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Theresa May prepara viagem a Bruxelas depois de oposição interna acalmar

Primeira-ministra teve várias boas notícias durante esta segunda-feira: afinal, parece que só há 24 cartas (e não 48) a pedir a sua demissão. Não chega. E Jeremy Corbyn disse que o pior cenário é um não-acordo – felizmente para ele, já há um.
  • Theresa May
20 Novembro 2018, 07h50

A primeira-ministra Theresa May prepara uma viagem a Bruxelas para se encontrar, entre outros, com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, depois de ter visto que a forte oposição interna que lhe prometeu luta sem quartel ter acalmado.

Ao final de segunda-feira – e apesar de todas as especulações nos últimos dias da semana passada – os jornais britânicos adiantam que o presidente do Comité 1922, Graham Brady, recebeu apenas 24 cartas de deputados conservadores pedindo um voto de desconfiança em Theresa May.

Ora, essas cartas são apenas metade das 48 que, no mínimo, Brady terá de receber para acionar o mecanismo que poderia levar à demissão da primeira-ministra britânica, o que leva os analistas a considerarem que a oposição interna liderada pelo deputado conservador Jacob Rees-Mogg não tem tanta força como aparentava na quinta e sexta-feira passadas, nem o partido está tão uniformemente convencido que esta é uma boa altura para se ‘desenvencilharem’ de Theresa May.

Esta ‘falsa partida’ dos apoiantes conservadores do Brexit duro pode mudar tudo em favor da primeira-ministra britânica: afinal, o plano gizado com Bruxelas pode mesmo ser a saída mais favorável para o país. Ou, pelo menos, será por certo mais favorável que envolver o Brexit numa disputa interna entre fações desavindas no interior do Partido Conservador.

Aparentemente, são assim boas notícias aquelas que Theresa May transportará para Bruxelas quando, algures por estes dias, tiver a sua próxima conversa com Jean-Claude Juncker. É que a acalmia depois de dois dias diabólicos na passada semana permitem concluir que o maior impactro já passou e que os fios condutores que May lançou no terreno – nomeadamente no que tem a ver com as associações patronais que preferem um Brexit suave a qualquer outra situação (salvo talvez que tudo se mantivesse como está) – estão a surtir efeito.

May teve também mais uma boa notícia esta segunda-feira (apesar de ser já esperada): os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia não puseram entraves de maior ao texto do acordo – salvo Espanha, que quer o ‘rochedo’ (Gibraltar) de volta e ameaça votar contra o acordo.

A (verdadeira) oposição a Theresa May, o Partido Trabalhista, passou esta segunda-feira a enredar-se nas suas próprias contradições – o que também não é propriamente uma má notícia para Theresa May: o seu líder, Jeremy Corbyn repetiu numa entrevista que os deputados trabalhistas estão preparados para votarem contra o acordo no próximo mês.

Mas, mais tarde na mesma entrevista, Corbyn acabaria por afirmar que o pior cenário para os britânicos seria um Brexit sem acordo. Ora, como não há alternativa ao acordo que Theresa May trouxe de Bruxelas, será difícil aos trabalhistas explicarem no futuro porque é que inviabilizariam um acordo (qualquer que fosse) se o pior cenário era um não-acordo.

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