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Trump exige que União Europeia rompa laços com Maduro

Duke Buchan III pressionou, a pedido de Trump, José Borrell a reconhecer o novo presidente interino da Venezuela. Pedro Sánchez já anunciou que vai reconhecer Guaidó no dia 4 de fevereiro.
  • Jim Bourg/REUTERS
1 Fevereiro 2019, 11h28

A administração norte-americana, liderada por Donald Trump, está a pressionar o governo espanhol e a União Europeia a romper qualquer laço e comunicação que ainda tenham com Nicolás Maduro. Embora nunca tenha revelado de quem se tratava, José Borrell, ministro dos Assuntos Exteriores espanhol, admitiu que “temos muita pressão, não vou dizer de quem, mas podem imaginar, para que votemos contra a criação deste grupo”, referindo-se ao grupo da União Europeia criado para dialogar com a Venezuela.

Na tarde de 23 de janeiro, dias depois de Maduro anunciar que ia continuar no poder, o telefone da Embaixada dos Estados Unidos da América em Madrid tocou: “É provável que Guaidó se auto-proclame presidente hoje e nós vamos reconhecê-lo”. Mike Pence, vice-presidente dos EUA, que esteve reunido na semana anterior com Guaidó, apenas mostrou público o seu apoio no dia em que a chamada chegou a Madrid, embora a imprensa norte-americana estime que a reunião terá servido para o líder político angariar apoios.

A confirmação da subida ao poder foi dada umas horas depois, quando Guaidó prestou o juramento durante uma manifestação que reuniu milhares de pessoas nas ruas de Caracas. Menos de 15 minutos depois, através do Twitter, Donald Trump reconhecia o novo presidente como oficial. Seguiram-se os países latinos da América do Sul, com exceção do México.

Quando a notícia da reeleição de Maduro chegou a 10 de janeiro, José Borrell, ministro dos Assuntos Externos espanhol, estava em Washington. Desta vez, a 23 de janeiro, Borrell estava reunido em Madrid com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva. A notícia da auto-proclamação de Guaidó apanhou os dois desprevenidos, enquanto discutiam a implementação de um grupo de contacto internacional, que era para ser criada em outubro mas a UE nunca avançou.

A ideia original para este grupo era que diversos países europeus e da América Latina atuassem como facilitadores para restaurar os canais cortados do diálogo entre o regime de Maduro e a oposição. Ainda que os dois chefes de diplomacia reagissem com cautela por existirem espanhóis e portugueses na Venezuela, apelaram à necessidade de salvaguardar a União Europeia como uma união. Entretanto, o português Santos Silva já afirmou que Portugal reconhece Guaidó como o novo presidente da Venezuela.

Pedro Sánchez, presidente do governo espanhol, afirmou que não iria reconhecer Guaidó por pressão de outros países. O Ministério dos Assuntos Exteriores espanhóis afirmou que receava as consequências imprevisíveis em dar um passo sem precedentes.

O representante de Trump em Madrid, Duke Buchan III, reforçou, em uma reunião a 24 de janeiro com Borrell, a importância de Espanha e Portugal, na crise da Venezuela, pela sua capacidade de arrastar o resto da União Europeia em reconhecer Guaidó. O objetivo da reunião era simples: que Espanha cortasse a comunicação com o governo de Nicolás Maduro e reconhecesse, de imediato, Juan Guaidó como presidente legítimo. No dia seguinte, Borrell anunciou perante o Conselho de Ministros que Espanha ia reconhecer Guaidó em um “prazo razoavelmente curto”, embora não especificasse data.

Dia 26, no Fórum Económico Mundial de Davos, Sánchez falou, pela primeira vez, publicamente sobre a crise venezuelana com o presidente da Colômbia, Ivan Duque, do Equador, Lenin Moreno e da Costa Rica, Carlos Alvarado, que já tinham reconhecido o político como o novo líder venezuelano.

No entanto, no último dia de janeiro, o ministro dos Assuntos Externos anunciou que Espanha vai reconhecer Guaidó, na próxima segunda-feira, 4 de fevereiro, e que a União Europeia deu luz verde para a criação do grupo de contacto, ainda que com um objetivo limitado: propiciar eleições na Venezuela com um prazo de 90 dias. “O tempo corre contra a democracia na Venezuela” informou o embaixador americano em Madrid, num artigo publicado no jornal El Mundo, quando Sánchez anunciou a decisão de apoiar Juan Guaidó.

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