A TAP continua a ser fortemente afetada pela pandemia da Covid-19. A companhia aérea reduziu os seus voos em 68% em setembro face a período homólogo.
Mas apesar da grande redução dos voos disponíveis os aviões continuam com menos passageiros face ao ano passado, com a ocupação a ficar nos 60%, menos 20 pontos percentuais.
Estes dados foram partilhados com os trabalhadores da TAP pelo presidente interino Ramiro Sequeira, numa comunicação a que o Jornal Económico teve acesso.
“É essencial estarmos todos conscientes da realidade vivida pelo setor da aviação, a nível mundial, e pela TAP, em particular. Num contexto de elevada incerteza, a retoma está a ser muito lenta e a TAP, à semelhança das suas congéneres, terá de fazer o caminho da reestruturação para garantir a sua viabilidade”, defende Ramiro Sequeira na missiva.
Estes valores estão “em linha com o estudo da IATA que observa uma taxa de ocupação de 49% nos voos internacionais e de 64% nos voos domésticos, em agosto”.
A associação internacional prevê também que o “tráfego mundial caia 66% em 2020 e que valores similares aos de 2019 sejam recuperados apenas em 2024”.
Olhando para o curto prazo, os meses de inverno, o gestor disse que observa com “preocupação o comportamento da procura atual, abaixo da dos meses de verão e com reservas realizadas cada vez mais para o curto prazo (maioritariamente para o mês seguinte)”.
Neste cenário, a TAP vai ter que “continuar a adaptar” o seu “planeamento de voos a esta nova dinâmica do mercado. A este cenário apenas será exceção o período das festas de fim de ano, durante o qual planeamos estar dimensionados para o ligeiro aumento da procura esperado”.
Sobre o plano de reestruturação, o presidente interino diz que o mesmo está “em preparação” e que a companhia vai procurar “a cada momento, dar-vos conta do seu estado e manter-vos envolvidos no mesmo, na medida da dimensão do contributo de cada um”.
TAP. Autoridade da Concorrência dá luz verde ao aumento de participação do Estado
A Autoridade da Concorrência deu luz verde esta semana ao aumento da participação do Estado na TAP. “Em 20 de outubro de 2020, o Conselho de Administração da Autoridade da Concorrência delibera adotar uma decisão de não oposição à operação de concentração”, segundo a decisão publicada pela AdC a 21 de outubro.
Esta decisão é sustentada no argumento que a operação “não é suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva nos mercados relevantes identificados”, de acordo com a entidade liderada por Margarida Matos Rosa.
O Estado, através da Parpública, aumentou em 22,5% a sua participação na companhia aérea esta ano, ficando com uma participação total de 72,5%. O empresário Humberto Pedrosa passou assim a deter 22,5% da TAP, através da HPGB SGPS.
A operação ficou fechada por 55 milhões de euros, com o empresário norte-americano a encaixar 44,4 milhões, e a companhia aérea Azul a ficar com 10,6 milhões de euros.
David Neeleman detinha um total de 68,1% do consórcio Atlantic Gateway, acionista da TAP, com a Azul a deter 16,2%, segundo documentos da companhia aérea brasileira.
TAP: Comissão de trabalhadores quer falar com chairman e CEO sobre futuro da empresa
A 20 de outubro, o Jornal Económico avançou que a Comissão de Trabalhadores da TAP (CT) quer falar com Miguel Frasquilho e Ramiro Sequeira sobre o futuro da companhia aérea. O pedido já foi feito ao presidente do conselho de administração e ao presidente interino da comissão executivo e a CT aguarda agora pela marcação das reuniões.
“Já pedimos reuniões para sabermos como está o plano de reestruturação e como estão as rotas ou o que se planeia para o futuro”, disse então ao Jornal Económico a coordenadora da CT da TAP, Cristina Carrilho.
Em cima da mesa vão estar quatro grandes temas: “O plano de reestruturação; perspetivas da TAP para o futuro, a reposição de frequências; está incluído também a venda de aviões; a questão laboral, obviamente, o que pensam fazer aos trabalhadores e com que trabalhadores”, enumerou a responsável.
Em relação aos 1.600 trabalhadores que vão sair da empresa este ano, “correspondem a trabalhadores da TAP SA [a companhia aérea]” que terminaram contrato ou que vão “terminar contrato até ao fim do ano e a TAP não está a renovar contratos.
“A maior fatia são tripulantes, mas também há pessoal de terra. Durante o fim de 2017, o ano de 2018 e ainda o inicio de 2019 foram feitas muitas contratações principalmente para bordo devido ao crescimento da operação”, destacou.
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