salientou que “é muito importante de facto, ir deixando cair empresas sem nunca deixar cair as pessoas”.
“As empresas não comem iogurtes, as pessoas é que comem. Temos sempre de assegurar que as pessoas têm casa comida”, relevou, considerando, por isso, que é “preciso apoiar as pessoas com rendimento, como é evidente”.
No entender da economista, o apoio dá-se “não só com rendimento, mas também com políticas ativas de emprego, políticas de formação”, já que Portugal tem “o dobro da percentagem de adultos sem o ensino secundário” da União Europeia.
Assim, em termos de apoios sociais, Susana Peralta “gostaria imenso de ver um Estado que estendesse o cobertor, que o fizesse menos esburacado”.
“Ao estender estás a ir a mais pessoas, ao o fazer menos esburacado estás a fazer com que o crivo em cada nível de rendimento ou de educação seja uma peneira mais apertada para ter mais gente dentro. Isso vai custar mais dinheiro, mas eu acho que é muito importante dar segurança às pessoas”, considerou.
“Nós somos todos frágeis do ponto de vista psicológico”, e durante a pandemia de covid-19 viveu-se “um ano e meio em que as pessoas viveram completamente fora do seu esquema habitual”, afirmou a economista.
“Uma das maneiras de lhes dar segurança, e não é a única, é ter a certeza que as pessoas chegam ao fim do mês com dinheiro para pagar as contas”, vincou.
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