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Topo da agenda: o que não pode perder na economia e nos mercados esta semana

É quase certo que o BCE irá anunciar medidas de estímulo esta quinta-feira, mas há dúvidas sobre quais e quantas. A sinalização dessa postura mais acomodatícia nos últimos meses tem levado a quedas nos juros das obrigações soberanas da zona euro, algo que o IGCP vai tentar aproveitar novamente num leilão de dívida a 10 e 15 anos. A dívida portuguesa vai continuar em foco até final da semana, pois a S&P deverá divulgar avaliação do ‘rating’ na sexta-feira.
  • BCE
9 Setembro 2019, 07h45

Reunião do BCE centra todas as atenções

Será o acto final do mandato de Mario Draghi e as expetativas dificilmente poderiam estar mais elevadas. A reunião de política monetária do Banco Central Europeu esta quinta-feira deverá trazer a concretização da viragem de rumo que vem sendo anunciada há vários meses pelo italiano e pelos colegas no Conselho de Governo. A grande dúvida é se Draghi irá anunciar um leque alargado de medidas ou apenas algumas iniciais.

A guerra comercial, o abrandamento da economia global e a casmurra inflação de baixa altitude na zona euro vão obrigar o BCE a regressar aos estímulos precisamente quando estava no processo de os colocar na gaveta. Em junho, Draghi sinalizou isso em Sintra e no reunião de julho explicou que as taxas de juro podem descer, que o BCE está pronto para manter uma postura acomodatícia durante um longo período, e que pediu aos comités para analisarem um potencial relançamento do programa de compra líquida de ativos, formas de reforçar o forward guidance sobre taxas e medidas de mitigação, como o desenho de um sistema de para a remuneração das reservas.

As minutas dessa reunião acabariam por revelar que o BCE estaria a pensar em aplicar essas medidas ao mesmo tempo, como um pacote, e não em sequência. Essa relevação aumentou as expetativas dos mercados sobre um grande anúncio em setembro. No entanto, declarações recentes de membros do Conselho esfriaram um bocado os ânimos, levando até um selloff de obrigações, com alguns a dizer que não é necessário lançar um pacote alargado e outros até a questionarem a necessidade de relançar a compra líquida de ativos.

Tesouro vai ao mercado vender dívida a 10 e 15 anos para aproveitar taxas baixas

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – vai realizar na quarta-feira dois leilões de Obrigações do Tesouro, com maturidade em 15 de junho de 2029 e 18 de abril de 2034, com um montante indicativo global entre mil milhões de euros 1.250 milhões de euros.

A agência liderada por Cristina Casalinho quer aproveita assim o momento positivo que a dívida soberana atravessa, em termos de custos de financiamento. Nas últimas semanas, os juros da dívida portuguesa a dez anos transacionada no mercado secundário (entre investidores) têm vindo a descer para valores muito próximos de 0%, mas ainda positivos – o que atrai investidores, já que outros títulos, como os alemães, têm rendimento negativo.

Como salientou o próprio ministro das Finanças há uma semana, em entrevista à RTP, os juros nacionais chegaram a estar mais baixos do que os de Espanha- algo pouco comum em termos históricos. Esta sexta-feira os juros portugueses a dez anos estavam em 0,19% no mercado secundário, quando os espanhóis se situavam em 0,17%, segundo dados da Bloomberg.

S&P avalia rating de Portugal

A dívida soberana portuguesa deverá estar em destaque até ao final da semana, pois a Standard & Poor’s poderá na sexta-feira rever a notação da República. Em março desta ano, a agência subiu a notação portuguesa para o segundo grau de investimento (BBB), e a perspetiva passou de ‘positiva’ para ‘estável’. A agência norte-americana sublinhou nessa altura que Portugal deverá continuar a registar excedentes orçamentais nos próximos três anos e manter uma trajetória de redução do rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto.

A última agência a analisar o rating de Portugal foi a Moody’s que a 9 de agosto, manteve a notação da dívida soberana portuguesa em ‘Baa3’, mas subiu a perspetiva de ‘estável’ para ‘positiva’, citando a queda contínua e mais celére do que esperado do peso da dívida pública e a possibilidade de mais melhorias na saúde do setor bancário do país. Nessa altura, o ministro das Finanças, Mário Centeno disse que espera “nos próximos meses, nas próximas avaliações, novos movimentos de melhoria da classificação da dívida”.

Brexit: Boris e parlamento vão continuar em disputa

Derrotas no parlamento, deserções no governo e mais manifestações nas ruas. A semana passada foi atribulada para Boris Johnson, mas o polémico primeiro-ministro britânico não desistiu. Segundo Dominic Raab, ministro dos Negócios estrangeiros, Johnson “vai testar até limite” a força da lei aprovada pelo parlamento (e com votos de 21 deputados conservadores) que obriga o governo a pedir um adiamento do Brexit além do prazo atual de 31 de outubro caso o Reino Unido não conseguir uma saída sem acordo até essa data.

 

 

 

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