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Tancos: Maioria acredita que primeiro-ministro sabia do encobrimento do assalto, revela sondagem

Enquanto 65,2% dos inquiridos disse acreditar que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desconhecia o encobrimento do assalto a Bancos, 52,5% afirmou acreditar que António Costa tinha conhecimento.
17 Novembro 2018, 10h54

A polémica em torno de Tancos está longe do fim e continua a ter impacto na confiança dos eleitores sobre o que os altos dirigentes sabiam ou não sobre o alegado encobrimento do caso. Segundo uma sondagem realizada para o Jornal de Negócios e Correio da Manhã, mais de metade dos inquiridos disse acreditar que o primeiro-ministro, António Costa, tinha conhecimento do processo de encobrimento, escreve o jornal de economia este sábado.

Enquanto 65,2% dos inquiridos disse acreditar que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desconhecia o encobrimento do assalto a Bancos, 52,5% afirmou acreditar que António Costa tinha conhecimento, contra 38% que considera que o chefe do Executivo “não conhecia” e 9,5% que disse não ter opinião.

Em causa está o desaparecimento de material detetado no final de junho do ano passado. Na lista do arsenal roubado encontravam-se quase 1.500 munições de nove milímetros, mais de 100 granadas de mão de diversas valências, 44 granadas-foguete antitanque de 66 mm e vários explosivos de elevada potência. O material foi encontrado encontrado na zona da Chamusca, a 21 km dos paióis de Tancos. A Polícia Judiciária Militar recuperou quase todo o material militar que tinha sido furtado, à exceção de munições de nove milímetros.

O Tribunal de Instrução Criminal em Lisboa abriu um processo para averiguar o caso e no âmbito da operação “Húbris”, como ficou conhecida, foram constituídos nove arguidos, sete militares e dois civis. Entre os detidos encontra-se o diretor-geral da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira.

As suspeitas de que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, teria conhecimento do encobrimento do caso criaram uma crescente tensão no Governo, que levou à demissão do governante e provocou polémica sobre um alegado conhecimento do Presidente da República e do primeiro-ministro.

O Presidente da República, em declarações ao jornal Público, há duas semanas, garantiu que “se pensam que me calam, não me calam”, a propósito das notícias que terão existido contactos entre a Presidência e o director da Polícia Judiciária Militar (PJM). “Nunca falei com o director da Polícia Judiciária Militar”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Já o primeiro-ministro, António Costa, estará disponível para prestar esclarecimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o ‘caso Tancos’, segundo fonte oficial do gabinete do chefe do Executivo ao Expresso da edição impressa de 3 de novembro.

A Assembleia da República votou favoravelmente da criação de uma CPI para investigar as consequências e responsabilidades políticas do furto de material militar em Tancos, proposta pelo CDS-PP, que tomou posse esta semana.

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