[weglot_switcher]

Trump volta à carga: quer países europeus a gastar mais dinheiro na NATO

A próxima cimeira da organização é em 11 e 12 de julho e o presidente norte-americano regressa à mesma agenda que praticamente bloqueou a cimeira anterior, organizada em maio do ano passado.
3 Julho 2018, 11h06

Com a próxima cimeira da NATO agendada para 11 e 12 de junho, em Bruxelas, o presidente norte-americano, Donald Trump, voltou à agenda que, no que respeita a esta organização, já era conhecida: aquilo a que chama a falta de comprometimento financeiro por parte dos países europeus em particular e de todos em geral menos os próprios Estados Unidos.

Assim, segundo o jornal ‘The New York Times’, escreveu uma carta aos seus parceiros, Portugal incluído, em que os incita a gastarem mais dinheiro na organização. Já na cimeira anterior, a primeira em que Trump esteve presente, o debate parece ter-se resumido a questões de financiamento – o que, na altura, indispôs os líderes dos países europeus que estiveram presentes.

Sobre estratégia conjunta – nomeadamente no que tinha a ver com a posição da NATO face às tentações expansionistas da Rússia – as conclusões foram na altura, em maio do ano passado, consideradas muito pobres.

Trump, ainda segundo o mesmo jornal, recorda o compromisso alcançado em 2014, na cimeira do País de Gales, em que os Estados concordaram estabelecer uma meta de 2% do PIB em gastos com a Defesa, a alcançar até 2024.

Mas tudo isso foi há muitos anos: de então para cá, e apesar de todos os desmentidos, a NATO perdeu força e os países da União Europeia decidiram iniciar o investimento num corpo militar próprio e federal, que a chanceler ANgela Merkel resumiu quando, pouco depois da cimeira da NATO de maio de 2017, dizia que “a Europa só pode contar consigo própria” em termos de Defesa.

Quando os 28 avançaram com a ideia de um exército europeu – que pudesse contar com uma espécie de central de compras que tornasse menos dispendioso o investimento, os países do agregado que são ao mesmo tempo membros da NATO preocuparam-se em afirmar que a questão do exército europeu não colocaria em causa os investimentos na NATO. Mas todos sabem que isso é impossível: esses países não podem estar a dispersar investimentos em duas estruturas militares.

Seja como for, Trump considera que, se os países europeus não atingirem o objetivo dos 2%, é a própria NATO que fica colocada em causa. O que, para os muitos críticos da organização – que a consideram um anacronismo dos tempos da Guerra Fria – era capaz de não ser pior.

Portugal gasta na área da defesa 1,3% do PIB e é altamente improvável que os seus parceiros na coligação parlamentar que suporta o governo – e está neste momento em negociações com vista à aprovação do Orçamento do Estado para 2019 – alguma vez estivessem de acordo em gastar mais um cêntimo na NATO. É que, tanto o PCP como o Bloco de Esquerda fazem exatamente parte do grupo de partidos europeus que consideram que a organização pura e simplesmente deve deixar de existir.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.