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Trabalhadores da Lusa reúnem-se com partidos para contestar cortes

Ministério das Finanças impõe cortes no orçamento para este ano, que vão impedir o reforço do quadro de pessoal.
  • Agência Lusa
16 Junho 2017, 09h10

A comissão de trabalhadores da agência Lusa vai pedir reuniões aos grupos parlamentares para alertar para as consequências dos cortes que o governo está a impor no orçamento da empresa e quer agendar um plenário para a próxima semana.

O Estado – maior acionista da Lusa, com uma participação de 50,1% – aprovou o orçamento e o plano de atividades da empresa, mas o seu representante condicionou essa aprovação à inscrição de uma “despesa inferior à orçamentada em duas rubricas relacionadas com o pessoal, a menos que a empresa conseguisse aumentar as receitas próprias a um nível muito pouco provável de alcançar, tendo em conta o contexto do mercado”, refere a comissão de trabalhadores em comunicado, citando a presidente do conselho de administração da Lusa, Teresa Marques.

A comissão de trabalhadores reuniu-se, entretanto, com o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, que confirmou as restrições impostas ao orçamento da empresa para 2017, referindo que estas se aplicam a toda a administração pública e tem de ser cumpridas, “sob pena de o país cair num novo resgate”, segundo a citação que lhe é atribuída num comunicado interno da comissão de trabalhadores, a que o Jornal Económico teve acesso.

Em consequência da decisão tomada pelo Estado, Teresa Marques já informou que não será possível contratar correspondentes, conforme estava previsto, devido às limitações impostas.

A Direção de Informação reagiu aos cortes anunciados, afirmando-se surpreendida, já que tanto o orçamento como o plano de actividades tinham sido aprovados “pela tutela setorial”, ou seja, o Ministério da Cultura, mas acabaram por ser chumbados pelo Ministério das Finanças.

Em comunicado, a Direção de Informação diz que está à espera que a administração calcule “o real impacto destes cortes na atividade prevista para este ano, de forma a poder tirar conclusões sobre o que poderá fazer em termos de reforço da redação e das redes nacional e internacional”.

No entanto, questionado pelo conselho de redacção da Lusa, o director de Informação, Pedro Camacho, afirmou que, devido aos cortes, “não ficaram criadas condições para fazer a expansão da Lusa preconizada há dois anos pelo Governo”.

Acrescentou ter dúvidas que seja possível “reforçar com novos jornalistas quer a redação quer as redes nacional e internacional”.

A Lusa mais do que duplicou o lucro no ano passado, para 2,13 milhões de euros, tendo beneficiado do recurso ao Programa Especial de Redução do Endividamento do Estado (PERES).

O orçamento da Lusa foi de cerca de 15,3 milhões de euros no ano passado e com os cortes deverá ficar, este ano, abaixo deste valor. O orçamento de gastos com fornecimentos e serviços externos foi de 4,260 milhões de euros, mas o Estado impôs o teto máximo de 4,01 milhões, enquanto para gastos com pessoal estavam destinados 10,416 milhões de euros, mas a execução terá de ficar nos 10,176 milhões de euros.

Além do Estado, a Lusa tem como accionistas a Global Média (que tem o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e a TSF, entre outros meios), com uma participação de 23,36%, a Impresa (dona da estação de televisão SIC e do jornal Expresso, entre outros meios), com 22,35%, e outros accionistas, com participações inferiores a 1%.

O Jornal Económico tentou contactar a presidente da Lusa e responsáveis dos ministérios das Finanças e da Cultura, mas não obteve respostas.

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