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Trump acusa Merkel de estar “a enriquecer a Rússia”

O presidente dos Estados Unidos resolveu incendiar a cimeira da NATO, desta vez tendo como alvo a Alemanha e os seus negócios com a Rússia na área das energias.
  • Kevin Lamarque/REUTERS
11 Julho 2018, 20h32

Donald Trump não demorou para elevar a temperatura da cimeira da NATO, em Bruxelas: criticou duramente a Alemanha, acusando Berlim de pedir proteção contra a Rússia enquanto comprava “bilhões de dólares” em gás e petróleo.

“Se devemos protegê-los da Rússia, por que estão vocês a pagar biliões de dólares à Rússia pela energia? Por que razão os países da NATO, em particular a Alemanha, têm tantos acordos de compra de energia com a Rússia? A Alemanha é cativa da Rússia e “estão a enriquecê-la”, disse o presidente dos Estados Unidos, que na próxima segunda-feira se reunirá em Helsinquia (Finlândia) com o presidente russo Vladimir Putin.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, respondeu que a questão energética sempre foi considerada à parte da NATO: mesmo nos piores tempos da Guerra Fria, os parceiros da organização tinham relações comerciais com a Rússia.

Trump respondeu que é a favor do comércio, mas que “a energia é um assunto completamente diferente”, porque possibilita uma relação de dependência entre fornecedor e comprador. “A Polónia não aceita gás russo porque não quer ser cativo”, disse.

O presidente dos EUA mencionou especificamente os gasodutos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha, e que estão em plena fase de expansão: ” o ex-chanceler alemão [em referência a Gerhard Schröder, do SPD] é o líder da empresa de gasodutos que vai fornecer o gás; em última análise, a Alemanha terá quase 70% do país controlado pela Rússia com gás natural, diga-me: isso é apropriado? […] Temos que conversar com a Alemanha sobre isso”.

E acrescentou que Berlim gasta “pouco mais de 1%” na defesa, enquanto os Estados Unidos investem 4,2%.

A chanceler alemã foi forçada a responder a Trump à chegada à sede da NATO, observando que ela viveu em um país dominado pela União Soviética, a Alemanha Oriental e que, “dadas as circunstâncias, gostaria de enfatizar uma coisa: é bom que agora sejamos independentes”, disse.

Sobre os gastos com a defesa, Merkel lembrou que a Alemanha é o segundo país que mais contribui para a NATO e que continuará a aumentar os seus investimentos militares nos próximos anos. De acordo com seus cálculos, até 2028 e relativamente a 2014, o orçamento de defesa terá aumentado em 28%.

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