[weglot_switcher]

Topo da agenda: o que não pode perder na economia e nos mercados esta semana

Reuniões de bancos centrais nos dois lados do Atlântico, um leilão de dívida portuguesa de médio prazo e uma cimeira inédita entre Donald Trump e Kim Jong Un – não faltam motivos de interesse para a economia e os mercados esta semana.
11 Junho 2018, 07h45

Leilão de Obrigações do Tesouro em momento delicado

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública vai esta quarta-feira tentar emitir até mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a cinco e 10 anos e provavelmente terá de pagar taxas mais elevadas do que pagou no último leilão, por dois motivos.

A 9 de maio, o Tesouro emitiu 724 milhões de euros com maturidade em 2023, com uma taxa de colocação de 0,529%, e 483 milhões deu euros com prazo de 2028, a uma taxa de 1,67%. No mercado secundário, a yield da dívida benchmark portuguesa, ou seja, a 10 anos, nessa altura negociava ligeiramente acima dos 1,70%, mas nas semanas seguintes subiu devido à incerteza política em Itália, tendo fechado a sessão de sexta-feira nos 2.06% A formação e as políticas de um Governo de coligação entre o anti-sistema Movimento 5 Estrelas e o partido de extrema-direita Liga estão a assustar os parceiros europeus.

A contribuir para a subida das yields na zona euro está também a ansiedade sobre quando e como o Banco Central Europeu vai começar a acabar programa de compra de dívida soberana, especialmente depois do anuncio de Peter Praet, economista-chefe do banco central que o Conselho de Governadores irá na próxima quinta-feira iniciar o debate sobre esse tema.

Draghi e o desmantelamento do programa

Praet desfez a ideia, expressa por vários analistas, que a reunião dos Governadores do BCE esta quinta-feira poderia ter escassez de novidades, com o banco a adiar decisões para julho. Será muito difícil para Mario Draghi evitar dar explicações sobre o debate do fim gradual do programa de compra de ativos, que tanto tem ajudado a manter as yields das dívidas soberanas da zona euro.

O italiano poderá até afirmar que qualquer decisão será anunciada em julho, mas os investidores vão estar atentos a sinais sobre como e quando o BCE estará a pensar o assunto, nomeadamente o que irá fazer após o prazo de setembro, até ao qual vai continuar a comprar 30 mil milhões de euros de dívida por mês, um ritmo que iniciou em janeiro deste ano.

Lançado em março de 2015 para estimular a inflação e o crescimento económico na zona euro, o programa já levou o BCE a adquirir 33.667 milhões de euros de dívida portuguesa, segundo dados divulgados esta segunda-feira pelo banco central. No total dos países do bloco, a instituições comprou 24.230 milhões de euros em maio e 2.04 biliões de euros desde o início do programa.

Fed deverá aumentas as taxas de juros

Do outro lado do Atlântico, também há reunião de política monetária esta semana. O Federal Open Market Committee da Reserva Federal norte-americana reúne terça e quarta-feira. “Tendo em conta os dados de desemprego e da inflação, vemos uma elevada probabilidade que a Fed decida aumentar a federal funds target rate nesta reunião”, referiu Charles Ma, da gestora de ativos AllianzGI.

Segundo os dados anunciados pelo US Department of Labor a 1 de junho, no mês passado a economia norte-americana criou 223 mil empregos nos setores não-agrícolas, muito acima da estimativa média de 188 mil empregos. A taxa de desemprego caiu para 3,8%, o nível mais baixo em 18 anos. Em abril, em pelo segundo mês consecutivo, a inflação nos EUA fixou-se nos 2%, ou seja, igual à meta da Reserva Federal, também abonando a favor da ideia de um aumento das taxas de juro.

A concretizar-se, seria o segundo aumento este ano. De acordo com o dot plot – resumo das previsões para os juros de cada membro do Comité – a Fed deverá implementar três subidas este ano. No entanto, os mercados começam a antecipar que a aceleração da inflação leve a Fed a subir um total de quatro vezes a federal funds rate em 2018.

Trump e as cimeiras

A cimeira dos sete países mais ricos do mundo, os G7, decorreu este fim de semana no Quebeque e não serviu para desmitificar a noção que grupo é atualmente um G6+1, com os Estados Unidos fora de sintonia com os outros devido à guerra comercial. As relações entre os EUA e o vizinho Canadá raramente estiveram tão frias, após Donald Trump ter acusado Justin Trudeau, o primeiro-ministro canadiano, de ser “muito deshonesto e fraco”.  A Alemanha e a França também estiveram envolvidas nas hostilidades, ao criticar a decisão de Trump de retirar apoio ao comunicado conjunto divulgado no sábado.

Se as relações do presidente norte-americano com os parceiros no G7 estão a retroceder, na frente geopolítica com a Coreia do Norte esta semana irá trazer novidades. Trump vai reunir esta terça-feira em Singapura com Kim Jong Un, numa cimeira inédita. A discussão deverá centrar-se no desmantelamento do arsenal nuclear de Pyongyang. É pouco provável que o líder norte-coreano esteja disposto a conceder e fazer um ‘desmantelamento completo, verificável e irreversível’ (CVID), portanto o foco via estar no que Kim Jong Un vai propor e na reação de Donald Trump.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.