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Tesouro emite hoje até 1.750 milhões de euros em dívida a curto prazo

Em abril, a agência presidida por Cristina Casalinho pagou uma taxa de juros positiva numa emissão de dívida a três e 11 meses. Hoje regressa ao mercado para um leilão de Bilhetes do Tesouro de seis meses e um ano.
  • Cristina Bernardo
20 Maio 2020, 07h55

O IGCP- Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública regressa esta quarta-feira ao mercado para angariar até 1.750 milhões de euros, com um leilão duplo de dívida de curto prazo. Apesar de na última emissão de Bilhetes do Tesouro (BT), Portugal ter pago pela primeira vez uma taxa de juro positiva ao fim de quatro anos, o analista da Infinox consultado pelo Jornal Económico acredita que a taxa de alocação negativa conseguida nas maturidades colocadas em linha se deverão manter.

O Tesouro vai emitir BT com maturidades em 20 de novembro de 2020 e 21 de maio de 2021, com um montante indicativo global entre 1.500 milhões de euros e 1.750 milhões de euros. No último leilão comparável, a 18 de março, o IGCP emitiu 405 milhões de euros em BT a 12 meses, tendo pago uma taxa de alocação de -0,101%, acima dos -0,482% registados em janeiro. Colocou ainda 595 milhões de euros em dívida a seis meses, tendo pago uma taxa de -0,089%, que compara com os -0,487%, conseguidos na colocação anterior.

David Silva, analista da corretora Infinox, antecipa que em termos de procura deverá registar-me “uma procura acima da oferta, tal como é seu apanágio”. No entanto, assinala que “temos visto nas últimas sessões o apetite pelo risco a voltar ao mercado, o que poderá tornar a dívida governamental menos atrativa neste momento”.

Apesar de Portugal ter pago taxas menos negativas no último leilão de dívida a seis meses e um ano e de ter pago para emitir dívida a três e 11 meses, David Silva sublinha que “tanto a dívida a seis meses, como a dívida a um ano têm as suas yields em terreno negativo, pelo que, creio que enquanto tivermos um mercado com maior apetite pelo risco deveremos continuar a ter as taxas nestes valores, que de certa forma acaba por ser vantajoso por ter um custo de emissão mais baixo”.

No mercado secundário, os juros da dívida portuguesa a 10 anos negociavam esta terça-feira (cerca das 16h) nos 0,758%, seguindo a tendência de descida das periferias, depois da apresentação da proposta franco-alemã de 500 mil milhões de euros para o fundo de recuperação.

“A proposta da França e da Alemanha trouxe alguma confiança, uma vez que parece ter havido finalmente um acordo para uma cooperação na recuperação da economia europeia. Como já vimos anteriormente, estes eventos mais positivos têm trazido um sentimento de maior confiança e apetite pelo risco ao mercado, o que deverá ter impacto no custo de emissão da dívida e numa procura mais reduzida pelos bilhetes do tesouro”, realça o analista da Infinox.

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