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Táxis: Profissionais preparam-se para continuar protesto por tempo indeterminado

Os taxistas têm estado concentrados em Lisboa, Porto e Faro, com as viaturas paradas nas ruas, para tentar impedir a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros em veículos descaracterizados de transporte que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
19 Setembro 2018, 22h37

O ambiente na Praça dos Restauradores, em Lisboa estava pelas 20:00 mais calmo e com menos taxistas concentrados, com os carros a manterem-se aparcados pela Avenida da Liberdade, uma hora depois de ter sido decidida a continuação do protesto.

Alguns dos taxistas já tinham consigo mantimentos e sacos-cama para pernoitarem no local, enquanto outros foram a casa buscar bens que necessitam para continuar o protesto.

Os taxistas têm estado concentrados em Lisboa, Porto e Faro, com as viaturas paradas nas ruas, para tentar impedir a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros em veículos descaracterizados de transporte que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.

As duas entidades representativas do setor do táxi apelaram hoje para que os profissionais se mantenham em protesto nas ruas, depois de terem estado reunidas com os grupos parlamentares.

Após os encontros no parlamento, já nos Restauradores, local do início do protesto em Lisboa, o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio de Almeida, disse que tanto esta entidade como a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) entendem que o protesto deve continuar.

O taxista Paulo Alexandre disse à Lusa que já estava à espera que os partidos “tomassem a decisão de nada fazerem, principalmente o Partido Socialista” e, por isso, mostrou-se determinado para continuar no protesto.

“Tenho filhos para criar e não vou sair daqui”, vincou, acrescentando que tem esperança que as coisas mudem: “se a gente já não vive numa ditadura vamos conseguir”.

Mais radical foi um dos taxistas, que não quis ser identificado, e que se mostrou disponível para ficar no protesto “até ao Natal”, sublinhando que o PS “foi eleito com a ajuda de muitos taxistas e que pode ser que nas próximas eleições não seja assim”.

Outro dos taxistas salientou que “deve imperar o bom senso entre políticos e taxistas”, pelo que pretendem “ficar aqui o tempo que for necessário” para resolverem as suas “pretensões”.

Desde 2015, este é o quarto grande protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão, no parlamento, em 12 de julho, com os votos a favor do PS, do PSD e do PAN, os votos contra do BE, do PCP e do PEV, e a abstenção do CDS-PP.

A legislação foi promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de julho.

Os representantes do setor do táxi tinham enviado à Assembleia da República um pedido para serem hoje recebidos pelos deputados, a quem pediram que fosse iniciado o procedimento de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma e que, até à pronúncia do Tribunal Constitucional, fossem suspensos os efeitos deste, “por forma a garantir a paz pública”.

Um dos principais ‘cavalos de batalha’ dos taxistas é o facto de, na nova regulamentação, as plataformas não estarem sujeitas a um regime de contingentes, ou seja, a existência de um número máximo de carros por município ou região, como acontece com os táxis.

Estiveram hoje nas ruas perto de 1.500 carros concentrados nas três cidades, segundo a organização: perto de 1.000 em Lisboa, cerca de 200 em Faro e 280 no Porto. Desta vez, os táxis mantiveram-se parados nas ruas e não realizaram uma marcha lenta.

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