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Taxas de juro sobem em 2019. Como investir para ganhar com a mudança?

O Banco Central Europeu está a seguir uma estratégia que limite o impacto das mudanças monetárias nos mercados. Ainda assim, quando as taxas de juro abandonarem os mínimos históricos terá impactos (positivos ou negativos) nos investimentos.
  • Brendan McDermid/Reuters
19 Abril 2018, 06h55

As taxas de juro de referência da zona euro deverão abandonar os atuais mínimos históricos no próximo ano, segundo o consenso do que os analistas esperam que seja o curso da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). A inversão vai influenciar a rentabilidade dos ativos e João Zorro, responsável da área de Obrigações da GNB Gestão de Ativos, explicou ao Jornal Económico quais os melhores formas de antecipar a onda de mudança.

“Como resultado do atual desempenho do crescimento económico, espera-se que a prazo (2019) as taxas de juro na Europa entrem numa fase de ‘normalização’ e isso implica cuidados extra na gestão de ativos financeiros”, referiu João Zorro.

O responsável da área de Obrigações da GNB Gestão de Ativos explicou que desde que o BCE iniciou o programa de compra de ativos, em março de 2015, e a taxa de juro diretora caiu para mínimos históricos, um ano depois, os mercados de ações, dívida pública e dívida corporate têm vindo a valorizar.

No entanto, lembra que a sustentabilidade destes ativos quando o inverso de passar – retirada de estímulos por via do final do programa de quantitative easing e a subida das taxas de juro – não será garantida.

“A normalização do processo de política monetária europeu irá seguir a da Reserva Federal – primeiro termina-se o programa de compras de ativos e depois inicia-se a subida gradual das taxas diretoras”, afirmou. “A inflação não é para já um tema que obrigue o BCE a acelerar o processo de normalização. Assim, este deverá continuar com uma atitude de paciência e a conduzir este processo de forma muito pensada. Se assim for, os investidores terão tempo para se adaptarem e o impacto será menos sentido”.

Quais os investimentos que deverão beneficiar da inversão?

  • Ações de bancos e seguradoras

João Zorro considera que os ativos mais expostos ao crescimento económico serão os que poderão continuar a beneficiar de uma valorização positiva, mesmo num ambiente de subidas de taxa de juro. Dá o exemplo do setor acionista financeiro (bancos e seguradoras) que tiram partido de um duplo efeito – melhoria das margens financeiras e da redução de incumprimentos por via dos empréstimos às empresas e famílias que beneficiam de uma melhoria da economia. Refere ainda o setor acionista cíclico, que  está positivamente correlacionado com o ritmo de crescimento económico, como é o caso das utilities ou imobiliário.

  • Obrigações indexadas à Euribor

Na componente de dívida, o analista do GNB Gestão de Ativos aponta para as obrigações que têm o cupão indexado às taxas Euribor. Também refere as obrigações indexadas à inflação (que serão mais beneficiadas quanto mais surpreendente for a subida dos preços) e as obrigações que apresentam uma forte correlação entre o crescimento económico e a perceção de risco de incumprimento, ou seja, alguns setores ou emitentes do universo high yield e divida subordinada do setor financeiro.

  • Ativos de risco limitado

Zorro acrescenta que o pressuposto base de todas estas ideias é a que a normalização das taxas de juro não será feita de uma forma apressada e mal comunicada, para não causar choques no mercado. Ainda assim, há riscos. “Os dados macroeconómicos terão de continuar bem suportados e claro, a inflação não poderá surpreender pela negativa. Se estes pressupostos falharem, os mercados acionistas e de obrigações passarão por um período bastante negativo”, acrescentou.

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