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De Trump ao Brexit: o que vai influenciar os mercados em 2017

A Orey Financial define um cenário mais calmo nos mercados este ano, mas não faltam fatores de incerteza na equação.
  • John Gress/Reuters
19 Janeiro 2017, 16h22

Depois de o ano passado ter sido marcado por eventos internacionais “disruptivos muitíssimo fortes” como o referendo britânico, as eleições para a Casa Branca ou a crise dos refugiados, 2017 poderá ser mais calmo. No entanto, há riscos e eventos que é necessário acompanhar, segundo as previsões da Orey Financial para este ano.

Recuos e avanços até o Brexit ser efetivado poderão ainda influenciar os mercados, mas apesar de toda a incerteza que a saída do Reino Unido da União Europeia tem gerado, a Orey acredita que o processo de Brexit se irá desenrolar sem afetar de forma significativa Portugal. “Vamos passar por ele com relativa tranquilidade”, afirmou o gestor de ativos José Lagarto.

A nível europeu, o cenário que a financeira delineia para este ano é de “aumento da inflação” associado à “estabilização dos preços da energia”, enquanto o crescimento económico será possível com uma maior eficiência das empresas e cortes nos custos. A Orey Financial destaca ainda a possível volatilidade gerado principalmente pelas eleições alemãs em setembro, mas também na Holanda, França e Noruega.

A política monetária expansionista do BCE deverá manter-se este ano, prevê a financeira, no mesmo dia em que o banco central deu aso à continuação do programa de estímulos à economia. O BCE anunciou que continuará a comprar ativos ao ritmo atual até final de março e abrandar para 60 mil milhões euros “até ao final de dezembro de 2017, ou até mais tarde, se necessário”.

Fora da Europa, há outros fatores que inegavelmente vão ter impacto a nível global, começando pelo Presidente-eleito dos EUA. “O que vamos ter que acompanhar este ano de 2017 é, na nossa opinião, a execução das políticas de Donald Trump, que tem vindo a anunciar políticas protecionistas fiscais que apontam para uma subida da taxa de juro e é isso que vamos acompanhar”, explicou Lagarto. Também dos EUA, serão de esperar três subidas da taxa de juro por parte da Fed, divididas ao longo do ano.

“Com o fim da idade do gelo das taxas de juro em 2017, num cenário onde a incerteza permanece como denominador comum, com taxas de crescimento económico modestas, expetativas de uma política orçamental neutral na Europa, uma política fiscal expansiva e normalização da política monetária nos EUA, um portfolio diversificado poderá permitir reduzir os níveis de risco e oferecer retorno”, referiu o gestor de ativos.

No entanto, há vários fatores que se podem alterar. Desde logo, a possibilidade de o Brexit não ser tão pacífico como a Orey o concebe, o que pode aumentar a volatilidade da libra. Por outro lado, o comportamento dos bancos centrais também se pode alterar. “A saída [europeia] do modo expansionista seria uma surpresa”, mas “a grande incógnita é a Fed”. A crise migratória, a emergência de partidos anti-europeístas, o conflito sírio, ou a “intensificação das fragilidades do setor bancário” são outros dos problemas que podem agitar o cenário.

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