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Trump veda telecoms norte-americanas e coloca Huawei na lista negra

Decisão de Trump pode condicionar o decorrer das negociações comerciais entre Washington e Pequim e também arrisca a prejudicar telecoms de todo o mundo. A Huawei fornece dezenas de operadoras em todo o mundo, incluindo em Portugal.
16 Maio 2019, 13h24

A partir desta quinta-feira, 16 de maio, as empresas norte-americanas que queiram vender a sua tecnologia a empresas chinesas, sobretudo à Huawei, terão de obter uma licença, de acordo com uma nova ordem executiva da administração de Donald Trump. A medida, que impacta diretamente no setor das telecomunicações norte-americanao, pode vedar o acesso da Huawei aos semicondutores fabricados nos Estados Unidos, cruciais para a produção dos seus equipamentos, avança a BBC.

O presidente norte-americano, Donald Trump, declarou mesmo uma “emergência nacional” face às ameaças contra as telecomunicações dos EUA, uma decisão que autoriza o Departamento de Comércio a “proibir transações que colocam um risco inaceitável” à segurança nacional.

A Casa Branca e o Departamento de Comércio dos EUA proibiram ainda as empresas dos EUA de usar qualquer equipamento de telecomunicações fabricado pela Huawei, com esta gigante chinesa a entrar diretamente para a chamada Lista de Entidades do Departamento de Comércio que implica que as empresas dos EUA tenham de requerer licença para negociar com a Huawei.

Entretanto, um porta-voz da empresa disse que os Estados Unidos vão ficar para trás no desenvolvimento do 5G e que este tipo de proibições poderão levantar “questões legais graves”. “A Huawei é líder incontestável no 5G. Estamos prontos e dispostos a envolver-nos com o governo dos EUA e a propor medidas eficazes para garantir a segurança do produto”, disse o porta-voz da empresa em declarações à CNBC.

Em comunicado, a empresa já veio garantir que está pronta para trabalhar com o Governo dos EUA visando adotar medidas que garantam a segurança dos seus produtos.

A decisão de Trump pode condicionar o decorrer das negociações comerciais entre Washington e Pequim e também tem tudo para prejudicar telecoms de todo o mundo. A Huawei fornece dezenas de operadoras em todo o mundo, incluindo em Portugal.

Em dezembro de 2018, durante a visita a Lisboa do presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a portuguesa Altice e a empresa chinesa um acordo para o desenvolvimento da próxima geração da rede móvel no mercado português.

Ainda assim, Washington tem pressionado vários países, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes de quinta geração (5G), a Internet do futuro, acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de informação chineses. Austrália, Nova Zelândia e Japão já se colocaram ao lado da Casa Branca e restringiram a participação da Huawei nas suas infraestruturas de telecomunicações.

Pequim e Washington travam há um ano uma guerra comercial que se agravou na última semana, com os governos das duas maiores economias do mundo a imporem taxas alfandegárias adicionais sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.

No cerne das disputas está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Washington vê aquele plano como uma ameaça ao seu domínio industrial e considera uma violação dos compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

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