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Trump terá sugerido enviar doentes com de Covid-19 para Guantánamo

Em fevereiro, quando surgiram os primeiros casos de infeção nos Estados Unidos, o então presidente norte-americano terá sugerido à administração que enviasse para Guantanamo estes doentes para cumprirem o período de quarentena.
21 Junho 2021, 15h59

O ex-presidente dos Estados Unidos terá determinado enviar os primeiros doentes com Covid-19 para Guantánamo, em Cuba, como medida preventiva de propagação do vírus no país. A informação, avançada esta segunda-feira, pelo jornal “Washington Post” (WP) deverá constar no próximo livro que descreve a administração de Donald Trump e as suas medidas controversas de combate à pandemia.

A publicação, da autoria de dois jornalistas do WP (Yasmeen Abutaleb e Damian Paletta) tem como título “Cenário de pesadelo: por dentro da resposta da administração Trump à pandemia que mudou a história” (“Nightmare Scenario: Inside the Trump Administration’s Response to the Pandemic That Changed History”, em inglês) conta como em fevereiro, altura em que se registaram os primeiros infetados no país, Trump colocou em cima da mesa a possibilidade destes fazerem quarentena na base caribenha, onde os EUA também mantêm suspeitos de terrorismo na infame prisão da Baía de Guantánamo.

“Não somos proprietários de alguma ilha? Porque não Guantánamo? Importamos bens, não vamos importar um vírus”, disse o ex-Presidente, durante uma reunião na sala de crise da Casa Branca, com assessores e responsáveis.

O jornal conta como os funcionários da Casa Branca reagiram com surpresa à sugestão e como, ainda assim, o então presidente sugeriu uma vez mais a ideia antes dos mais altos responsáveis terem descartado a ideia justificado que seria mal interpretado sugerir que os norte-americanos cumprissem um período de quarentena perto daquela prisão.

Além da sugestão de quarentena em Guantánamo, o excerto do livro publicado pelo jornal norte-americano relata algumas das queixas de Trump relativamente aos testes. “Os testes estão a matar-se”, terá exclamado durante um telefonema, em março, para o então secretário de Saúde e Serviços Humanos Alex Azar, reclamando: “Vou perder a eleição por causa dos testes.”

A administração Trump foi amplamente criticada devido à sua fraca resposta à pandemia da Covid-19, tendo decidido minimizar a gravidade do vírus e desafiar as medidas de segurança pública, como uso de máscara e distanciamento social. Recorde-se que em outubro, Donald Trump foi internado na unidade de cuidados intensivos depois de ter testado positivo à  Covid-19. Três dias depois de ter dado entrada no Hospital Militar Walter Reed e ter necessitado de ajuda médica para regular os níveis de oxigénio, Donald Trump voltou à Casa Branca com uma mensagem para os norte-americanos: “Não tenham medo da Covid. Não a deixem dominar a vossa vida. Vamos vencê-la”.

O livro — que é baseado em entrevistas com cerca de 180 pessoas, incluindo altos funcionários da Casa Branca e líderes de saúde do governo —  está previsto para ser publicado em 29 de junho nos Estados Unidos.

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