[weglot_switcher]

Topo da agenda: o que não pode perder na economia e nos mercados esta semana

O Eurogrupo liderado por Mário Centeno vai procurar o consenso que faltou no Conselho Europeu. No petróleo, o mercado também aguarda um acordo na OPEP+, mas apesar do pré-anúncio de Trump, não há certezas sobre se uma reunião irá ocorrer esta semana. Nos EUA, o foco vai estar nos números do desemprego após dois recordes consecutivos.
  • Flickr/MATT WRITTLE
6 Abril 2020, 08h10

Eurogrupo de Centeno tenta atingir consenso 

A agenda oficial da reunião do Eurogrupo desta terça-feira por enquanto é vaga – follow-up da reunião do Conselho Europeu de 26 de março. A braços com uma repentina viragem as perspetivas económicas, o grupo de ministros das finanças liderado por Mário Centeno não irá, no entanto, sentir falta de matéria para debate.

A reunião dos líderes europeus em março acabou por mostrar as divisões entre vários membros, com António Costa a qualificar como “repugnantes” as declarações do ministro das Finanças holandês , Wopke Hoekstra, que defendera que a Comissão Europeia devia investigar países como Espanha por não terem acumulado uma almofada que lhe permitisse enfrentar a crise provocada pelo novo coronavírus. Seis países (além de Portugal, Espanha e Itália) defenderam a necessidade de emitir eurobonds, ou ‘coronabonds’ como têm sido apelidados . Quatro países defendem uma linha mais dura, sem emissão de eurobonds: Alemanha, Países Baixos, Aústria e Finlândia.

Desde que os líderes europeus passaram a discussão para o Eurogrupo, o tema dos ‘coronabonds’ tem sido motivo de debate aceso, mas a falta de consenso deverá adiar a opção de uma emissão comum. Centeno defendeu, em entrevista ao jornal alemão Süddeutsche Zeitun que é preciso que a Europa se concentre nas medidas em que há consenso, propondo um adiamento do debate sobre os coronabonds para depois da crise. Ao espanhol El País, o líder do Eurogrupo apontando para a proposta francesa de criação de um fundo europeu destinado a alavancar a recuperação económica como um “ponto intermédio” entre as emissões nacionais de dívida e as eurobonds, reconhecendo que essa é uma solução “onde existe margem de manobra”.  Os ministros das finanças deverão apresentar ainda detalhes sobre os mecanismos da linha de crédito condicional do Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Expectativa sobre (eventual) reunião da OPEP+

Anúncio, desmentido, adiamento, confusão. Donald Trump anunciou na quinta feira que a Rússia e a Arábia Saudita deverão chegar a um acordo para cortar a produção de petróleo entre 10 milhões e 15 milhões de barris por dia, levando os preços a disparar.  No dia seguinte, enquanto se especulava sobre uma eventual reunião da OPEP+ esta segunda-feira, o Kremlin desmentiu a possibilidade de um e culpou os sauditas pela quedas do preços este ano. Os sauditas culparam a Rússia.

Num passo conciliatório, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Pesko, afirmou este domingo que Vladimir Putin e a Rússia “querem participar em negociações construtivas, que são a única forma estabilizar o mercado internacional de energia”. No sábado, as agências noticiosas internacionais indicavam que a reunião terá sido adiada para quinta-feira, dia 9 de abril. Sem confirmação oficial sobre encontro, o mercado do petróleo vai abrir a semana em expectativa.

Ações da NOS e Sonae reagem ao arresto

A Sonaecom, controlada pela Sonae,  anunciou no sábado à noite, que o Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa procedeu ao arresto preventivo de 26,075% do capital da NOS, na sequência da publicação de notícias sobre esquemas alegadamente fraudulentos que envolvem a empresária angolana Isabel dos Santos.

O arresto incide sobre metade da participação detida na operadora pela Zopt (holding dividida pela Sonaecom e por empresas controladas por Isabel dos Santos), na medida em que as ações arrestadas ficaram privadas do direito de voto e do direito a receber dividendos, os quais deverão ser depositados na Caixa Geral de Depósitos à ordem do tribunal.

A Sonaecom afirmou que “não pode conformar-se com uma decisão que, ao violar a regra básica de que uma sociedade anónima (neste caso a Zopt) não responde pelas dívidas dos seus acionistas, prejudica gravemente os interesses da Zopt e da Sonaecom, totalmente alheias ao processo judicial em causa, e é passível de afetar o regular funcionamento da assembleia geral da NOS, uma das mais importantes sociedades cotadas do mercado de capitais português”. A Sonaecom é controlada pela Sonae.

A decisão tomada em março pelo juiz Carlos Alexandre também implicou o arresto das participações de Isabel dos Santos na Efacec e no Eurobic, estando a decorrer outro processo na justiça holandesa para proceder ao arresto das ações na Esperaza, holding detida pela filha do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos e pela Sonangol, e que é uma das principais acionistas da Galp Energia.

Foco no (assustador) gráfico dos pedidos de desemprego nos EUA

“Mais uma vez, os pedidos iniciais de subsidio desemprego serão o principal indicador para os mercados”, referiu James Knightly, chief international economist do ING. “Medidas de contenção para tentar impedir a propagação da Covid-19 estão a estender país fora, com 75% da população agora sob ordens de ficar em casa”.

“O resultado é que cada vez mais empresas estão a fechar as portas e despedir funcionáriose e esperamos outra leitura em torno de três milhões de pedidos esta semana”, adiantou.

Em duas semanas, um total de 10 milhões de norte-americanos pediram ajudas depois de terem ficado desempregados devido à crise gerada pelo coronavírus Covid-19. O gráfico da evolução dos initial jobless claims, ou pedidos iniciais de subsidios de desemprego, é assustador, de 282 mil pedidos na semana que terminou a 14 de março, disparou para 3,28 milhões na semana seguinte e para 6,65 milhões na semana que acabou a 28 de março.


Fonte: tradingeconomics.com

 

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.