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Três homens detidos na Bélgica por participação no genocídio de 1994 no Ruanda

O porta voz do Ministério Público Federal disse que “foram detidas duas pessoas na terça-feira em Bruxelas e um na quarta-feira na província de Hainaut, em dois casos diferentes, mas muito semelhantes e todos os três acusados de ‘graves violações do direito humanitário’”.
3 Outubro 2020, 16h35

Foram detidos três homens suspeitos de participar no genocídio no Ruanda, em 1994, e acusados esta semana na Bélgica, adiantou a procuradoria federal belga à agência de notícias AFP.

“Dois foram detidos na terça-feira em Bruxelas e um na quarta-feira na província de Hainaut, em dois casos diferentes, mas muito semelhantes e todos os três acusados de ‘graves violações do direito humanitário’”, disse Eric Van Duyse, porta-voz do Ministério Público Federal.

Um dos três foi posteriormente colocado sob vigilância eletrónica e os outros dois ficaram detidos.

A identidade dos três homens não foi revelada pelas autoridades.

O possível encaminhamento desses suspeitos para um tribunal da Bélgica “será determinado em última instância com base no processo apresentado pelo juiz de instrução e pela procuradoria”, segundo Van Duyse.

Os massacres realizados ao serem instigados pelo regime extremista hutu, no poder em Ruanda naquela altura, deixaram cerca de 800.000 mortos entre abril e julho de 1994, principalmente entre a minoria tutsi, mas também entre Hutus moderados, segundo a ONU.

Na Bélgica, cinco julgamentos já ocorreram desde 2001, levando a nove condenações, em conexão com o genocídio de Ruanda.

Em 2001, quatro ruandeses, originários da região de Butare (sul), incluindo duas freiras beneditinas, acusadas de terem entregado a milicianos hutu vários milhares de refugiados que estavam seu convento, foram condenados a penas de 12 a 20 anos de prisão.

Este julgamento foi o primeiro do mundo numa justiça civil nacional fora de Ruanda.

Duas personalidades ruandesas foram então condenadas em 2005 pelos tribunais belgas, nomeadamente em 2007 um ex-major e em 2009 um ruandês apelidado de “banqueiro do genocídio”, que foi condenado a 30 anos de prisão.

Em dezembro de 2019, em Bruxelas, Fabien Neretsé, um ex-alto funcionário ruandês, foi condenado pelo crime de genocídio pela primeira vez na Bélgica.

A sentença a 25 anos de prisão foi decretada em maio, com a rejeição do seu último recurso na justiça.

O julgamento de dois outros suspeitos, cujos casos foram separados do de Neretsé, estão em preparação.

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