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“Trump tem sido um desastre económico”, defende Joseph Stiglitz

Em entrevista ao El País, o Nobel de 77 anos lembrou a falta de qualidade nos gastos do governo dos EUA, o único país desenvolvido “a não reconhecer cuidados de saúde como um direito básico”, que se traduz numa desigualdade gritante, como espelha o facto de Warren Buffet “pagar uma taxa mais baixa do que a sua secretária”.
  • Cristina Bernardo
20 Outubro 2020, 13h01

Joseph Stiglitz, economista e Nobel da economia em 2001, manifestou a sua reprovação ao mandato do presidente Trump, a quem chama de “desastre económico”. Numa entrevista ao El País, o antigo economista-chefe do Banco Mundial lembra as políticas de desinvestimento em setores chave para os EUA e pede uma reversão da trajetória, sob pena de se iniciar nesta era “o início do declínio americano”.

Stiglitz argumenta que os ataques à ciência, tecnologia e educação nos EUA minam a posição dominante do país no panorama mundial, o que, aliado à saída de vários acordos internacionais, poderá resultar no declínio da influência norte-americana no mundo.

Além disso, a incapacidade do país de abordar as questões de desigualdade gera problemas sociais, mas também económicos. O antigo conselheiro da administração Clinton lembra que a reforma fiscal de 2017, que baixou impostos para empresas e multimilionários para subir os da classe média americana, leva a “défices recorde” e nem funciona bem em situações de crescimento “anémico” como o que se vivia à altura, com taxas de crescimento de 2%, já que o que as empresas ganham pela redução fiscal é distribuído em dividendos, em vez de ser reaplicado.

Como tal, a proposta de Joe Biden de reverter a reforma fiscal de Trump e subir impostos para quem ganha mais, apesar de incomum, parece uma “boa política económica” a Stiglitz, que pede também mais medidas para as indústrias americanas vítimas da globalização e um foco mais alargado na questão chinesa do que meramente a balança comercial. Quanto à recuperação da economia dos EUA, o economista manifestou ao El País a sua preocupação e pessimismo, não excluindo um cenário igual ao da Grande Depressão.

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