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Tecnologia “marcha” ao lado do imobiliário contra a crise

Visitas virtuais ou drones são cada vez mais uma realidade num dos setores mais “resilientes” durante a crise e que fechou o primeiro trimestre com um investimento próximo dos 1.500 milhões de euros.
26 Julho 2020, 11h00

As tecnologias ao serviço do setor imobiliário são cada vez mais uma realidade em Portugal. Visitas virtuais, drones, imagens em 360º e até o 5G são ferramentas inteligentes que, na opinião de Pedro Lancastre, já estão em “marcha” na luta contra a pandemia.

“Este tipo de ferramentas permite-nos chegar a compradores e investidores de todo o mundo. Durante a fase de confinamento, também foram estas tecnologias que nos permitiram chegar aos clientes nacionais – mas agora podemos tirar partido do que aprendemos nesta fase para adaptar a nossa forma de trabalhar com investidores, parceiros e potenciais compradores de todo o mundo”, refere o diretor geral da JLL, dando o exemplo de uma solução baseada em Inteligência Artificial (IA) que “é capaz de monitorizar quantas pessoas circulam à porta de uma loja num determinado horário, quais os padrões de movimento dos consumidores nos centros comerciais e de que tipologia de pessoas se trata”.

Apesar de concordar que estas tecnologias já eram usadas no setor residencial e começam a ser pensadas para o mercado corporativo, Francisco Horta e Costa frisa que, neste momento de crise, “muitas empresas estão mais focadas em sobreviver ou obter resultados e aguentar o barco e, por isso, não vão proceder já a este tipo de alterações tecnológicas”. Contudo, o managing director da CBRE acredita que “quando as empresas conseguirem meter a cabeça “fora de água”, sem dúvida que este vai ser um tema em cima da mesa e que vai andar mais depressa do que alguma vez pensámos”.

Por sua vez, André Rodrigues da Silva, arquiteto da Architect Your Home, explica que a empresa foi obrigada a mudar algumas das consultorias que fazia, dado que a primeira fase é muito de contacto com o cliente, e no início da pandemia isso tornou-se impossível. “Acabámos por fazer um serviço mais online para os clientes estrangeiros”, que continuam a ser 70% a 75% dos seus clientes.

A pandemia trouxe também o teletrabalho, uma realidade que irá sofrer alterações tecnológicas e mexer com a forma de trabalhar o setor. “Vai ter implicações no mercado da habitação, ou seja, a promoção de habitação no futuro vai ter de ter em linha de conta que as pessoas vão trabalhar parte do seu tempo em casa”, contudo, “as pessoas gostam de estar ocasionalmente em teletrabalho, mas não sempre”, pelo que toda a estrutura tecnológica “vai ter de ser pensada de raiz para funcionar sem falhas”, afirma Francisco Horta e Costa.

Já Pedro Lancastre olha para o segmento dos escritórios como “locais de excelência para a colaboração, a inovação, o networking, o mentoring e o team building, ou seja, situações que a tecnologia tem dificuldade em replicar”. Como tal, acredita que as empresas no futuro serão capazes de adaptar modelos de trabalho mais flexivéis e ajustados às necessidades individuais de cada colaborador, que “será um equilíbrio entre o tempo passado no escritório e o tempo passado a trabalhar remotamente”.

Olhando para a capacidade de resposta de investimento no setor imobiliário face à pandemia, Pedro Lancastre realça que este tem sido um dos setores mais “resilientes”, destacando um primeiro trimestre bastante forte e que acabou com um volume de investimento acima dos 1.480 milhões de euros (quase três vezes maior que o valor registado no mesmo período de 2019) e com um primeiro semestre superior em 45% ao do ano anterior.

“Todos estes fatores contribuem para que nos mantenhamos relativamente otimistas, acreditando que a recuperação do setor imobiliário acontecerá no próximo ano apesar de sabermos que isso dependerá dos desenvolvimentos respeitantes à contenção do próprio surto, e dos mecanismos que forem criados pelo Governo para que o nosso país continue a ser atrativo para quem deseja investir no imobiliário”, salienta.

Por seu turno, Francisco Horta e Costa sublinha que continua a haver muito interesse em investir em Portugal, em particular no mercado residencial para arrendamento, mas também em escritórios.

“O capital para investir neste país está completamente disponível e em quantidade para nos ajudar a sair desta crise. Assim nós consigamos debelar estas ‘nuvens’ que a pandemia traz”, conclui o responsável.

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