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Tecnológicas entre os maiores investidores ‘corporate’ do mundo

As gigantes tecnológicas mundiais têm vindo a consolidar o seu poder nos últimos anos, registando lucros enormes e valorizações exponenciais. A Amazon tornou-se uma das maiores investidoras do mundo, superando a russa Gazprom.
  • Noah Berger / Reuters
19 Agosto 2018, 19h00

Uma maneira comum de descrever a história da indústria de tecnologia é por ciclos de produto. A década de 1990 foi a era do PC; depois veio a internet e os telemóveis. Agora é a inteligência artificial que se aproxima. Nos últimos anos, verificaram-se mudanças profundas nestas empresas: a época dos lucros está a dar lugar aos reinvestimentos e o espaço físico ocupado por estas multinacionais passou de uma área semelhante ao Central Park para uma dimensão equivalente à de Manhattan.

A Amazon responde por quase metade deste espaço, segundo a revista “The Economist”. No final dos anos 90, Bezos dizia aos acionistas que a estratégia da companhia passava por capital eficiente e dava preferência a ‘dinheiro vivo’. Atualmente, o modelo é bastante diferente. Esta tecnológica tornou-se uma das maiores investidoras do mundo, com 25 mil milhões de dólares, acima da Gazprom, a gigante petrolífera russa: aquisições, pesquisa, investigação, desenvolvimento e reinvestimento ocupam uma parte substancial do capital investido pela Amazon. Na China, por exemplo, também a fabricante Xiaomi alocou dois mil milhões de dólares a áreas semelhantes.

Bezos foi um verdadeiro visionário quando, apercebendo-se do potencial da internet, largou a empresa onde trabalhava e correu atrás de um negócio que acabou por se sagrar vencedor: a Amazon, que hoje vende todo o género de produtos. Em julho de 1994, quando resolveu abrir o seu negócio, a ideia era revolucionária: o empresário queria vender livros pela internet.

Jeff já tinha estudado os hábitos de compras dos norte-americanos e descobriu que a venda de músicas e livros pela web seriam duas boas opções. Nas suas pesquisas descobriu ainda que as livrarias poderiam ter milhares de livros, mas nunca conseguiriam expôr todos os títulos disponíveis, portanto, um catálogo digital seria a solução. Um ano depois, o fundador colocava o site no ar. Durante os primeiros dias, Bezos atendeu aos poucos pedidos de clientes. Alugou uma garagem, em Seattle, e empacotava os livros. Mais tarde, o negócio descolou e contratou vários colaboradores.

Em entrevista ao “The Wall Street Journal” recordou que, durante as primeiras semanas, todos os funcionários trabalhavam até às três da manhã para empacotar e endereçar os pedidos. A única ação publicitária da Amazon foi espalhar alguns cartazes pela Barnes & Noble, que diziam: “Não encontrou o livro que procurava?” juntamente com o endereço do site.

Bezos queria uma empresa descentralizada, onde as ideias individuais prevalecessem. Além disso, o fundador era bastante preocupado com os feedbacks. Uma vez recebeu um email de uma cliente que se queixava de ter pedido ajuda ao sobrinho para abrir o embrulho. Quando Jeff soube disso, mandou redesenhar os pacotes. O espírito empreendedor colocou-o no topo da lista dos mais ricos do mundo.

Uma outra tendência das tecnológicas é a ambição por mais acesso a dados e tecnologia. A Microsoft comprou o LinkedIn por 24 mil milhões de dólares, em 2016. As empresas chinesas estão obcecadas em assumir participações em startups. A Alibaba e a Ten cent gastaram 21 mil milhões de dólares nos últimos cinco anos, tornando-se dominantes no capital de risco chinês.

 

As mais valiosas do mundo

Apple, Google, Microsoft, Facebook e Amazon são as marcas mais valiosas do mundo, segundo um estudo da Forbes. A dona do iPhone mantém-se na liderança do ranking há oito anos consecutivos e o maior motor de busca do mundo ocupa o segundo lugar há três anos. No conjunto, valorizaram-se 20% no espaço de um ano, como mostra o mais recente ranking da revista norte-americana.

Semelhante a uma nave espacial, a nova sede da Apple foi inaugurada no início deste ano, num investimento que rondou os cinco mil milhões de dólares. O novo edifício, referido por muitos como “o anel”, está localizado a cerca de cinco quilómetros da antiga sede em Cupertino, na Califórnia. O problema é que, no total, a empresa conta com 25 mil colaboradores e não há espaço para todos na nova sede.

Esta quarta-feira, as ações da Apple atingiram um valor recorde. Segundo a BBC, esta subida fez com que o valor de mercado da empresa atingisse um milhão de milhões de dólares, ou seja, um bilião. O aumento do valor das ações ultrapassou os 5% e fez com que cada uma valesse cerca de 201 dólares, valor muito próximo dos 207 dólares que seriam precisos para atingir o valor recorde. A marca apresentou esta semana resultados trimestrais, comunicando o melhor segundo trimestre de sempre. As receitas subiram 17% face aos mesmos meses do ano passado.

As gigantes tecnológicas mundiais têm vindo a consolidar o seu poder nos últimos anos, registando lucros enormes e uma valorização exponencial. A Apple (telemóveis), Google (pesquisa), Microsoft (software), Facebook (redes sociais) e Amazon (retalho) dominam os respetivos setores graças a produtos e serviços vencedores. Mas também pela força das respetivas marcas, o seu ativo mais valioso, que têm ajudado a impulsionar a procura e o poder de mercado.

No total, as cinco marcas tecnológicas fazem o seu negócio melhor do que qualquer outro grupo e são agora as cinco mais valiosas do mundo, num valor combinado de 586 mil milhões de dólares, mais 20% que no ano anterior, de acordo com o ranking de 2018 da Forbes, que acaba se ser divulgado.

A Apple lidera o ranking pelo oitavo ano consecutivo, com um valor de 182,8 mil milhões de dólares (mais 8%). Esta liderança mantém-se graças à base de fãs da marca e às vendas do iPhone X, o smartphone mais vendido no primeiro trimestre de 2018, com a China a representar perto de um quarto das vendas.

Apesar da Samsung ter vendido mais smartphones no quarto trimestre de 2017, estima-se que a Apple tenha conquistado cerca de 87% dos lucros da indústria dos telemóveis nesse período, graças à introdução no mercado do iPhone X por 999 dólares. A marca da maçã vale quatro vezes mais do que a concorrente sul-coreana, que ocupa a sétima posição do ranking, com um valor de 47,6 mil milhões de dólares.

Já a Google ocupa, pelo terceiro ano consecutivo, o segundo lugar entre as marcas mais valiosas do mundo, valendo 132,1 mil milhões de dólares (mais 30%). Em termos de valor, a Apple tem uma vantagem de 38% sobre a Google, embora esta tenha vindo a diminuir a diferença nos últimos anos. A subsidiária da Alphabet tem vindo a alargar a vários setores, como tecnologia para casas inteligentes, carros autónomos ou investigação do envelhecimento. Mas a maioria destas apostas são prejuízos. É a atividade de pesquisa empresarial que continua a ser a mais lucrativa. Apesar das tentativas de concorrentes como a Yahoo, Baidu e o Bing da Microsoft, o seu motor de pesquisa controla 80% do mercado global da pesquisa de internet.

No top das cinco mais, segue-se a Microsoft, que vale 104,8 mil milhões de dólares (mais 21%), o Facebook com 94,8 mil milhões (mais 29%) e a Amazon com 70,9 mil milhões (mais 31%). Esta última conseguiu ultrapassar a Coca-Cola, tendo sido esta a única mudança nas cinco maiores marcas. O ranking mostra que, na lista das dez marcas mais valiosas do mundo, apenas a Coca-Cola, que vale 57,3 mil milhões (6ª), Disney com 47,5 mil milhões (8ª) e Toyota, com um valor de 44,7 mil milhões (9ª), estão fora das tecnológicas. Na sétima posição ficou a Samsung e em décima a AT&T.

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