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Tesouro mantém aposta nas obrigações a retalho apesar de custos elevados para o aforrador

Esta é a quinta emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) com as taxas de juro a caírem a cada nova colocação. Apesar de pagar cada vez menos, e de impostos e comissões bancárias reduzirem a rentabilidade, o IGCP tem tido sucesso com uma procura robusta por estes ativos.
  • D.R.
17 Julho 2017, 07h25

O Tesouro lança uma nova oferta de obrigações dirigida a investidores de retalho a partir desta segunda-feira, com a taxa de juro mais baixa desde a inauguração do instrumento para aforradores particulares. As Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) têm maturidade em agosto de 2022 e podem ser subscritas até dia 28 de julho, mas é necessário calcular se o investimento compensa mesmo.

É importante ter em conta que adquirir este ativo à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) tem custos associados. A taxa de juro bruta oferecida pelos bancos e corretoras é de 1,6%, pagos a 2 de fevereiro e 2 de agosto de cada ano até à data de amortização daqui a cinco anos, mas a rentabilidade do investimento difere consoante a instituição onde é feita a subscrição.

O mínimo de subscrição por investidor, referente a uma OTRV, é de mil euros, enquanto o máximo é de um milhão de euros, ou mil OTRV. As ordens têm de ser transmitidas em múltiplos de mil euros e subscritas junto de uma instituição de crédito.

A rentabilidade das obrigações é medida retirando o valor dos impostos (28%) e das comissões, que são estabelecidas pela instituição financeira. Estas comissões pagas aos bancos ou corretoras são fixas, o que significa que acaba por ser, proporcionalmente, mais caro investir menos.

Na última emissão de OTRV, que aconteceu em abril, a taxa de juro oferecida era 1,9% e, segundo as contas feitas pelo Jornal Económico através de um simulador da CMVM, num investimento de 10 mil euros, o valor das comissões a pagar variava entre os 87,59 euros e 1.012,06 euros.

No caso de duas instituições financeiras, as taxas internas de rentabilidade anual líquidas, que incluem o valor das comissões, era mesmo negativa. Apesar disso, a grande maioria dos investidores (89,6%, ou 56.477 de um total de 63.017 investidores) subscreveu, na altura, entre mil euros, o valor mínimo, e 20 mil euros.

Esta é a quinta emissão de obrigações do género, que serão colocadas através de oferta pública de subscrição dirigida ao público em geral pelo IGCP, com um montante indicativo de até 500 milhões de euros. A agência que gere o Tesouro português pode aumentar o valor até dia 21 de julho e, tendo em conta que a procura superou a oferta em 1,42 vezes na última emissão, é provável que o faça.

De acordo com o IGCP, a emissão das OTRV promove a aplicação da poupança de médio e longo prazo dos aforradores em títulos de dívida com caraterísticas idênticas às Obrigações do Tesouro, embora com remuneração variável. No entanto, a taxa de juro tem vindo a cair desde que o IGCP lançou este tipo de obrigação: em abril deste ano foi 1,9%, em novembro de 2016 foi 2%, em agosto do ano passado 2,05% e em março 2,2%.

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