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‘Too Good To Go’ quer combater desperdício alimentar e chega a Portugal após expansão europeia

A ‘Too Good To Go’ prende-se pelo fim do desperdício alimentar e por isso ajuda os restaurantes a ganhar um pouco mais de receita sem terem de deitar para o lixo comida em perfeitas condições. A plataforma de combate ao desperdício chegou esta terça-feira a Portugal.
29 Outubro 2019, 15h12

“Comer tudo o que se tem no prato” é uma frase bastante reproduzida quando se trata de crianças e foi com esse mote que a plataforma ‘Too Good To Go’ foi apresentada em Portugal. Com um terço dos alimentos produzidos a ter como destino o caixote do lixo, a plataforma pretende alterar esta premissa e dar outro destino aos alimentos já cozinhados que sobram, reduzindo este valor para metade até 2050.

Já existente em 13 países e com apenas quatro anos de existência, Madalena Rugeroni, country manager da plataforma em Portugal, assumiu que a ‘Too Good To Go’ conta com 17 milhões de utilizadores no total dos países e que até à data foram salvas 23 milhões de refeições.

Apesar de ser impossível quantificar quantas refeições vão ser aproveitadas, Madalena Rugeroni afirma ao Jornal Económico que a plataforma “está quase a chegar a uma refeição salva por segundo”, sendo que ainda existe muito trabalho pela frente, nomeadamente nos consumidores portugueses.

“Desde o processo de produção até ao consumo em casa, os portugueses desperdiçam, todos os anos um milhão de toneladas de comida”, sublinha a country manager para Portugal. Sem valor exato, estima-se que os portugueses desperdicem 50 mil refeições todos os dias, sendo que a plataforma pretende “otimizar o consumo dos portugueses, para que sejam mais conscientes e sustentáveis”, mas também ajudar os restaurantes a ganhar uma receita extra ou reduzir os excedentes.

A escolha de Portugal para a expansão em 2019 prendeu-se por “uma oportunidade muito grande de podermos fazer mais e melhor”, também devido ao grande excedente alimentar. A expansão por toda a Europa também é um fator importante, uma vez que “Espanha está em funcionamento há cerca de um ano e, no fundo, também fazia sentido atingir a Península Ibérica e para o sul da Europa”, explicou Madalena Rugeroni.

Para mostrar que está em Portugal para ficar, a plataforma, que teve origem na Dinamarca, escolheu a Makro e a Refood como parceiros de peso. Apesar de ter um volume de negócio na ordem dos 400 milhões de euros anuais e de existir há 30 anos em Portugal, a Makro tem um grande desperdício alimentar e dessa forma, uniu-se à ‘Too Good To Go’ para demarcar a responsabilidade social e sustentabilidade e reduzir até 50% o desperdício gerado nas lojas.

Tendo já alguns restaurantes parceiros, Madalena sublinha que “qualquer estabelecimento pode aderir” à plataforma. “Desde cantinas, bombas de gasolina, supermercados, hotéis, restaurantes independentes, pastelarias e cafés”, sendo apenas necessário ter autorização para vender comida e estar regularizado.

Ainda assim, um dos pontos mais importantes deste programa continua a ser a sociedade portuguesa. Questionada sobre os maiores produtores de desperdício, Madalena Rugeroni considera que é necessário “a sociedade portuguesa ficar mais consciente mas também é preciso alguma educação sobre o assunto”. “Apesar das pessoas estarem mais conscientes e informadas sobre o assunto, ainda há muita informação que se dispersa e que se perde” e por essa razão os comportamentos e atitudes relativamente à alimentação tem de ser mudada e os “hábitos de consumo afinados”.

Como funciona a plataforma?

A plataforma ‘Too Good To Go’ encontra-se disponível para qualquer smartphone e funciona através de ‘Magic Boxes’, ou caixas surpresas. “Os estabelecimentos não sabem o que lhes vai sobrar, e as boxes são entregues com os excedentes” do dia em questão, sustenta a country manager.

“A ‘Magic Box’ ronda entre os dois euros e cinco euros e a pessoa recebe três vezes mais aquilo que paga”. “Portanto, se pagar três euros, a pessoa vai receber uma refeição com o equivalente a perto de dez euros, e embora não saiba o que é, posso ver que tipo de restaurante é” e o tipo de refeições que estes fornecem, ou seja se for japonês conclui-se que seja uma iguaria do Japão.

Outro ponto positivo para os estabelecimentos é que são estes que decidem o horário de recolha, não necessitando que a recolha aconteça no fim do dia. “Quando se encomenda na aplicação e se vai buscar ao restaurante, basta mostrar o recibo na aplicação e recebe a ‘Magic Box’ que adquiriu”, garante Madalena Rugeroni.

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